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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

rubra sardinheira

Desde os meus vinte e poucos anos que me habituei a percorrer calçadas da Lisboa tradicional na procura “daquele” retiro onde pudesse ouvir cantar o fado, cantar sentido, tantas vezes carregado de ironia e de crítica social, naqueles espaços de pouca luz, de muito fumo... A “Cesária, o “Solar da Madragoa”, o “Timpanas” que eu era mais do fado castiço e popular.

Estava a percorrer o caminho que desde a minha juventude um amigo de meu pai, o escritor de revistas Paulo da Fonseca, me ensinou a conhecer, a valorizar e respeitar, o viver dos artistas de teatro e de variedades, do fado também.

Anos mais tarde, o fado chamado “vadio” do “Estribinho” e do “Arreda” lá para as bandas de Cascais e do Birre era peregrinação garantida de fim-de-semana, especialmente, nas sextas à noite.

Vêm estas memórias a propósito de emoções fortes sentidas em tempo muito recente quando, confesso, para mim inesperadamente, me foi dado ouvir uma voz, segura voz do fado, cantar a “Maria das Quimeras”, no soneto homónimo de Florbela Espanca ao qual o meu querido amigo Vítor Reino lhe deu alma musical.

E quem deu maviosa voz a este musical soneto? Alguém escreveu “que é uma rubra sardinheira a florir numa típica janela... de Alfama”. Ana Guerra de seu nome, uma voz de musical encantamento que percorre as ruelas do fado com diversos “completamente originais”, muitos com poema e música de Vítor Reino, outros “construídos sobre poemas líricos” de Camões e de Florbela Espanca e, finalmente, aqueles que “fazem parte da memória intemporal do fado”, “Lisboa é sempre Lisboa”, “Maria da Graça” e “Saudade Vai-te embora”.

Tenho comigo o disco (CD) de Ana Guerra “Maria das Quimeras", onde ela escreveu “...o sentir do meu Fado, a emoção da minha voz, com Amizade...” mas não percam a oportunidade de a ouvirem “ao vivo”, de partilharem a emoção de uma grande fadista.



Maria das Quimeras, fado

Ana Guerra, voz e coração
Prof. Arménio de Melo, guitarra portuguesa e profunda sabedoria fadista
Carlos Macieira, viola de fado e profissionalismo sem mácula
Marino de Freitas, baixo e inspiração transbordante
Rita Reino, adufe e concentração constante
Vítor Reino, Acordeão, drabuka e vontade permanente de trilhar novos caminhos.

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Comments:
Não conhecia. Fica registado.
 
Não conheço a Ana Guerra.
Mas gosto de fado vadio, do castiço, onde não se conhece ninguém afamado e onde à vez cada um mostra a sua arte.

Um beijo num Domingo chuvoso
 
gostei. bem conseguido.
A Ana vai gostar tb.
 
Gostei tanto que estou a ouvir...
 
Amigo MFC
Na oportunidade não deixe de ouvir. Sinceramente vale a pena.
Um abraço.
 
Querida Gasolina
Também adoro percorrer essa veredas. Em silêncio pois para cantar "falta-me ouvido".
Beijinho grande.
 
Amigo Victor
Obrigado pelas tuas palavras. A Ana tem muito merecimento.
Um abraço.
 
Querida Lilás
"Ela" está aqui a olhar para mim e já lhe fiz sinal do quanto tu gostas de a ouvir.
Um beijinho grande.
 
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