Partilhar
sábado, novembro 14, 2009

a história do "tonino antonieta"

a banda do cidadão em acção
Vivências reais, contadas ao estilo de contos curtos, onde é posta a evidência a utilidade pública de um meio de comunicação rádio, muito em voga nas décadas de 80 e 90 do século passado. Chegaram a ser constituídas redes internacionais de emergência rádio com muitas acções humanitárias realizadas. Os governos dos diversos países do Mundo nunca viram com "bons olhos" este sistema, pois era um sistema de comunicações para todos, sem quaisquer tipos de fronteiras


D. José Pérez G., cura pároco duma aldeia da província de Palência é um grande amante das radiocomunicações. Amante de tal ordem que possui um transceptor da Banda do Cidadão.

Uma noite, faz algum tempo, há hora em que a frequência está cheia de "chamadas gerais", monsenhor José fez a sua por diversas vezes. Não obteve qualquer resposta. O Mundo, pelos vistos, parecia dormir calmamente à sombra da pomba da Paz.

Quando monsenhor José se preparava para descansar em paz com Deus, o seu equipamento de CB captou uma chamada de socorro.

A chamada de socorro SOS. Era um SOS angustiado da embarcação italiana "Tonino Antonieta" da praça de Génova: "Estamos à deriva na direcção da ilha de Ponza!".

O SOS era emitido em italiano, mas também em espanhol e em francês. O caso de "Tonino Antonieta" poderia ser uma tragédia como tantas e tantas embarcações desaparecidas misteriosamente no mar. Velhas tragédias de barcos que se não fora a preciosa ajuda de um rádio tinham empreendido a sua última viagem.

Monsenhor José escutou o apelo primeiro com surpresa, pois nunca havia sido posto perante problema semelhante. Depois reagiu e respondeu à chamada pedindo o indicativo e a confirmação do apelo. Tudo confirmado pediram lhe que retransmitisse a mensagem para as estações italianas.

Muito embora a chamada de socorro não tivesse clarificado a situação geográfica em que a embarcação se encontrava, nosso homem passou a retransmitir a mesma. Responderam lhe diversas estações italianas, prontificando se a comunicar o apelo às autoridades marítimas.

Pouco depois as comunicações com o "Tonino Antonieta" foram cortadas, na altura em que chegava a confirmação de que as autoridades militares italianas tinham dado ordem de saída a um rebocador da Capitania de Gaeta e de um horizonte da estação de socorro da Vagan di Valle. Também recebeu o aviso o vapor Sorrento, que fazia a travessia de Génova para Nápoles, informando que desviaria a rota para observar tudo o que fosse possível.

Depois de tudo isto, silêncio! Eram três horas da madrugada.

Alguns dias depois, Monsenhor José recebia os periódicos italianos "Il Tempo" e "Laboro", os quais davam conta da chamada de socorro recebida pelo cebeísta de Palência.

Explicavam igualmente como as autoridades marítimas italianas haviam mandado explorar durante três dias a latitude onde, aproximadamente, se poderia encontrar a embarcação italiana "Tonino Antonieta", com resultados negativos. Não obstante, enviavam os mais profundos agradecimentos, em nome da Itália, a Don José Perez G. que de tal maneira havia sabido cumprir o seu dever utilizando o seu pequeno emissor/receptor da Banda do Cidadão.

Todavia, hoje continua a ser um mistério o que se passou com a embarcação "Tonino Antonieta".

Foi um "barco fantasma" e a bordo ouviu se a ária "O Inferno", da Divina Comédia de Dante Alighieri? Iria o "Tonino" sem tripulação e governado pelo holandês errante com a sua alma no purgatório? Existiu realmente uma tragédia que hoje se encontra sepultada no fundo do oceano? Que algo de extraordinário aconteceu naquela noite o deixam adivinhar as notícias veladas da imprensa italiana.

Em todo o caso, o mistério do "Tonino Antonieta" ficará para sempre nas águas genovesas e nas ondas recolhidas por aquele pequeno transceptor duma aldeia de Palência.



[este texto faz parte de um projecto da Oficina das Ideias intitulado A CB EM ACÇÃO]

Comments:
Adoro histórias assim ,Vicktor com algum será, algum mistério pairando, quando a leitura termina.Águas longínquas , mares bravios,noite escura e um chamado de socorro, tudo convidn a fértil imaginação .
Que suas manhãs mesmo chuvosas e elas também são lindas ,lhe tragam muita paz.
Uma boa semana e um abraço
 
Querida Lis

São histórias muito interesantes, com algum fundo de realidade, que põem em destaque a utilização da banda do cidadão, aí no Brasil designada faixa do didadão, hoje em dia quase em desuso.

Beijinhos.
 
Fantástica história Vicktor. Adoro histórias destas. Ao lê-la não era capaz de parar, ansiosa que estava por saber o final que, felizmente ou infelizmente continuará para sempre um mistério. Mas como qualquer outro mistério podemos sempre dar-lhe o final que desejamos. Bjs
 
Adoro estas histórias cheias de mistério.
Um abraço
 
Mais uma página da tua compilação de lendas! Gostei imenso.
 
Querida Sara

É mesmo... podemos sempre idealizar um final para este mistério...

O mar é mesmo assim... cenário de tanta beleza e alegrias, mas igualmente de dramas e mistérios.

Beijinhos.
 
Querida Elvira

Mistérios que se perdem nas brumas dos tempos...

Beijinhos.
 
Querida Fatyly

Sinto grande prazer nestas pesquisas e depois o mais importante para mim... partilhar.

Beijinhos.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?