quinta-feira, abril 22, 2010
meu brasil brasileiro
Os portugueses descobriram o Brasil faz hoje 510 anos. Melhor, deixando para trás a visão euro centrista que durante séculos nos acompanhou, os portugueses acharam o Brasil há 510 anos. Pedro Álvares Cabral foi o nome que os cronistas registaram, é esse que faz a fé histórica que nos foi ensinada.
Conheci o Brasil há cerca de meia centúria, ainda não o achei mas um dia acontecerá, pela pena de Jorge Amado, proscrita das livrarias portuguesas por acção da censura salazarenta. Ahhh!!! “Os Subterrâneos da Liberdade”. Mas também nos romances de Graciliano Ramos e nos escritos de Josué de Castro e nos estudos do antropólogo Egon Schade.
E desde então fiquei a amá-lo. Aliás, sentimento recíproco expressado objectivamente pela liderança que os blogueiros brasileiros têm entre os visitantes desta modesta Oficina das Ideias.
Por muitos considerada a primeira peça literária da Literatura Brasileira, a “Carta de Pêro Vaz de Caminha”, dirigida ao rei D. Manuel I, começa assim:
“Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei-de falar começo e digo:
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de Março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o dito de Pêro Escolar, piloto.
Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de Abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz.
… …. …
Pêro Vaz de Caminha”
Conheci o Brasil há cerca de meia centúria, ainda não o achei mas um dia acontecerá, pela pena de Jorge Amado, proscrita das livrarias portuguesas por acção da censura salazarenta. Ahhh!!! “Os Subterrâneos da Liberdade”. Mas também nos romances de Graciliano Ramos e nos escritos de Josué de Castro e nos estudos do antropólogo Egon Schade.
E desde então fiquei a amá-lo. Aliás, sentimento recíproco expressado objectivamente pela liderança que os blogueiros brasileiros têm entre os visitantes desta modesta Oficina das Ideias.
Por muitos considerada a primeira peça literária da Literatura Brasileira, a “Carta de Pêro Vaz de Caminha”, dirigida ao rei D. Manuel I, começa assim:
“Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei-de falar começo e digo:
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de Março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o dito de Pêro Escolar, piloto.
Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de Abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz.
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Pêro Vaz de Caminha”
Etiquetas: meu brasil
Comments:
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Vicktor
Já faz algum tempinho que nao consigo ter tempo disponível pra calmamente como mereço rs e o texto merece também le-los todos. Mas essa carta de Pero Vaz de Caminha gosto demais.E essa data é demais interessante, descobrem terras habitadas por homens nús que vivem do nada , pescando e comendo dos frutos sabe-se lá quem plantou! rs
E aí lógico começa a história ! alguns historiadores questionam se houve descobrimento, claro que sim , e se foi apoderado como dominio portugues porque não? se os habitantes eram selvagens e a terra produtiva como nao administrá-la ? todos queria, franceses, espnhoies, ingleses , akinda bem que ficamos nas maos dos portugueses ! eu gosto de passar pelo centro do Rio de Janeiro e ver a arquitura magnífica deixada pelos portugueses . Temos coisas lindas aqui , graças aos portugueses.
O Brasil é lindo demais, suas terras produzem tudo que plantar, seu povo é bom , ( falta bons politicos talvez herança negativa dos tempos da colonização ) aí também a coisa é dificil que eu sei rs
E Portugal que eu amo muito é a grande Patria !
abraços, obrigada pelo carinho
Já faz algum tempinho que nao consigo ter tempo disponível pra calmamente como mereço rs e o texto merece também le-los todos. Mas essa carta de Pero Vaz de Caminha gosto demais.E essa data é demais interessante, descobrem terras habitadas por homens nús que vivem do nada , pescando e comendo dos frutos sabe-se lá quem plantou! rs
E aí lógico começa a história ! alguns historiadores questionam se houve descobrimento, claro que sim , e se foi apoderado como dominio portugues porque não? se os habitantes eram selvagens e a terra produtiva como nao administrá-la ? todos queria, franceses, espnhoies, ingleses , akinda bem que ficamos nas maos dos portugueses ! eu gosto de passar pelo centro do Rio de Janeiro e ver a arquitura magnífica deixada pelos portugueses . Temos coisas lindas aqui , graças aos portugueses.
O Brasil é lindo demais, suas terras produzem tudo que plantar, seu povo é bom , ( falta bons politicos talvez herança negativa dos tempos da colonização ) aí também a coisa é dificil que eu sei rs
E Portugal que eu amo muito é a grande Patria !
abraços, obrigada pelo carinho
Não há como não gostar do Brasil e do seu povo maravilhoso e tão lutador (vivi lá quase três anos). Tomara que os portugueses de hoje deixassem de ser um povo triste e cinzentão e que se tornassem conquistadores "por um futuro melhor" e cheios de garra de outros tempos, não na conquista opressiva sobre outros povos, mas numa de dar as mãos e TODOS JUNTOS APRENDERMOS e APREENDERMOS o que cada um tem de melhor.
Falo por pertencer a um triângulo em que ficou um pouco de mim em cada lado: Angola - Brasil - Portugal!
Obrigado por este momento de leitura e reflexão
Falo por pertencer a um triângulo em que ficou um pouco de mim em cada lado: Angola - Brasil - Portugal!
Obrigado por este momento de leitura e reflexão
Querida .Lis
Amo demais o Brasil... e não sei responder claramente o porquê.
Pouco a pouco fui aprendendo Brasil... sua terras e suas gentes.
Beijinhos.
Amo demais o Brasil... e não sei responder claramente o porquê.
Pouco a pouco fui aprendendo Brasil... sua terras e suas gentes.
Beijinhos.
Querida Fatyly
Pertences a um triângulo mágico... é uma riqueza enorme...
Sentes certos pormenores como ninguém, tenho a certeza.
Beijinhos.
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Pertences a um triângulo mágico... é uma riqueza enorme...
Sentes certos pormenores como ninguém, tenho a certeza.
Beijinhos.
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