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terça-feira, agosto 11, 2009

o genebra de redondo

a olaria tradicional
se há trabalhos do imaginário popular que melhor espelham a alma de um povo são as peças que saem da magia das mãos de um oleiro. peças utilitárias ou decorativas contém em si os desenhos e as cores que representam o sentir e as vivências das gentes da região.



Mestre Xico Tarefa, oleiro do Redondo, é o autor desta peça em tudo semelhante à que outrora se utilizava para conter a “Genebra”, bebida com graduação alcoólica de 35% a 54% em volume, obtida de destilados alcoólicos simples de cereais, redestilados, total ou parcialmente, na presença de bagas de zimbro (“Juniperus communis”).



Loiça vidrada interiormente para a “tarefa das bebidas alcoólicas” por evitar que o conteúdo perca as suas características originais, loiça sem vidrado para a “tarefa da água” pois torna-a mais fresca por efeito da porosidade do barro.

A decoração da loiça na olaria de Mestre Xico Tarefa é uma decoração de traço e cores suaves com representação floral da região, por exemplo com flores das estevas, e zoomórficas com uma avezita e uma abelha, representadas na peça aqui apresentada.



Para que registado fique e como curiosidade para os mais interessados é esta a “marca” da Olaria Xico Tarefa



A importância da loiça do Redondo para a sua população, especialmente, a utilitária era tão grande que nos séculos XVII e XVIII, os oleiros estavam proibidos de a vender para fora do concelho sem primeiro terem fornecido a população local. Tinham que a vender todas as segundas-feiras no mercado sob pena de avultada multa.

A loiça sobrante era levada pelos almocreves que deslocando-se de monte em monte a iam apregoando “Cá stá o louceiro... Tachos panelas alguidares” e vendendo por conta e risco dos oleiros a quem somente pagavam a loiça vendida.

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Comments:
e pena que que esta nossa cultura se vá perdendo no tempo. Investem em tudo, menos nestes mestres de olaria.
Que maravilha de peças!
 
Tão bonito!!
 
Creio que ainda em Agosto passarei pelo Redondo e pararei obrigatoriamente nesta olaria.

Bem-hajas, pelo serviço público que aqui prestas, meu fazedor de afectos.

Beijinhos
 
"Genebra" então é isso...valeu quantos telefonemas?
Bjs
 
... e eu que sou "vidrada" em loiça!!!!!
Meus Deuses, é LINDA!!!
Mãos de artista a fizeram e um olhito de lince a captou...
 
Querida Fatyly

Há gente, muita gente, que se esforça e trabalha diariamente na defesa da cultura e identidade do nosso Povo.

Não podemos contar com "estes" governos constituídos por gente que somente conhece o preço e nunca o valor das coisas.

Mas a cultura de um Povo, o seu património imaterial, tem sempre resistido aos ataques das ditaduras e de outros antros de incultura.

Beijinhos.
 
Querida Paula

Concordo. Foi por mim obtida num momento de inspiração, podes crer.

Beijinho.
 
Querida Lilá(s)

É verdade... muitos telefonemas de cá para lá e de lá para cá... são os custos da pesquiza levada a sério... E ainda não está completa.

O próprio oleiro e o filho, e a área da Cultura do Município de Redondo andam às voltas com o assunto.

Como sabes não é a primeira vez que tal me acontece. Tenho sempre na memória os trabalhos relaccionados com a escultura "O Gato e as Romãs" da Foz do Arelho...

Mas vale a pena...

Beijinho.
 
Querida MagyMay

Eu também tenho essa "vidração"...

Esta peça foi obtida num momento de grande inspiração, podes crer...

Beijinho.
 
Querida Isabel

Fazes bem... assistir às diversas fases do fabrico da loiça enriquece muito o nosso sentir... então observar as mão do oleiro...

Eu costumo dizer "moldar o barro é como acariciar o corpo de uma mulher"...

Beijinhos.
 
Muito bonito este testemunho. De facto, a nossa cultura, fica mais rica com peças como as que apresenta porque são feitas com muita dedicação e carinho. Pena é que as pessoas não lhes reconheçam o seu grande valor. Valem pessoas com o amigo Viktor para preservar aqui toda a sua riqueza
 
Querida Sara

O património imaterial português é riquíssimo e são pequenos gestos que ajudam a preservá-lo.

Damos a nossa modesta contribuição...

Beijinhos.
 
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