Partilhar
sexta-feira, abril 24, 2009

há trinta e cinco anos

Ficou célebre a questão um dia posta pelo jornalista e escritor Baptista Bastos – “onde estavas no 25 de Abri?” – fez muita gente pensar como via o mundo aquando dessa gloriosa data da vida de Portugal. Questão que também na Oficina das Ideias já anteriormente apresentamos e que hoje trazemos à nossa memória colectiva.


Onde estávamos na noite de 24 para 25 de Abril de 1974?

Tínhamos nessa noite decidido ir ao teatro. A escolha recaiu na revista “Ver, ouvir e calar” em cena num dos teatros do Parque Mayer. Como habitualmente comprámos bilhetes para a segunda sessão que teria lugar lá pelas 23:30. Fomos jantar antes de nos dirigirmos para o teatro, mesmo assim, pouco passava das 22 horas quando chegámos às imediações do Parque Mayer.

Os lugares de estacionamento estavam completamente ocupados, pois as primeiras sessões dos teatros ainda não haviam terminado. Assim, decidimos parquear o carro em cima do passeio separador entre a faixa central e a lateral descendente da Avenida da Liberdade. Para “fazer horas” fomos caminhar Avenida abaixo, Avenida acima.

Nas semanas anteriores, muitos rumores circulavam em determinados meios acerca do facto de que algo se estaria a preparar em termos político/militar no sentido de se modificar a situação política vigente. Sempre que ao fim da tarde passava pela Livraria Opinião, para dois dedos de cavaqueira, esse tema era recorrente.

Nada fazia supor, contudo, que algo estivesse eminente. A noite mostrava-se calma, até em termos climatéricos, pelo que fomos tranquilamente assistir ao espectáculo que muito nos divertiu. O divertimento não foi o mesmo à saída, pois no vidro do carro encontrava-se um papelinho, multa por estacionamento proibido. Fora colocado já depois da meia-noite pelo que estava datado de 25 de Abril de 1974.

Depois da saída do teatro cerca das 2 horas da madrugada ainda fomos “beber um copo” ao Convés, hoje substituído por um restaurante brasileiro e onde após os espectáculos os artistas e alguns espectadores mais noctívagos conviviam um pouco. Depois, o regresso a “penates”.

No regresso, porque calhava em caminho, passámos à porta do antigo Rádio Clube Português.

Poucas horas depois sou despertado pelo tocar do telefone. Em marcha estava o que viria a ser o glorioso 25 de Abril. A revista que fôramos ver mudou de nome. Passou, a partir desse dia a chamar-se “Ver, ouvir e falar”. Da multa por estacionamento proibido não mais ouvi falar.




Onde estávamos no dia 1º de Maio de 1974?



fotografia de Alfredo Cunha (?) ou de Fernando Baião (?)

Etiquetas: ,


Comments:
Passei a noite de 24 para 25 de Abril a fazer exercícios de matemática, tinha um teste (e estava tão bem preparadinha)...mas obviamente que não houve nem teste nem aulas
 
...eh páh e
ê tava em africa a fazer a colonização e depois a descolonização , que até foi bem feita, para desconsolo de alguns politicos. bastava estar no 'teatro'' pra perceber.
Fantasias só as alimenta quem quer....
 
Bela foto! se te visse á 35 anos não te reconhecia!
bjs
 
Querida MagyMay
Valeu a pena, penso eu, esse desperdício de trabalho que não foi aproveitado no teste. Mas, na verdade, "as portas foram abertas" mas ainda teremos que caminhar e ter forças para lutar contra os que de novo as querem fechar.
Beijinhos.
 
Amigo Victor
É bem verdade que é no terreno que as situações se avaliam, daí os muitos erros cometido... concordo!
Um abraço.
 
Querida Lilás

Oa anos não perdoa... 35 anos é muito tempo!!!!
Beijinho.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?