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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

o carro vermelho

A noite fora de tormenta. O vento molhado pela maresia fustigou a costa deixando profundas marcas da sua força. Deixou também no ar aquele tão característico aroma que a invernia usa trazer das profundezas do mar e que tantos marinheiros já confundiram com o hálito das sereias encantadas.

O amanhecer, contudo, ofereceu-se ameno e tranquilo nas voltas e reviravoltas que o vento sempre dá e que de um instante para o outro afasta o negrume das nuvens de água carregadas e mostra o azul que é o céu e a luz que é a energia que os corpos esperam ansiosamente para despertarem do torpor da escuridão.

O ocupante do carro vermelho que pareceu ganhar mais fulgor quando a luz do sol o iluminou pareceu, do mesmo modo, despertar de um sono de invernia que vira chegar a hora de partir. Com a mão direita accionou o botão de comando e a capota do carro deslizou suavemente desaparecendo no interior do cofre das bagagens.

Inspirou profundamente duas ou três vezes sentindo o ar húmido com aroma a maresia inundar-lhe os pulmões, percorrer mesmo todo o corpo que sentiu tonificado. Um sorriso aflorou-lhe os lábios quando lhe pareceu vislumbrar muito perto da linha do infinito uma silhueta que lhe era familiar.

Era tempo de partir. A viagem iria ser longa. Mas o regresso seria sempre a horas de ver o doirado pôr-do-sol.

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