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segunda-feira, outubro 20, 2008

os batentes “mão de fátima”

A Oficina das Ideias tem publicado, em ocasiões diversas, imagens de batentes recolhidas fotograficamente em portas que mantêm a tradição, em diferentes regiões do nosso País. Trata-se de um trabalho de pesquisa e recolha do nosso amigo/irmão/gémeo Olho de Lince.

São variadas as fontes de inspiração dos escultores/ferreiros na criação destas interessantes peças do nosso património imaterial: antropomórficas, do reino animal, no reino vegetal e do imaginário místico e fabuloso. Todas elas terão um significado que vai muito para além do que o olhar de um simples passante pode alcançar.

Um dos mais interessantes batente, na nossa modesta opinião, e que temos publicado com alguma frequência é aquele que representa uma mão e que muitos estudiosos do tema usam designar por “Mão de Fátima”, com a curiosidade de muitas vezes apresentarem um anel, nem sempre no dedo anelar. Outras vezes é simplesmente a mão lisa de qualquer adorno.



Muitos leitores da Oficina das Ideias e de outros blogues que dedicam a atenção a estas peças tão vulgares nas aldeias, e em tempos idos quando a electricidade ainda não havia chegado aos lares, em todas as localidades, se interrogam da relação existente entre a designação de “Mãos de Fátima” e o culto tão português a Nossa Senhora de Fátima, em terras da Cova da Iria.

Acontece que a existência e utilização deste tipo de batente é muito anterior à evocada “aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos”, dizem os entendidos, Nossa Senhora do Rosário, depois modificada para “de Fátima” que terá tido lugar no ano de 1917 e ainda hoje fonte de polémica quanto à sua realidade.

A mão é um símbolo fatimida, com génese em Fátima, a quinta filha de Maomé, muitas vezes com o sentido de “pare!”, donde a designação de “Mão de Fátima”, “tendo muito a ver com o “tesouro”, convidando a quem julgue possuir a “senha” para o desenterrar a pensar muito bem se está na hora de o fazer...”.

Assim acontece nas portas das casas, dos lares, o “tesouro”, em que o batente “Mão de Fátima” convida a primeiramente chamar o dono “truz! truz! Está alguém?” e somente depois entrar.



Leitura recomendada:
Sintra Serra Sagrada, de Vítor Manuel Adrião, Livros Dinapress, 2007

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Comments:
Querido amigo Víctor
Adorei este texto!
Não fazia a mínima ideia do porquê desse nome.
Imagina que eu pensava que era, ou simbolizava, uma mão mais ou menos santa pelo aspecto, não sei..
Mas que disparate. A explicação é bem mais lógica, claro!!!
Obrigada por me prestares um pouco mais de conhecimento.
Beijinhos
Mariazita
 
Blogs onde se aprende algo. O seu é um deles.
 
Querida Mariazita
Como deves calcular fico bem contente com o teu agrado e quanto aos conhecimentos é mais uma permuta pois muito vou adquirir ao teu bonito espaço.
Um beijo.
 
Amigo Alves Fernandes
Felizmente que temos a capacidade de aprender sempre uns com os outros. É esse o caminho da aprendizagem permanente que traçamos aqui na Oficina.
Um abraço.
 
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