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sábado, março 13, 2010

a lenda da moura prisioneira

lendas das terras visitadas
De medos e fantasias, de desejos e imaginação, criaram-se em tempos imemoriais estórias que a razão desconhece. No aconchego da lareira ou na árdua labuta diária, quantas vezes de sol a sol, foram percorrendo os saberes de gerações. O viajante andarilho recolhe e partilha as “lendas das terras visitadas” ouvidas às suas gentes.



Contam os mais antigos…

No tempo de D. Afonso Henriques, aquando da expansão do reino para além do Tejo, travou-se violenta peleja entre os seus soldados comandados por Geraldo Sem Pavor e os mouros que habitavam o termo do que hoje se chama Evoramonte. Daí resultou serem muitos mouros feitos prisioneiros, outros conseguiram refugiar-se nos montes envolventes da Serra d’Ossa.

Entre os mouros aprisionados pelas tropas de Geraldo estava uma bela jovem cujo casamento estava há muito aprazado com o rico e nobre cavaleiro mouro que conseguiu pôr-se em fuga para continuar a lutar valorosamente pelo seu povo. O sonho venturoso entre os dois amantes não foi, assim, realizado, e o tempo passou inexoravelmente.




Sonhou o cavaleiro mouro que um dia voltaria a encontrar a sua amada quando regressasse coberto de louros colhidos no campo da honra e por isso, ele, o jovem guerreiro, com todo o garbo, se arremessou contra as hostes inimigas.

Foi a fortuna da guerra adversa aos mouros e a situação era cada vez mais grave para os desventurados prisioneiros, especialmente para a formosa moura, cujo sofrimento era agravado por não saber novas do seu amado.

Não resistiu a linda moura por muito tempo a tão triste e cruel situação porque o definhamento do seu organismo, cansado por tamanhos desgostos, a tombou bem depressa na sepultura. Assim terminou a vida desta graciosa agarena, que teve por tálamo a terra fria da sepultura e por flores, que simbolizassem a sua virgindade, as lágrimas amargas dos seus compatriotas.

No dia imediato a este triste acontecimento, de madrugada, as vigias que a esta hora estavam nas muralhas, avistaram a meio da ladeira da vila - sitio que hoje é conhecido por Alpedriches - sobre uma rocha em forma de leito, um homem que parecia adormecido. A curiosidade imediatamente os levou lá e viram então que era um jovem mouro, o noivo de bela moura que havia falecido no mesmo momento do desenlace da sua amada.

A desdita do mouro comoveu os cristãos, que lhe deram sepultura junto á de sua linda noiva e assim os dois amantes alcançaram na morte o que a vida lhes negara - a união.




A rocha onde foi encontrado o mouro chama-se desde então, e por esse facto, a “cama do mouro”. Diz-se ainda que a moura, na noite de S. João á meia-noite, aparece no Poço do Clérigo penteando as suas louras tranças e entoando uma triste e dolente canção de amor, e nós encontrámos estas belas flores, quiçá um sorriso destes eternos amantes.



Recreado a partir dos que nos conta o “Almanaque Évoramontense, 1917” e do que no local sentimos e nos contaram os mais velhos.

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Comments:
Incrível , mais ainda gosto dessas lendas de paixão arrebatadora.
Não se faz mais amor como antigamente! e não há paixão que nunca se acabe como desses dois.Pena era lindo! rss
abraços
 
Neste caso será "até que a morte os una". São muito comuns na nossa tradição oral as histórias de amor contrariado que terminam com a morte dos amantes. Nas suas campas, depois, crescem flores que se vão abraçar. Talvez sejam as flores da tua foto...

Bj
Rita
 
Querida .Lis

Assim me contam nas terras que vou visitando... acho que mouras encantadas continuam a existir.

Por vezes negamo-nos a vê-las...

Beijinhos.
 
Querida Rita

Eu assim julguei sentir... que era e grande amor a florir.

Beijinhos.
 
Mais uma bonita lenda de amor e tragédia mas gosto mais de finais felizes. Bjs
 
Querida Sara

Eu também gostaria de um final com muita cor...

...mas foi assim que me contaram.

Beijinhos.
 
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