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terça-feira, setembro 29, 2009

há sempre uma nova oportunidade

segredos guardados no rio
o rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce



O velho Marinheiro aparentava sinais de preocupação, enquanto contemplava o firmamento, a linha do horizonte, onde há pouco o Sol se escondera, no seu aparente movimento resultante do continuado avançar do Mundo.

Mostrava-se apreensivo pela súbita alteração do movimento das nuvens, momentos antes suave e tranquilo e que agora em turbilhão inesperado parecia querer revolver todas as massas de água em cúmulos constituídas.

Mantendo ainda tonalidades avermelhadas do recente pôr-do-sol resultantes, o céu tomava rapidamente cambiantes acinzentadas e, logo depois, de profunda acastanhada negritude. A tempestade ameaçava desabar sobre o mar e quebrar o tranquilo fim de tarde, ainda há pouco vivido.

O mar encapelado e o bru-á-á da rebentação, assustadoramente ouvido no topo da falésia, nas imediações do Convento dos Capuchos, onde o velho Marinheiro se recolhera, eram sinal de borrasca iminente.

Em terra, as avezitas esvoaçavam errantemente, na ausência do equilíbrio de pressão atmosférica tão necessário à suavidade do seu planar. Pressentiam momentos difíceis que a brisa marítima a soprar fortemente já anunciava.

O velho Marinheiro foi invadido por tremenda melancolia. Sabia que não iria ter o afecto da presença da mais bela Ninfa do Tejo, sua companheira de tantas andanças por estas e outras paragens.

A Natureza continuava a ser a sua grande mestra nos ensinamentos da vida, o mar seu confidente... Sabia, aprendia a cada dia de vida, que a luz, a luminosa tranquilidade, é algo fugaz e que a ela sempre se seguem momentos de escuridão, de tristeza, de solidão...

Ainda parecia ouvir o doce murmurar da mais bela Ninfa do Tejo: “_Meu querido”. A tempestade já distorcia estas suaves palavras que agora se tornavam mais nítidas, com sentido tão diverso: “_É imperioso que me afaste! Marinheiro, prendeste-te demasiado a mim, que sou pertença do Rio...“.

Um fugaz brilhar no fundo do olhar do velho Marinheiro poderia significar um grande ensinamento de vida que a sua idade lhe trouxera: “há sempre uma nova oportunidade... esperança!”.

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Comments:
Sem esperança onde iríamos nós?! Muitos beijos.
 
Querido Vítor,
Há sempre novas aventuras para descobrir, se soubermos escutar a voz das nínfas por sobre o bramir tenebroso da tempestade...
Beijinhos e obrigada pela "estória" mágica.
Rita Reino
 
A esperança é gémea dos sonhos. Sem ela, ou sem eles, merece a pena viver?
Um abraço
 
O sonho comanda a vida e a esperança torna possivel esse sonho... Parabéns por mais esta estória de sonho! Obrigado pela partilha! Bjs
 
E o que será da ninfa do Tejo que o marinheiro não aparecer?
Bjs
 
Querida Paula

Sim... a esperança num mundo melhor, com tantos afectos como esta Oficina recebe, faz-nos avançar destemidamente.

Beijinhos.
 
Querida Rita

Receber estas palavras de uma mulher de tamanha sensibilidade deixa-me muito feliz.

É bem verdade que mesmo na tormente a voz da ninfa lá está para quem a souber ouvir.

Somente para os apiaxonados... da vida e de tudo.

Beijinhos.
 
Querida Elvira

Os sonhos, a esperança existem sempre ao nosso redor. Nos momentos mais difíceis há que "convocar a Alma" (Professor Carvalho Rodrigues).

Beijinhos.
 
Querida Sara

Sempre convoco a esperança a estar presente para a realização dos sonhos... tens pois muita razão na tua observação.

Beijinhos.
 
Querida Lilá(s)

Realmente confundem-se no seu sentir, mesmo que não na sua existência...

Juntos traçam caminhos de luz...

Beijinhos.
 
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