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segunda-feira, outubro 27, 2008

águas livres do aqueduto dos pegões altos

Caminhando se faz o caminho
Por veredas e carreiros, ora na sobra de arvoredo e até de enormes silvados, ora por ensolarados caminhos nos cabeços das áridas serranias, percorrer montes e vales ao sabor das dádivas da Natureza e lavar o espírito com o sentir das gentes locais e com a magnificência do património construído.





Na senda das águas livres podemos sempre seguir dois diferentes percursos. Ou acompanhamos os sinuosos caminhos que a água toma, traçados há milhares de anos quando cataclismos naturais deram a configuração orográfica actual ao planeta. Ou caminhamos no sentido contrário na procura da nascente, esse fio de água que no caminhar vai ganhando corpo e beleza na procura do destino que é a foz

Foi este último o caminho seguido para irmos ao encontro do aqueduto dos Pegões Altos, construído para trazer água até ao Convento de Cristo em Tomar, pelo que iniciámos o nosso caminhar na antiga Cerca do Convento, hoje Mata Nacional dos 7 Montes.





Nas sombras de variegada vegetação, enriquecida quando foram trazidas inúmeras espécies arbóreas da mística Serra de Sintra, percorremos caminhos marcados por poderosas raízes, mas que a folhame e milhares de bolotas caídas dos carrascos e azinheiras conseguem amaciar. O caminho de bolotas que significa a “via seca” dos Franciscanos.

No topo da zona ajardinada e com canteiros de flores encontramos a designada Charolinha.





A Charolinha é uma construção circular que foi buscar o seu nome às parecenças que tem com a célebre Charola do Convento de Cristo e cuja construção culmina com uma cúpula esférica, totalmente construída em pedra de cantaria. Uma pia no seu interior recebe águas trazidas nas “levadas” existentes na Mata Nacional e, muito em especial, de uma mina de água existente na sua proximidade.

Ao lado da Charolinha existe a única nascente que brota do interior da Mata e que alimenta o lago artificial onde se encontra construído o pequeno templo que tem como elementos decorativos pilastras e capitéis jónicos.





Após uma subida que contorna num plano superior o conjunto arquitectónico designado por Charolinha, chegamos a um enorme reservatório de rega cuja água é transportada pelo aqueduto dos Pegões Altos, antecedido por uma mãe-d’água que faz a separação do precioso líquido destinado ao Convento de Cristo. A este conjunto e atendendo a forma arquitectónica como se desenvolve no terreno é dado o nome de “Cadeira d’El-Rei”.





Toda a movimentação das águas dentro da Mata Nacional dos 7 Montes é feita com a utilização de uma rede de caleiras, as “levadas”, onde a água se desloca por acção da gravidade.





A saída da Mata Nacional dos 7 Montes, na zona cimeira, é feita junto a um magnífico arco de volta inteira do Aqueduto dos Pegões Altos, encimado por um coruchéu característico e muito interessante.





Atravessada a estrada de alcatrão, deixando para as costas uma magnífica vista do Convento de Cristo, e regressando às veredas traçadas entre vinhedos e olivais, sempre acompanhados dos agradáveis aromas das ervas de cheiro, entre as quais o funcho, deparamo-nos com a imagem de um lanço de aqueduto constituído por diversos arcos de volta inteira.





Uma ou duas centenas de metros mais além a visão alarga-se para todo o vale de Pegões Altos, com o imponente lanço de aqueduto constituído por 58 arcos de volta inteira, na sua parte mais elevada, sobre 16 arcos ogivais apoiados em pilares, atingindo no máximo a altura de 30 metros.





Uma mãe-d’água no início e outra no final deste lanço de aqueduto marcam a monumentalidade de um dos maiores aquedutos de Portugal, peça digna de uma atenta visita e tantas vezes esquecido pelos roteiros turísticos. Estas mães-d’água são casas abobadadas que têm no centro uma pia destinada à decantação das águas.







A “Aldeia Lar”, da Sobreda, Concelho de Almada, organizou uma caminhada a toda esta zona de encantamento, uma agradável jornada de convívio, gastronomia e cultura. Tivemos a felicidade de participar e aqui fica a nossa sentida gratidão.

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Comments:
parabens p'la iniciativa!!!
Voltem sempre!!!

FM
 
Era difícil fazer mais e melhor reportagem sobre tão excelente 'caminhada'
O grupo agradece e vai sugerir mais.
 
Para quem não foi, viu estas imagens e já ficou com pena de não ter ido, só tenho mesmo uma palavra a acrescentar...BACALHAU!
 
Caro FM
Das terras de Gualdim, Grão Mestre Templário, homem de saberes vastos... Voltaremos com certeza.
Um abraço.
 
Amigo Victor
Modesto contributo o meu para tão magnífica iniciativa, caminhada, passeio e comezaima.
Um abraço.
 
Amigo Nelson
Uma maravilha... TUDO e também as "batatas a murro" que por acaso vinham acompanhadas pelo bacalhau assado com muito alho e belo azeite (sim... porque o bacalhau quer alho!)
Um abraço.
 
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