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terça-feira, setembro 22, 2009

o cair da folha é o renovar da vida

Às 21 horas e 19 minutos (UTC), 22 horas e 19 minutos na hora legal de Portugal continental de hoje, tal como está lavrado n’O Verdadeiro Almanaque BORDA D’ÁGUA, “reportório útil a toda a gente” e confirmado no sítio do Observatório Astronómico de Lisboa, inicia-se o Outono no hemisfério Norte, quando a noite tem a mesma duração do dia e em que faltam 99 dias a recolher até ao final do ano. Esta passagem é vigiada pela Lua em crescente levantino, fascinante no seu brilho. É tempo de cumplicidade com o mar imenso de azul esverdeado vestido, a versejar na espuma criada no beijar da areia doirada.

Por lá estivemos junto ao espraiar das ondas no Grande Areal, este ano de 2009 em marcação de dia regular, tal como o ano que decorre, sempre com o mesmo encantamento.

Estamos a viver o Equinócio de Outono, tempo de consolidação para o crescimento e o esquema natural das coisas. Armazenamos os frutos do esforço realizado e procuramos compreender que novas mudanças são necessárias progredir, quando o tempo de renovação chegar. Tempo de vindima que a uva do ano promete vinho de cariz muito especial, como foi confirmado no mosto resultante da pisa das Festas das Vindimas, em Palmela e, por certo, destinado a uma excelente “reserva”, pois o Sol deu o seu toque mágico nos últimos dias de maturação. Menos quantidade é certo, mas de excelsa qualidade.

Mas é, igualmente, tempo de mesa farta em marmelos (ah a doirada marmelada!), em romãs (as maçãs de Roma!), nas uvas e nas azeitonas, nas maças maduras e não tarda muito no vinho novo. A “Dama da Noite” aromatiza a noite cálida por aqui e por ali e, em especial, na Aldeia.

Assim como as árvores se libertam das folhas cobrindo o solo de tonalidades castanho e doirado também nós deveremos esquecer comportamentos e atitudes sem utilidade, para nos prepararmos para a Primavera da esperança que logo estará a bater à porta. Aproveitemos momentos de recolhimento no Outono e Inverno e teremos mais luz e alegria nos primeiros dias primaveris.

Nesta terra lusitana, vão imperar as tonalidades de castanho e de doirado, mas não o ocaso da vida e muito menos a morte da esperança. O Atlântico será estreito para a vontade indomável de povos que se querem bem. No Brasil festejam-se as searas, as flores, o eterno renascer. “Deméter reencontra Perséfone e volta a ser fértil”. Há esperança renovada, porque o “Cavaleiro da Esperança”, contra ventos e marés, continua a encaminhar o Brasil e os brasileiros para o oásis do tempo. E nós irmãos portugueses, os que se não venderam aos dólares das armas e da contaminação do Planeta, sentimos o orgulho do Pai amado.

Hoje é tempo de Equinócio de Outono que marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. O dia e a noite são exactamente iguais, com 12 horas cada. Com ele se dá o início astronómico do Outono. O Sol nasceu precisamente a Leste e o ocaso verifica-se a Oeste. Despertei ainda o sol não dera os primeiros passos, caminhei a madrugada tranquila e vivi a luminosidade do amanhecer Verão. Depois, senti a chegada do Outono nas águas ora tranquilas, ora agitadas do mar do Grande Areal, essa Praia do Sol que regimes e governos sucessivos têm prejudicado em defesa das praias do “outro lado” como se a Natureza os não queira juntos na “quebra” do mar Atlântico.

No momento do atravessamento iluminou-se o meu sentir de tonalidades de lilás que por estranho que pareça é a mudança do azul esverdeado da luz intensa para o doirado do pôr-do-sol. Não é estranho, pois, que a tradição ocidental associe este momento com o pôr-do-sol. As civilizações solares antigas acreditavam que o Sol morria no entardecer e era ressuscitado no dia seguinte. Durante a Noite, ele cruzava o Reino dos Mortos, levado, segundo os egípcios, em uma barca. Mas a tradição ocidental liga o Equinócio igualmente à água, em especial, à água do mar.

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Comments:
Fascinante esse texto," o cair da folha ..." fiquei encantada com seu jeito aportuguesado de sempre conjugar os verbos no infinitivo e deixá-los infinitamente mais bonito.
Encantei-me com a citação dos marmelos, das romãs ,das uvas, das maçãs, das azeitonas e cheguei sentir o adocicado do vinho.As cores douradas do seu outono ,os sabores e os cheiros aromatizam a noite por aqui,nessa minha terra brasileira, onde inicia a primavera ,trazendo no seu bojo árvores floridas e noites amenas.
E o Atlantico ali,posso ve-lo daqui, da m inha janela, unindo-nos e ao nosso povo ,aqueles como voce diz, tem o coração cheios de bem querer.Bendita colonizaçao que deixou como herança na mesma linguagem e os mesmos ideais.
Quero desejar que possa sempre caminhar por essa praia do sol e que o areal morno lhe beije os pes e o sol da manhã lhe surpreenda com muita beleza.
Estou até poetizando hoje.
Bons sonhos e ótimo amanhecer.
Meu carinho e estima , Vicktor
 
Amigo Vicktor,

Adorei este seu texto. É de uma sensibilidade incrivel.

Apesar de gostar mais da Primavera e do Sol também sei que cada estação tem o seu encanto e cada momento ser uma oportunidade de renovação. Bjs
 
Querida Lis

Um maravilhoso comentário com que me brindaste a mim e à Oficina das Ideias...

Cheio de aromas, sabores, sons e cores do teu Brasil ta~querido que teimo em que também seja meu...

Um beijinho.
 
Querida Sara

Também sou um amante do Sol, do calor, do Verão...

Contudo, estas épocas de transição, os equinócios e os solstícios, agitam o meu sangue e os meus sentires.

Adorei a forma como comentaste este meu escrito (menos a palavrinha "seu"... rsrs).

Beijinhos.
 
Gostei muito já que dás vida e cor às palavras.

Mas gosto muito do Verão e o Outono...atchimmmmmmmmm:(
 
Querida Fatyly

Também sou amante do tempo quente, do Sol, do mar...

Beijinhos.
 
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