Partilhar
domingo, janeiro 25, 2009

a lenda das vieiras comentada

Nas minhas caminhadas matinais à beira-mar, num trilho imaginário traçado pelo mar na areia dourada da praia, de tempos a tempos, observo a leveza com que as águas depositam na areia ao recuar da maré, bonitas conchas carregadas de simbolismo. São conchas de vieira.

Não muito longe, no alto da arriba, está marcada a passagem de um caminho da rota de Santiago. Que relação terá a existência dessas conchas na praia com o simbolismo que as mesmas têm nos Caminhos de Santiago?


Conta uma lenda da Galiza:

Quando o barco com os restos mortais do apóstolo Tiago chegou à Galiza vindo da Palestina, o mar tempestuoso ameaçava esmagá-lo contra os agrestes rochedos da costa. Um passante que cavalgava junto ao mar ao ver tamanha tragédia avançou com o seu cavalo tentando salvar os navegantes.

Derrubado pelo mar forte que se levantava com muita violência, viu-se perdido tendo evocado os céus para sua salvação. Baixou, então, a calmaria sobre o mar da Galiza, tendo a embarcação e o cavalo sendo empurrados pelo mar para a praia, salvando-se.

Puderam na altura verificar que o cavalo vinha coberto de um tipo de conchas conhecidas por “vieiras”. Quando se começaram a desenvolver as caminhadas das peregrinações a Santiago de Compostela, foi recuperado como símbolo a vieira que a lenda evoca.

Entre as muitas designações que têm sido dadas aos peregrinos, uma muito curiosa relaciona-os com as conchas de vieiras. Os peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago designado por “ruta jacobea” eram chamados “Concheros” ou “concheiros” aludindo a um dos principais símbolos da Peregrinação a Santiago de Compostela, a concha da vieira.

No início a concha da vieira era apanhada nas costas galegas pelos peregrinos e levada no regresso às suas terras de origem como prova da concretização da peregrinação e recordação da mesma. Com o tempo e o oportunismo dos comerciantes este símbolo passou a poder ser adquirido logo no início da caminhada, colocando-as os peregrinos durante a caminhada em lugares bem visíveis, como sejam as capas, os chapéus, as mochilas e os bordões.

E aqui estou eu, com uma maravilhosa concha de vieira recolhida nas magníficas águas da Praia do Sol, a centenas de quilómetros da Galiza e de Santiago de Compostela.



O nosso leitor amigo Paulo Renato, da Invicta Cidade deixou-nos este comentário que muito enriquece a nossa pesquisa e, por certo, vai dar lugar oportunamente a uma melhoria do nosso texto.

Sou artista plástico e estou neste momento a trabalhar esta lenda. Acontece que durante a pesquisa para desenvolver uma série de quadros, me deparei com aspectos de profunda complexidade. A vieira parece ser um símbolo mais antigo que o próprio caminho de Santiago na maneira como o conhecemos depois da apropriação por parte das hostes do Vaticano. A VIEIRA simbolizava para os gauleses (sem deixar de ser actual para nós) o caminho Divino. O regresso à casa do Pai celeste.

Todos os raios se dirigem (de baixo para cima) para um ponto que não está exactamente no centro da sua convergência, mas sim acima dele e fora.

Fora, pode significar num universo que não o nosso como o conhecemos. No universo Divino do qual caímos dando origem ao big bang, de modo a criar um universo alternativo para que a Sua criação se não perdesse.

Etiquetas: ,


Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?