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domingo, julho 12, 2009

lenda dos ferreiros do espinhal

lendas das terras visitadas
De medos e fantasias, de desejos e imaginação, criaram-se em tempos imemoriais estórias que a razão desconhece. No aconchego da lareira ou na árdua labuta diária, quantas vezes de sol a sol, foram percorrendo os saberes de gerações. O viajante andarilho recolhe e partilha as “lendas das terras visitadas” ouvidas às suas gentes.


No termo de Penela, em plena serra do Espinhal, existem dois montes de forma cónica que sobressaem da paisagem serrana, quer pela forma quer pela altura, distando entre si não mais do que dois quilómetros – o monte do Pinoco e o da vigia de incêndios.

Conta a lenda, essa “arte” milenar de transmitir, de geração em geração, o saber e o património imaterial de um Povo, terem sido habitados por dois irmão, ferreiros de profissão, o Melo e o Jer.

Vivendo cada um em seu monte, possuíam ambos a sua própria forja, embora o martelo, ou o malho como na época se chamava, ser único, pelo que era por eles usado alternadamente.

Quando um dos irmãos necessitava de utilizar o malho, pedia-o com o seu vozeirão que ecoava de monte em monte, e logo o outro o atirava com a sua força de gigante, compleição física de que ambos eram possuidores.

Um dia Jer zangou-se com o irmão e atirou o malho com tanta força que este se desconjuntou: o cabo de madeira de zambujo para um lado, o ferro do malho para o outro, caindo na encosta do monte Melo com tanta força que fez brotar uma fonte de água férrea. O cabo de madeira foi espetar-se na encosta do monte, donde nasceu um zambujo, ou zambujeiro, cuja proliferação terá dado origem ao lugar de Zambujal.

Ainda hoje, para dar algum fundo de verdade a esta lenda tão regional, são visíveis as ruínas de uma forja no cimo do monte Melo. Também em Jermelo ainda hoje trabalha na sua arte o único fazedor tradicional de tesouras de tosquia.




Esta lenda, a lenda dos ferreiros da serra do Espinhal, foi-me contada, dentro das ameias do Castelo de Penela, pela historiadora Palmira Pedro, amante da sua terra e das suas gentes e extraordinária “contadora de estórias”.

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Comments:
Estas fontes históricas tradicionais dão um contributo muito importante na construção do passado humano. São as lendas, as canções, as lengalengas que nos ajudam a preservar memórias que não podemos nem devemos deixar cair nas malhas do esquecimento.

Gostei muito deste contributo que, mais uma vez, me permitiu sair mais rica do que quando aqui entrei.

Bem-hajas, amigo.

Beijinhos
 
Querida Isamar

Na verdade também eu fiquei mais rico no muito que aprendi nesta viagem a Penela.

Mais rido em tantos aspectos que nem sei se terei capacidade e saber para todos eles partilhar.

Irei fazendo o melhor que sei.

Beijinho.
 
Muito interessante este passeio histórico que nos porporcionou. Aprendi coisas novas e é sempre bom aprender. Depois é com o nosso passado que aprendemos a conhecer-nos enquanto povo. Há que preservá-lo na nossa memória e no nosso coração! Bjs
 
Querida Sara

É bem verdade o que dizes... aprender, sempre aprender, com o nosso passado para procurarmos um futuro melhor.

Tive a felicidade de ser acompanhado nesta visita por uma mulher que conhece e ama a sua região. E é uma excelente contadora de estórias.

Beijinho.
 
Que maravilha e não conhecia! Obrigado pela partilha!

Um abraço
 
Querida Fatyly

Também conheci esta lenda na viagem recente que fiz a Penela, na Beira, zona do Pinhal Interior.

Beijinhos.
 
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