sexta-feira, fevereiro 26, 2010
em que pensas?
A chuva voltou a cair, primeiro, miudinha, “chuva de molha tolos”, depois em bátegas mais fortes, empurrada pelo vento que sopra de Sul, contra a vidraça num matraquear por vezes irritante de repetitivo que é.
Sempre que chove fico tristonho. Gosto de ver a chuva cair em dança ritmada ao sabor do vento. Gosto do cheiro da terra, telúrica transpiração, quando as primeiras chuvas caiem de mansinho. Mas, contudo, quando chove fico tristonho.
Lembro-me o tempo que passava quando criança a espera que o meu pai chegasse do trabalho. Parecia-me uma eternidade e ainda era mais dolorosa a espera em tempo de invernia. E eu ali de rosto esborrachado contra a vidraça da janela a esperar.
Os vultos a meios-tons delineados pela chuva que caia pareciam-me fantasmagóricos. Amedrontavam-me, ficava tristonho e o meu pai tardava em chegar.
A minha mãe sempre me perguntava: “_Porque estás triste?” e a resposta era invariavelmente “_Á pá!” (como eu pretendia que me entendessem no “estou à espera do meu pai).
Por isso sempre fico tristonho quando chove vestindo os dias de primavera de trajes pardacentos, invernosos. Não é que eu desgoste de ver chover, mas que fico tristonho, lá isso fico.
Sempre que chove fico tristonho. Gosto de ver a chuva cair em dança ritmada ao sabor do vento. Gosto do cheiro da terra, telúrica transpiração, quando as primeiras chuvas caiem de mansinho. Mas, contudo, quando chove fico tristonho.
Lembro-me o tempo que passava quando criança a espera que o meu pai chegasse do trabalho. Parecia-me uma eternidade e ainda era mais dolorosa a espera em tempo de invernia. E eu ali de rosto esborrachado contra a vidraça da janela a esperar.
Os vultos a meios-tons delineados pela chuva que caia pareciam-me fantasmagóricos. Amedrontavam-me, ficava tristonho e o meu pai tardava em chegar.
A minha mãe sempre me perguntava: “_Porque estás triste?” e a resposta era invariavelmente “_Á pá!” (como eu pretendia que me entendessem no “estou à espera do meu pai).
Por isso sempre fico tristonho quando chove vestindo os dias de primavera de trajes pardacentos, invernosos. Não é que eu desgoste de ver chover, mas que fico tristonho, lá isso fico.
Etiquetas: pequenas estórias
Comments:
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Penso que neste momento a maior parte das pessoas está cansada da chuva, do vento forte , do frio... não estamos habituados a este tipo de clima.
Mas os dias bonitos de Primavera não tardam...vão chegar!
Abracinho
Mas os dias bonitos de Primavera não tardam...vão chegar!
Abracinho
Olá Vicktor!
Esta tua história comoveu-me, porque me reportou para uns tempos em que também eu esperava pela minha mãe, que parecia nunca mais chegar. A minha mãe tinha um turno que se prolongava quase até à meia noite, de maneira que o meu pai chegava a casa muito mais cedo. Como era Inverno, chovia e fazia bastante frio, o meu pai enfiava-se na cama e eu ia para o pé dele, não sei se chegava a adormecer, lembro-me, isso sim, das longas esperas pela minha mãe, porque estar com o meu pai era quase a mesma coisa que estar sozinha, visto que ele não era dado a conversas, perdia-se nos próprios pensamentos. De vez em quando perguntava-lhe se ainda faltava muito para a minha mãe chegar, ao que me respondia que estava quase a chegar, o que me fazia alegrar o coração, porém, mais uma infinidade de tempo se haveria de passar, até que em dada altura, a porta da rua se abria, que era a mesma coisa que se abrirem as portas do céu, logo saltava da cama, da companhia ensimesmada do meu pai e corria a cheirar a minha mãe, era o cheiro que eu mais lhe conhecia, que me era mais próximo, porque naquele tempo os pais não eram muito dados a afagos aos filhos, ou porque nem tempo tinham para isso, ou porque não desejavam demonstrar a profundidade dos seus sentimentos. Era mais fácil darem-nos um tabefe do que um beijo, contudo, amavam os filhos, no fundo, todo estes afectos mal resolvidos eram muito próprios daqueles tempos, em que se tinham muitos filhos, porque representavam mão de obra barata!
Um beijinho.
Esta tua história comoveu-me, porque me reportou para uns tempos em que também eu esperava pela minha mãe, que parecia nunca mais chegar. A minha mãe tinha um turno que se prolongava quase até à meia noite, de maneira que o meu pai chegava a casa muito mais cedo. Como era Inverno, chovia e fazia bastante frio, o meu pai enfiava-se na cama e eu ia para o pé dele, não sei se chegava a adormecer, lembro-me, isso sim, das longas esperas pela minha mãe, porque estar com o meu pai era quase a mesma coisa que estar sozinha, visto que ele não era dado a conversas, perdia-se nos próprios pensamentos. De vez em quando perguntava-lhe se ainda faltava muito para a minha mãe chegar, ao que me respondia que estava quase a chegar, o que me fazia alegrar o coração, porém, mais uma infinidade de tempo se haveria de passar, até que em dada altura, a porta da rua se abria, que era a mesma coisa que se abrirem as portas do céu, logo saltava da cama, da companhia ensimesmada do meu pai e corria a cheirar a minha mãe, era o cheiro que eu mais lhe conhecia, que me era mais próximo, porque naquele tempo os pais não eram muito dados a afagos aos filhos, ou porque nem tempo tinham para isso, ou porque não desejavam demonstrar a profundidade dos seus sentimentos. Era mais fácil darem-nos um tabefe do que um beijo, contudo, amavam os filhos, no fundo, todo estes afectos mal resolvidos eram muito próprios daqueles tempos, em que se tinham muitos filhos, porque representavam mão de obra barata!
Um beijinho.
Tens o meu colo, Vicktor , a distancia e distancia daí. Os sentimento assim são passageiros, só saudades... passa,tá bom?
muitos abraços
muitos abraços
Querida Maria Teresa
Estou a responder ao teu comentário e a ouvir a passarada alegre e cantaroladora ali no espaço exterior.
É a Primavera, sem dúvida...
Beijinhos.
Estou a responder ao teu comentário e a ouvir a passarada alegre e cantaroladora ali no espaço exterior.
É a Primavera, sem dúvida...
Beijinhos.
Querida Milu
Um comentário tão rico que com ele me sinto honrado.
São bonitas as nossas memórias...
Beijinhos.
Um comentário tão rico que com ele me sinto honrado.
São bonitas as nossas memórias...
Beijinhos.
Querida Sara
As andorinhas já chegaram a Valle de Rosal... a Primavera vem nas suas asinhas...
Beijinhos.
As andorinhas já chegaram a Valle de Rosal... a Primavera vem nas suas asinhas...
Beijinhos.
E agora, por vezes, o coração aperta-me a corpo quando penso que está alguem à espera de mim... da mãe... de mim enquanto mãe....e quando me demoro pelos caminhos dos afazeres que futuramente darão frutos para todos, ela olha-me marota e diz: mamãaaaaaaaaaaaaa... Num acto de satsfação de quem diz, enfim chegas-te!
Ainda choro a ler-te... Sinal que sou piegas... sinal que és muito bonito...
Ainda choro a ler-te... Sinal que sou piegas... sinal que és muito bonito...
Querida Maçãzinha
Nem és piegas... nem mereço tanto de ti...
És uma mulher... mulher-mãe... mulher-amante... mulher-amiga... de tamanha sensibilidade que eu sei em ti.
Beijo-te.
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Nem és piegas... nem mereço tanto de ti...
És uma mulher... mulher-mãe... mulher-amante... mulher-amiga... de tamanha sensibilidade que eu sei em ti.
Beijo-te.
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