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sexta-feira, maio 15, 2009

o silêncio do frio

Nada do que a seguir irei escrever parece fazer sentido, nem tão pouco tem fundamento científico, nem mesmo do saber da vida. Contudo, o cérebro parece que “empurra” a mão para que com a caneta, logo depois, com o teclado do computador desenhe as letras do texto.

A madrugada está silenciosa como há muito a não sentia. É o silêncio do frio. É o silêncio do branco.

O branco, na realidade, não deveria ser silencioso, pelo menos com tamanha profundidade como hoje aparenta, pois sendo o resultado da fusão de todas as cores, também o seu equivalente sonoro deveria sê-lo em relação à totalidade das notas musicais. O branco não deveria ser este profundo silêncio.

Nesta madrugada é isto que sinto: Silêncio, profundo silêncio. O movimento de automóveis na direcção da cidade é já intenso, mas o ruído dos rodados no asfalto não se faz ouvir.

O mar bate forte no rebentar das ondas agora que a maré está cheia, mas o tremendo bru-á-á que se deveria ouvir, som quantas vezes aterrador, não consegue ultrapassar o topo da fóssil arriba.

As avezitas que esvoaçam ao alvorecer, agitadas aos primeiros tempos da manhã, e que usam colorir os ares com os seus trinados, estão em silêncio. Nem o próprio ar que circula das terras do extremo norte, cortante como lâminas afiadas, provoca qualquer ruído.

É o silêncio do branco.
É o silêncio do frio.

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Comments:
.. às vezes alguns sentimentos são expulsos de nossa alma e se transformam em palavras. No teu caso, bonitas palavras que preecheram o branco, aqueceram o frio.será?
beijos

Ps. Gosto quando escreves (tb)deste jeito.
 
Como eu gosto do silêncio! É como se tudo deixasse de existir, o bom, é certo, mas também deixaria de existir o mau! No silêncio mais profundo, interrompido ao longe por um fraco latido de um solitário cão, ou mesmo o súbito cantar de um galo na madrugada, são sensações que me atiram docemente para as recordações da minha infância, na aldeia natal dos meus pais, que ainda hoje exerce um estranho fascínio sobre a minha sensibilidade, ou melhor, sobre minha capacidade de sentir deleite nas coisas mais simples da vida.
 
Doce Lualil

Tu o dizes e conheces-me bem destas andanças na blogosfera...
Gostei de te saber a visitar a Oficina.
Beijinho.
 
Querida Milu

Obrigado pelo teu comentário tão afectuoso e enriquecerdor. Irei tomar a liberdade de o puxar para a ribalta da Oficina. Merece partilha mais vasta do que somente com quem vem aos "comentários".
Beijinho.
 
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