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domingo, outubro 25, 2009

a revolta dos contadores de tempo

Os canais de televisão, quer os designados “canais abertos” quer os que chegam até aos nossos televisores através de cabo, apresentavam a essa hora, na generalidade, uma programação chatíssima. Filmes de violência gratuita, debates entre os nossos “homens da frente” que de tudo sabem imenso, televendas, música de cordel de acordo com “play-lists” internacionais...

No meu sótão há muito que parara o desassossego dos melros a piarem em fim-de-dia em cima do telhado e chegara o silêncio quebrado unicamente pela melodia de uma música a sair pelas colunas de som do computador. Mão amiga me fizera chegar acordes de Mantovani.

De súbito a agitação... Olhei o relógio de pulso... 2 horas da madrugada!

Dezenas de contadores de tempo que fui juntando com o passar dos anos reagiam cada um à sua maneira à institucionalizada “mudança de hora”. Chegado o momento de, cada um de nós, “ganhar mais uma hora de vida” (logo, logo, seis meses depois perdida), dar um passo para entrarmos no chamado “horário de Inverno”, aqui no hemisfério Norte e, concretamente, em Portugal.

Os computadores, o de mesa e o portátil, que foram registando conhecimentos com o passar do tempo, ou com o tempo que passa, não necessitaram de qualquer intervenção, trataram da sua vida. Os despertadores de corda manual, preocupados unicamente com os ponteiros de marcar o tempo, pois o de despertar manter-se-á na mesma posição, pediam somente um pouco mais de corda para a hora de trabalho adicional. Os de pilhas e cristal de quartzo, somente a carecerem de que os ponteiros retrocedessem uma hora.

Depois... os contadores de tempo “muito especiais”...

Um relógio de Sol, conservador no sentir, quer lá saber disso da “hora legal”! Quer é o Sol de cada dia para desempenhar a sua função!

Uma ampulheta que deseja comemorar a ocasião e que pede para que lhe demos uma “viradinha” que ela de encarregará de lentamente deixar passar um a um os grãos de areia...

E o relógio de pulso da marca “Romano” em metal dourado e correia de pele natural? Bom esse magnífico relógio vindo ali das bandas do Cais do Sodré, pela mão do meu amigo Silva, do British Bar, esse para atrasar uma hora terei que o adiantar....

Alguns minutos depois das 2 horas, seriam então 1 hora e 5 minutos, o sossego voltou ao meu sótão, como é próprio do adiantado da hora.

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Comments:
... e eu aqui saboreando de suas sábias palavras enquanto aproveito de mais uma hora que chamamos de verão, mesmo que estejamos na primavera. Bons tempos aqueles em que relógios representava só uma joia preciosa dada pelo avôzinho.Recuso-me a falar em tempo, preciso de muito mais , ele vai indo em direção do infinito, fico com algum medo., Viktor.
O seu sótão vai também transpondo o virtual e me sinto aí, sentindo a revolta dos relógios.
E, nao tomei nem uma taça de vinho hoje, mesmo assim deliro, rsrsr
Enquanto aí o dia vai se levantar, aqui está a declinar e olhando pela janela,, há brisa e ceú escuro pode chover.
Escrever direto,sem pausas, essa é a razao porque nao escrevo nada no meu blog, gosto do meu silencio lá, enquanto aqui excedo nos comentários.
Bom domingo,bons abraços.
 
Belíssimas palavras.



abraços


Hugo
 
foi interessante ler esta teoria, mas estou sem palavras, apenas trisezas seguidas e grandes...
e o tempo está bom,mas o coração despedaçado...
boa seman, vicktor
beijinhos
 
Que forma tão original de descreveres a mudança da hora! Gostei tanto:)
 
Very interesting post.I like it.
Have a nice day.
 
Olá Vicktor!

Bonito e muito bem escrito este seu texto. Nele está latente o nosso modo de sentir, quando pensamos no o tempo, e em tudo o que ele representa para nós. Afinal, até nos podemos guiar, não só pelas máquinas mas, também, pelo pulsar da vida dos seres da natureza. Os melros que anunciam, pelo seu silêncio e quietude, o final da tarde. Mas muitos mais exemplos haverá a que só as almas sensíveis prestam atenção.

Aqui no meu prédio, também posso usufruir de um contador do tempo, certinho, mas muito pouco romântico, porque neste não se vislumbra poesia. O final do dia é anunciado pelo aumento dos sons e do bulício que se pressente nos apartamentos dos vizinhos. É o sinal de que chegaram do trabalho e estão de volta às suas casas, passadas umas horas restabelece-se o silêncio - já dormem.
Um beijinho.
 
Querida Lis

O tempo é infinito... nós é que caminhamos nele... é bom considerar a hipótese de ta acontecer até à eternidade..

Ainda não encontrei provas de que não sou eterno, nem eu nem nenhum dos seres vivos...

Muito ânimo para continuarmos a caminhada no tempo...

Beijinhos.
 
Amigo Hugo

Muito grato pelo teu comentário.

Abraço.
 
Querida Gaivota

Dói sempre saber essa novas... espero que rapidamente ultrapasses esye mau momento.

Beijinhos.
 
Querida Fatyly

Muito grato pelas tuas considerção e satisfeito por teres gostado.

beijinhos.
 
Dear Dyanna

Thanks for your visit and words about Oficina.

I kiss you.
 
Querida Milu

Bonito também este teu texto com que comentas a nossa passagem pelo tempo.

E acrescentas duas imagens fabulosas aos contadores de tempo....

Também eu tenho a felicidade de poder acompanhar o ciclo da vida diária dos melros...

Beijinhos.
 
Na impossibilidade de comentar tudo o que li por manifesta falta de tempo, deixo aqui o meu testemunho de mais uma agradável leitura.
Detesto esta hora de Inverno. Eu acerto o relógio, mas o meu relógio biológico nega-se a fazer o acerto pelo outro e todos os anos o meu corpo entra em conflito
Um abraço
 
Querida Elvira

Além do mais estas mudanças de hora não fazem o mínimo sentido em Portugal.

Mas nós estamos completamente "vendidos" às directrizes comunitárias.

Beijinhos.
 
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