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sábado, agosto 15, 2009

imaginação

Estacionei o carro vermelho na zona ribeirinha de Cacilhas e de cabelo desgrenhado, tinha feito toda a viagem até aí com a capota aberta, fui cumprir o ritual de atravessar o rio Tejo num “cacilheiro” àquela hora de meia-manhã com muito pouco movimento: tirar o bilhete, aguarda a chegada do “próximo barco” e passado algum tempo embarcar para fazer o atravessamento.

É muito raro, hoje em dia, deslocar-me à margem norte do rio Tejo. Tempos houve que por imperativos profissionais o fazia diariamente, mas agora deixo-me ficar do lado que mais perto está dos caminhos do Sul, e do Sol, e por aqui encontro ocupação intensa para os tempos que passam. Neste dia assim não foi, pois determinado estava que não seria, por razões que a razão não explica.

Ao que ia, então, neste dia de intenso sol, para abrir a tal excepção que acontece de tempos a tempos, sem data nem ritmo marcados, ao correr do acaso. Mas nada acontece por acaso nem fruto de coincidência, antes é resultado de uma força interior que nos leva a quebrar a rotina. Na realidade, atravessei o rio Tejo para o lado norte mas não me afastei da beira-rio. Por ali fiquei a olhar a margem por onde a terra quebrou quando o leito do rio se abriu e por isso mais agreste e alcantilada.

A nossa sociedade por muito racional que pretenda ser, ou que as forças dominantes queiram que seja, nem tudo entende no sentir das gentes. Caminhei sozinho mas sentia-me acompanhado. Uma mão suave segurava-me mesmo no braço e conduzia-me num percurso de conhecimento de coisas novas, espaços arquitectónicos modernos, gentes de toda a Europa.

Cheguei a um amplo espaço no topo do edifício, esplanada aberta e sobranceira ao rio Tejo, donde as embarcações tomavam dimensões reduzidas e, lá ao, longe no cais de Cacilhas o “Farol” restaurado recentemente e a ser entregue ao Povo dias depois. A tranquilidade e o bem-estar tomaram conta de nós, de nós?

Na minha imaginação a conversa era longa, suave, necessária. Pareceu-me ouvir uma suave voz que dizia: “…é de facto maravilhoso ter pessoas como tu na minha vida, é fantástico, devo dizer... estou a receber tanto, sem sequer ter feito nada…” Estava aí a razão daquele forte chamamento para atravessar o rio Tejo.

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Comments:
"é de facto maravilhoso ter pessoas como tu na minha vida, é fantástico, devo dizer... estou a receber tanto, sem sequer ter feito nada…”
Encontrei-te na blogosfera e considero-te "peça rara" nesta vida ainda que virtual. Os teus amigos da vida real são uns sortudos, Vicktor!Há razões que a razão desconhece mas ter-te encontrado foi uma boa razão para me manter na blogosfera.

Bem-hajas!

Beijinhos
 
Está mais que justificada a viagem!
 
"…é de facto maravilhoso ter pessoas como tu na minha vida, é fantástico".
É pois, sou uma sortuda...
bjs
 
Ora bem e há que dar "asas à imaginação" e tiveste a justificação certa!
 
Querida Isabel

As tuas palavras desvanecem-me e desculpa duvidar se são assim merecidas. Uma coisa é certa... como dizia o lendário Che "poderemos ser revolucionários sem perder a afectividade..."

A afectividade é natural nas pessoas mas a vida a sociedade a competitividade imposta fazem com que se vá perdendo.

Acho que todos deveremos fazer um esforço grande para a manter. É aí que dou a minha modesta contribuição.

Um beijinho grande.
 
Amigo MFC

Valeu sim... e temos uma capacidade enorme para mesclar o desejo com o sonho com a imaginação com a realidade.

Um abraço.
 
Querida Lilá(s)

O que poderei dizer às tuas bonitas palavras?

Que é maravilhoso quando o sonho se torna realidade...

Beijinho.
 
Querida Fatyly

A imaginação leva-nos a "terrenos proibidos" como algures uma canção refere...

Proibidos por uma sociedade que continua a negar-se a entender o AMOR (sim, este com letra muito grande!)

Beijinhos.
 
Olá amigo Viktor,

Foi por acaso que descobri o seu blog mas é com prazer que o acompanho.
Tenho de lhe dar, mais uma vez, os parabéns pela forma como escreve.

Existem pessoas com o dom da escrita e o amigo é uma delas.

Continue sempre assim, a contar-nos e a encartar-nos com as suas histórias. Bjs
 
Querida Sara

Sou um escrevinhador modesto. Gosto de contar a histórias que conheço (e que vivo). gosto dos sítios e das gentes.

Escrita simples a minha, mas fico grato pelas tuas palavras bonitas.

Beijinho.
 
"poderemos ser revolucionários sem perder a afectividade..."

Um sábio, um ser humano de uma invulgar dimensão, um ídolo de todos os dias.

Bem-hajas!

Beijinhos
 
Querida Isabel

Tens toda a razão no que escreves.

Todos dias continuo a aprender com o que ele escreveu, com a sua luta, com o seu sentir.

Beijinho.
 
Após muitos anos de teres o teu "Lugar ao Sul", eis que apareceu um chamamento do teu anterior "Lugar ao Norte". Afinal a vida nos vai concedendo as muitas dúvidas que, a cada passo, nos fazem oscilar entre dois pontos até tomarmos a nossa decisão que é sempre a melhor em cada momento. Como sabes gosto sempre de te ver por cá, pelo Norte, pois é também sinal de viagem no e para o conhecimento de que tanto gostamos. Um abraço e até breve, no Norte ou no Sul...e se não der, no Oeste pois há tanto Mar...
 
Karlitus

Tens razão... um nómada dos sentires acaba por ser um pouco alheio aos pontos cardiais... que não à amizade.

Ao Oeste, pois claro... ou não tenha eu meia origem em gente saloia, que vinda das lonjuras do Egipto se fixou nessa região so Portugal.

Um abraço.
 
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