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quinta-feira, abril 09, 2009

quem eu sou...

Não sei mesmo se com o que descreverei adiante me ficarão a conhecer melhor, mas vou, mesmo assim, tentar que quando comigo cruzarem nas veredas da vida possam melhor entender os meus pensares e sentires.


Eu sou saloio do lado materno
Esta designação que muito me honra pois está relacionada com a minha própria origem e com a dos meus antepassados, nem sempre trás consigo uma imagem muito positiva, sendo até muitas vezes usada com intenção depreciativa.
“_És um saloio!” – és um palerma, que te deixas enganar facilmente, pacóvio....
O Saloio tem origem numa etnia arábica vinda de Saleh, na fronteira do Egipto, nos finais do século VIII, para o ocidente da Europa, com muita incidência para um território que faz hoje parte de Portugal.
Estes povos imigrantes miscigenaram-se aos cristãos, à época submetidos ao jugo dos árabes ocupantes, pelo que em breve eles próprios se tornaram moçárabes. Por serem considerados inferiores pelos árabes foram remetidos ao desprezo e relegados para as faixas mais humildes que se dedicavam ao cultivo dos campos dos arredores das grandes urbes estremenhas, particularmente de Lisboa.
É assim que ao natural de Saleh, imigrado nos arredores de Lisboa, chamam “homem do campo”, o Saloio.
A cultura saloia expande-se por toda a Estremadura Portuguesa, mormente, nas regiões de Sintra, Mafra e Cascais, indo até Torres Vedras e mesmo até Óbidos. Para sul abrange a zona sadina de Setúbal, Arrábida, Sesimbra e Cabo Espichel.

Eu sou nómada do lado paterno
Meu avô paterno, mestre sapateiro com oficina posta e aberta ao público, mestre Humberto, oriundo de Campolide, penso que com antepassados da etnia cigana, ainda com alguns vestígios de nomadismo vivido no passado. Era austero, com pendor republicano, patriarca e amigo do seu amigo.
Minha avó paterna, a Ti Joana, peixeira de profissão, a viver nas terras da Venteira vinda da zona de Viana do Castelo, perdera-se de amores pelo mestre sapateiro já em terras da Porcalhota. Ágil no caminhar com a canastra de peixe à cabeça, acabou por se estabelecer com banca no mercado junto à linha férrea.
Em casa o menu principal era sempre baseado no peixe fresco que ficava por vender no mercado da Amadora. Os meus avós sentavam à mesa na refeição do almoço, nesses tempos de dificuldades e penúria, mais de trinta pessoas, entre a prol familiar e os artesãos e aprendizes da oficina.

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Comments:
Amigo Vitor
Vim aqui parar porque hoje, deu-me para rever o meu blogue, algumas entradas mais antigas.
E dei com um comentário do meu amigo.
Claro que com as descrições e notas que faz neste seu post fica-se com uma imagem de si. Talvez, ainda assim, um tanto desfocada, mas já se há-de aproximar da realidade.
Fiquei a saber em pormenor a origem da palavra "saloio", que eu conhecia só a partir do momento em que assim eram designados os antigos habitantes das zonas rurais à volta de Lisboa.
Boa Páscoa para o meu amigo.
António
 
Boa tarde, Victor

Quis enviar-lhe os votos de uma boa Páscoa, por mail.
Parece que a caixa de correio está cheia...

Vai mesmo por aqui.

Um abraço
 
Tal com tu, não sei se o que vou escrever te ajudará a conhecer-me um pouco melhor...
"Quem sou"
sou paixão
magia
mistério
desejo
paisagem
arco-íris
pôr do sol
liberdade
amor
frescura
flor
sou perfume...de jacarandá


SOU LILÁS
 
Amigo AS Nunes
Muito grato por ter visitado a Oficina, revisitado diria melhor, nesta época festiva.
Desejo-lhe também tudo de bom.
Abração.
 
Amigo Observador
Retribuo o desejo de Feliz Páscoa, aliás como fiz por mail. Espero que não seja nenhuma anomalia na minha caixa de correio, pois como já tive oportunidade de lhe referir encontrava-se praticamente vazia.
Um abraço.
 
Querida Lilás
Na cumplicidade do nosso mar essa discrição é rica e muito perfeita... Em "mistério" ficará tudo o que escrito não foi...
Beijinhos.
 
Descobri, o porquê deste minha "inclinação" para a Oficina...
Sou aparentada com o proprietário!!! (por parte da Ti Joana...rsrs) ...bem o comum é mesmo e só Viana do Castelo, claro...

Beijinho, Victor
 
Querida MagyMay
Julgo que será uma válida razão... mas também a amizade e a afectividade como entendemos a nossa passagem pela blogoesfera.
Beijinhos.
 
O Victor escreve como quem conta histórias, daquelas antigas, de boca em boca... quase o ouvi a apresentar-se. Não o conheço, mas consigo imaginá-lo.

Mais parabéns
 
Querida Amiga (Humildevaidade)
As tuas palavras, o teu afecto dão força e inspiração para continuar a ser como sou.
Beijinho.
 
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