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domingo, novembro 23, 2008

simulacro de emergência, encenação e logro

As primeiras horas do simulacro não correram como o previsto. Vários problemas de comunicação atrapalharam a coordenação de várias forças de segurança, especialmente durante a madrugada, segundo admitiu a própria Protecção Civil

e

Em situação da cataclismo os hospitais deixam de ter capacidade de comunicar entre si

são duas citações retiradas dos jornais diários a respeito do simulacro de emergência, em situação de terramoto, o de maior dimensão e abrangência jamais realizado em Portugal.

Aliás, fazendo uma leitura cuidada aos órgãos de informação e aos relatórios resultantes deste simulacro poderemos concluir que muitos outros aspectos falharam nos seus objectivos, embora consideremos que os mais determinantes são os que dizem respeito às comunicações de emergência e, consequentemente, à coordenação.

Nada que nos surpreenda, pois o mesmo tem acontecido em exercícios anteriormente realizados, mesmo que com um âmbito mais restrito, embora sejam sempre preparados e ensaiados com grande antecedência.

Este exercício envolveu elevados custos, na ordem das largas centenas de milhares de euros, mas não passou de um logro, uma necessidade de mostrar serviço, com a agravante de cada entidade querer mostrar que é mais eficaz do que a outra, não tendo sequer atingido o simples objectivo de deixar as populações mais tranquilas.

Duma ineficácia tremenda apresentou a vista de todos aspectos extremamente caricatos, diria mesmo autênticas “palhaçadas” de encenação, como foi o caso de os meios de socorro se encontrarem estacionados a escassas centenas de metros do local onde se iria verificar a situação de emergência muito antes do respectivo alarme ter sido dado.

Quanto às radiocomunicações de emergência da protecção civil no terreno é por demais reconhecida a sua ineficácia, pese os elevados investimentos realizados, sempre com pompa anunciados, inclusive utilizando o recurso a comunicações via satélite.

Situações reais de emergência, como foi o caso da catástrofe dos Açores e dos fogos florestais em ..., somente para citar acontecimentos recentes, mostraram à evidência falhas graves nas comunicações, colocando em grande risco as populações e bens. Recordo as palavras de um pároco açoreano que lamentava a falta que as radiocomunicações de amadores, especialmente a Banda do Cidadão tinham feito para resolver esse problema.

Perante todos estes factos sempre me vem à memória a eficácia das radiocomunicações de todos, da banda dos 11 metros, da Banda do Cidadão aplicada às emergências, onde a modéstia dos equipamentos de baixo custo era superada pelo envolvimento humano e solidário dos seus operadores.



Nota: No ano de 1987 o Caparica CB em colaboração com os Bombeiros Voluntários do Concelho de Almada (Almada, Cacilhas e Trafaria), com a Cruz Vermelha Portuguesa (Cova da Piedade) e com o Parque de Campismo Piedense realizou um grande simulacro de emergência, designado “Eco Papa Charli” (Emergência num Parque de Campismo), utilizando como base de radiocomunicações a Banda do Cidadão, com resultados assinaláveis a que a imprensa da época deu importante relevo.

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Comments:
O eterno problema das comunicações, meu caro Victor.

Coisa antiga, como refere.

E vai manter-se até sei lá quando.

As comunicações são, toda a gente sabe, o utensílio mais importante em várias vertentes. Simulacros ou situações reais.

Não me espanta, por isso, que o "calcanhar de Aquiles" continue a ser o que já se disse.
Qualquer dia passará a conhecer-se como o "calcanhar daqueles..."

Um abraço
 
Olá Vitor Reis

Se em simulacro é assim, quando for real nada podemos contar com a Protecção Civil, alias sempre foi assim.
Fernando Gonçalves
Sempre Pronto
 
Olá Vitor Reis
Quanto a mim, isso que o meu amigo menciona no seu blogue, infelizmente é a realidade da nossa protecção Civil. Quanto a mim uma verdadeira palhaçada, onde nós sem querermos temos que pagar a esses palhaços e não temos, minimamente, usufrutos de nada. Se por um acaso algo acontecesse a sério, coitados daqueles que dos meios de socorro precisassem. Mesmo com antecipados preparos, viu-se apenas,o transito empatado e os protagonistas a viverem uma autentica "Balada de will street". Uma vergonha autentica. Façam sim um simulacro, sem que ninguem saiba, pois a tragedia não se faz anunciar e não vai a casa dos "protagnistas" chamá-los, antes que tudo acontessa.
Um abraço e um grande bem haja pelo seu blogue.
 
Caro Victor,
O problema é sempre o mesmo,a procura de protagonismo das várias entidades envolvidas,a falta de colaboração,e sobretudo a má coordenação conduzem ao fiasco a que assistimos.Lembro-me bem de 1987 e de como foi possivel pôr todos os intervenientes em colaboração total e como as radiocomunicações (o velho CB) funcionou.A pergunta que aqui deixo é,como não podia deixar de ser : " E quando fôr a sério ? "

Um abraço,
Fernando Silva (ANFER )
 
Amigo Observador
As comunicações são sem dúvida factor determinante nas intervenções de emergência. Acontece que os Serviços de Protecção Civil contrariam tudo o que possamos pensar nesse campo pois são altamente burocráticos. O socorro não chega mais vezes atrasado pela grande abnegação dos bombeiros. Contudo, cada vez mais se pretende destruir o voluntariado e há já quarteis de bombeiros comandados por militares, a burocracia de novo em acção.
Um abraço.
 
Viva Fernando Gonçalves
É sempre bom saber novas dos amigos e sabê-los intervenientes. O que aqui foi escrito poderia tê-lo sido por ti pois para isso tens igualmente saber. Um abraço.
 
Amigo Eduardo
E nós não sabemos que estes exercícios não são mais do que uma "feira de vaidades"? Além do mais, cada entidade quer sobrepor-se à outra que é o que a sociedade actual exige.
Um abraço.
 
Caro Fernando
É bom saber-te a percorreres estes caminhos da Oficina. Desejo que estejas bem. Ainda há poucos dias fui consultar o Plano Global de Emergência do Caparica CB onde realmente houve um acto de criação com os modestos meios de então. Trabalho colectivo para o qual tu também deste forte contribuição. Custa ver que a Protecção Civil hoje não é mais do que um negócio... As populações ficam para o fim. O meu mail está aqui na Oficina e o MSN é vic_y_te@msn.com
Um abraço.
 
ola Victor 73.
Se alguem andava a espera deste simulacro para entender de que o mesmo não passava duma treta ,aí tem as conclusões.
Comunicações????!!!!! isso e com a PC com tretas e mais tretas
quando ouvi-mos o representante maior dizer que esta provado de que o sistema via fibra era aquele
que durava mais ou melhor era o mais fiavel num terramoto??? esta tudo dito,,,logo entendemos a jogada para canto
Bon Natal 73
 
Amigo Fernando,
Tenho a infeliz ideia que se o assunto for sério, vamos ter aquilo que toda a gente sabe. Ou seja um descalabro total completo e absoluto. Pois nessa altura não estarão na esquina á espera para dar inicio á "palhaçada" que todos vimos.
 
Caro PMR193
A protecção civil continua a ser um negócio de alguns. E com isso está tudo dito.
Um abraço.
 
Caro Eduardo
Não tenha dúvida alguma sobre isso.
Um abraço.
 
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