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quinta-feira, maio 20, 2010

vinho tinto

Quando falamos de vinhos, numa roda de amigos interessados no assunto, é frequente vir à conversa o facto de ser mais importante a qualidade do que a quantidade do néctar degustado, sabendo-se à partida que haverá, forçosamente, diferenças nos preços da respectiva aquisição.

“Vale mais beber um copo de vinho excelente do que ingerir uma maior quantidade de vinho de mais fraca qualidade”.

Beber um vinho de excelência é um acto de bom gosto, desde que feito com moderação, apreciando todas as suas características de aroma, de sabor, de cor e de brilho. Quanto importante é um “final de boca” agradável, por vezes com uma certa adstringência que, sem dúvida, muito irá contribuir para uma boa refeição.

Aliás, há entendidos nestas coisas de vinhos, nós não passamos de modestos amadores, que defendem que o primeiro acto de uma refeição será a escolha do vinho e, só depois, a selecção das vitualhas que melhor “casem” com esse vinho.

A preocupação sobre a qualidade dos vinhos não é coisa nova nem sequer o seu controlo uma “invenção” das entidades de segurança alimentar hoje tão em evidência nos meios de comunicação social. A “nobreza” assim o exige.

Em posturas da Câmara Municipal de Almada datadas do século XVIII, mais concretamente de 1750 fomos encontrar:

“[190]
Postura que toda a taberneira ou qualquer outra pessoa que comprar vinho para tornar a vender a pipa que ahy receber o vinho será afillada e marcada pello juiz do officio desta villa.

Acordaram os ditos officiais e homens bons e puzerão por postura que toda a taberneira ou /fl. 67 v./ qualquer outra pessoa asim desta villa como do seu termo que vinho comprar para vender, a pipa com que mercar o vinho será marcada pello juiz do officio desta villa, e o que o contrario fizer, ou lhe for achada a tal pipa sem a dita marca pagará mil reis e da cadeya e metade para o concelho e a outra metade para quem o accuzar, e a pipa será queimada” .


A propósito do vinho e do beber vinho gosto de retirar sempre do meu baú de memórias uma história simples que para mim foi muito marcante, ao ponte de a recordar quando já passaram sobre ela quase sessenta anos.

Um dia, como acontecia com frequência, fui fazer um recado à minha mãe. Fui à Cova Funda, designação dada à taberna do senhor Silva que ficava a cerca de duas ou três dezenas de metros da nossa casa, comprar uma garrafa de vinho para a refeição dos adultos da casa.

Um cliente habitual do copo de vinho encostado ao balcão corrido de pedra mármore pedia: “Ó Silva, dá-me um copo de três!” Acto contínuo após ser servido deitou a mão ao copo que de seguida caiu e se estilhaçou em mil pedaços espalhando o vinho pelo chão de pedra da taberna.

“Então ó Silva pedi-te um copo de três, deste-me um copo de dois... já tenho a mão feita para a medida, este foi parar ao chão...”

Foi gargalhada geral. O que acontece é que este cliente não seguia a recomendação de que “vale mais beber um copo de bom vinho do que muitos de zurrapa”.

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Comments:
Um bom vinho ,uma taça pra celebrar a vida.
Fica prometido Vicktor!
Gostei do conto.
tim tim .. rs
 
Não gosto de vinho, mas adorei este teu conto:)
 
Querida .Lis

Não chega o tempo de tal celebração, hem?

Beijinhos.
 
Querida Fatyly

Grato pelas palavras. Animam a continuar.

Beijinho.
 
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