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terça-feira, novembro 25, 2008

o elefante

Quando eu era menino tinha um grande encantamento pelo circo que de tempos a tempos passava pela localidade em que vivia, muito em especial, pelos animais que levavam consigo, particularmente, os enormes elefantes. Ainda me recordo da alegria que sentia quando chegava o Circo Mariano.

O elefante fazia sensação pelo seu tamanho, pelo peso e força descomunal que demonstrava durante a sua actuação... Contudo, depois de actuar e enquanto não voltava à pista do circo o elefante ficava preso unicamente com uma corrente ligada a uma pequena estaca cravada no solo.

Estranhava que uma pequena estaca e uma frágil corrente mantivessem preso um animal capaz de derrubar uma frondosa árvore somente com a sua força. Qual a razão que essa força não era utilizada para arrancar a corrente e fugir?

Perguntei a muitas pessoas mas sempre me davam justificações pouco convincentes. Diziam-me muitas vezes que não fugia por estar amestrado. Mas se estava amestrado qual a razão para o prenderem? Nunca me deram uma resposta coerente e esta dúvida acabou por ficar submersa no baú das memórias.

Um dia a vida vivida deu-me a resposta a esta questão. “O elefante do circo não fugia pois havia estado preso a uma estaca semelhante desde muito jovem”. Cerrei os olhos e imaginei o pequeno elefante preso por uma corrente e um estaca. Por certo, nessa altura, o elefante esforçou-se, tentou soltar-se e não conseguiu. No dia seguinte nova tentativa sem êxito. E no dia seguinte. E no outro... A estaca era nessa época muito forte para ele.

Até que um dia, um terrível dia na sua vida, o animal aceitou a sua impotência e resignou-se ao destino.

O elefante agora enorme não foge porque pensa que NÃO PODE. Tem registada na memória a recordação da sua impotência e jamais voltou a questionar esta situação. Jamais voltou a tentar por à prova a sua força para se libertar da prisão da corrente e da estaca.

Cada um de nós somos um pouco como este elefante. Percorremos a vida com estacas (preconceitos) que nos limitam a liberdade. Vivemos crendo numa série de coisas que “não podemos”, simplesmente porque alguma vez tentámos e não pudemos. Gravamos nas nossas recordações: “Não posso!”. “Não posso e nunca poderei!”.

A única forma de saber a verdade, é tentar de novo...



Na estante de leitura da Oficina das Ideias:
A Viagem do Elefante, de José Saramago
Editorial Caminho, Outubro de 2008, 258 páginas

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Comments:
E porque não tentar de novo?
Bjs
 
Querida Lila
Concordo que é importante tentar sempre uma nova oportunidade.
Um beijinho.
 
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