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sábado, abril 21, 2007

redondo, no alentejo profundo

o meu caderno de viagens
Pequenos apontamentos rabiscados num caderno de viagem e agora partilhados com os leitores. Os sítios, as gentes, os costumes e as curiosidades observados por quem gosta mais de viajar do que de fazer turismo



Faz parte do ritual das visitas ao Redondo, no coração do Alentejo português, subir até ao Largo do Pelourinho e aí procurar caminho para o restaurante O Barro, para um almoço reconfortante. O local do repasto distribuído por dois pisos é agradável na decoração e acolhedor por parte das pessoas que lá trabalham.

Desta vez, a minha opção para o prato principal foi para uns Pézinhos de Coentrada, de longe a minha preferência na cozinha alentejana, confeccionados com arte e saber, a preceito como soe dizer-se, em que além dos coentros se sentia um ligeiro sabor a poejos. Uma delícia.

Nas entradas os mimos da região, queijos e enchidos, e na sobremesa a sericá com a ameixa a completar. Acompanhei a refeição com vinho da Adega Cooperativa do Redondo. O serviço é agradável e com o café vem a oferta da casa, nozes para partir ao momento ou bolinhos caseiros e o incomparável licor de poejo que tão bom é como digestivo como servido como aperitivo para fazer “boca” à deliciosa comida alentejana.

Estômago confortado, calçada abaixo na direcção da Olaria Maquinista, o próximo destino.

As peças de olaria que são produzidas pela família Maquinista aproximam-se mais do estilo da loiça de São Pedro do Corval do que da produzida localmente. Apresentam, contudo, muita inovação e bom gosto ao que não é estranha a presença e laboração de muitas jovens sentadas a roda do oleiro e na mesa de pintura.

Claro, que estas peças, moldadas com afecto e com arte, comportam muitos segredos que passam de geração em geração, no seio familiar. O pouco que conseguimos saber, os 14 passos da sua manufactura, aqui ficam partilhados.

1 - Moldar na roda do oleiro
2 - Seca ao sol forte do Alentejo
3 - Limpar com uma esponja húmida
4 - Tintar com caulino para marcar
5 - Secar a pintura do caulino
6 - Riscar o desenho pelo artista da casa
7 - Pintar o desenho; as ajudantes pintam os cheios
8 - Limpar os excessos de tinta
9 - Enformar para cozer
10 - Primeira cozedura a 960 graus
11 - Dar o vidrado
12 - Limpar os fundos
13 - Cozer no forno o vidrado a 1060 graus
14 - Desenformar

As belas peças da tradicional loiça do Redondo, com a variante de São Pedro do Corval, ficam prontas a serem apreciadas pelos amantes de tão bela cerâmica.

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