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domingo, novembro 30, 2008

moura salúquia

lendas das terras visitadas
De medos e fantasias, de desejos e imaginação, criaram-se em tempos imemoriais estórias que a razão desconhece. No aconchego da lareira ou na árdua labuta diária, quantas vezes de sol a sol, foram percorrendo os saberes de gerações. O viajante andarilho recolhe e partilha as “lendas das terras visitadas” ouvidas às suas gentes.



Contam os mais velhos, como se de verdade se tratasse, com aquele brilho nos olhos que somente os alentejanos sabem mostrar quando se põem à conversa, que há muitos anos idos, há muitos séculos atrás, quando os mouros por aqui ainda viviam, estava a cidade à guarda de uma bela mulher de nome Salúquia, princesa das terras de Al-Manijah.

Apaixonada por Bráfama, alcaide mouro da vizinha povoação de Aroche, logo trataram de aprazar o matrimónio que decorreria na tradição da moirama e em terras da princesa Salúquia. Coincidiu a ida da comitiva do alcaide mouro para terras de Al-Manijah com o surto de conquista de D. Afonso Henriques em terras do interior do além Tejo, a cargo dos irmãos Álvaro e Pedro Rodrigues.

Da forte peleja entre mouros e cristãos resultou a morte de Bráfama, surpreendido pelas tropas de D. Afonso, o Primeiro. Os vencedores disfarçaram-se com as vestes dos mouros e assim aproximaram-se do castelo, a quem de pronto foram franqueadas as entradas na suposição de que se tratava da comitiva de Bráfama.

Uma vez dentro das muralhas os cristãos lançaram-se sobre os defensores da cidade que facilmente foram derrotados perante tamanha surpresa. Perante o logro em que caiu a princesa Salúquia e ao aperceber-se que o seu amado havia sido morto, lançou-se da torre mais alta do castelo encontrando assim a morte.

Comovidos pela história de profundo amor que terminou em tragédia os cavaleiros portugueses passaram a chamar a Al-Manijah, a terra da moura Salúquia. O efeito do tempo que passa que tudo transforma, perdendo-se muitas memórias, transformou a designação em Terra da Moura e, mais tarde, simplesmente em Moura.

Nas armas da cidade continua a figurar uma moura morta, morta de amor por certo, com a torre do castelo a servir-lhe de fundo, o fundo da estória, da lenda da Moura Salúquia.


[visitámos Moura no dia 27 de Novembro de 2008, dia de Lua Nova]


Para saber mais:
Wikipedia
Portal de Moura
e-libro.net, “A Moura”, de José Penedo de Moura

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