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terça-feira, maio 01, 2007

primeiro de maio

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório



Há dias no ano que são assim mesmo. Parece que se reúnem condições especiais para que nesses dias coincidam uma série de acontecimentos aparentemente desconexos entre si, mas que encontraremos alguma explicação se aprofundarmos as suas origens até eras imemoriais, muitos já debotados pela neblina do tempo que passa.

É o que acontece com o dia 1 de Maio, as mais das vezes designado por 1º de Maio, onde além do dia de luto, de luta, mas também de esperança que é o Dia Mundial do Trabalho, se comemoram, igualmente, a tão portuguesa Festa das Maias e a esotérica Dia de Beltane.



Dia Mundial do Trabalhador

“A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” – Perseu Abramo

O Dia Mundial do Trabalho foi instituído em 1989 como homenagem à Greve Geral realizada em 1 de Maio de 1886, em Chicago, em que milhares de trabalhadores vieram para a rua em protesto contra as condições de trabalho desumanas a que eram sujeitos e exigindo a redução da jornada de trabalho de 12 para 8 horas.

Não foi, contudo, uma manifestação tranquila, pois a repressão ao movimento foi dura tendo resultado prisões, feridos e mesmo mortos nos confrontos entre a polícia e os operários.

Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade decorreram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos o dia 1º de Maio foi declarado Dia Mundial do Trabalho.

Festas das Maias

No “último de Abril” o Povo prepara bonitos ramalhetes de giestas, conhecidas no Douro, Minho, Beira Alta e outras regiões por Maias, essas flores amarelas (quase doiradas) que bordejam os caminhos anunciando a Primavera, para colocarem nas portas e janelas como manda a tradição. Ao “virar do dia” logo nos primeiros segundos do dia 1º de Maio já as casas se encontram engalanadas de flores amarelas.

Leite de Vasconcelos chama a este acontecimento o “enramalhamento” das portas.

Com isso, assim diz a tradição, se pede que “haja fartura na casa e na família”, “o mau olhado seja afastado”, “as bruxas não incomodem”...

Na tradição, vinda das brumas dos tempos, muitas são as lendas ligadas a este acontecimento, algumas ligadas a rituais da fertilidade de tempos remotos e que, como em tantas outras situações o Cristianismo adoptou.

“Não consegues lutar contra tradições pagãs, adopta-as como tradições religiosas”

Muito ligado a esta tradição das “Maias” está o designado Maio-Moço, também ele ligado à força renovadora da juventude, a fertilidade e às coisas novas: grupos de jovens acompanham em grande correria um moço coberto de giestas floridas (o Maio-Moço) e enquanto canta a “Canção de Maio” o moço grita “Viva! Viva! Viva!”, conforme nos descreve o P. Rebelo Bonito.

[se gostam de musica tradicional portuguesa não percam MAIO-MOÇO]


Festa de Beltane

Esta festa tem origem no antigo Festival Druida do Fogo, onde se celebra o retorno do sol (do Deus Sol) e baseado na Floralia dos romanos, dedicada às flores. O 1º de Maio era o dia em que os antigos romanos penduravam grinaldas de flores (seriam maias?) diante dos seus altares em honra dos espíritos que protegiam as famílias e as casas.

No dia de Beltane o sol está, astrologicamente, no signo de Touro e marca a “morte” do Inverno, o “nascimento” da Primavera e o Verão já aqui tão perto. Depois do pousio, vem o plantio... o Verão amadurece as sementeiras e as pessoas.

Dança-se de maneira alegre, usam-se vestimentas brilhantes como a Primavera. Há mesmo quem prefira não usar roupa. Os corpos ficam cada vez mais juntos, entrelaçam-se fitas coloridas simbolizando a união do feminino e do masculino. A sensualidade emerge e o poder fertilizador da Primavera atinge o seu auge e objectivo.

Os alimentos pagãos tradicionais desta época são os frutos vermelhos (cerejas, morangos, amoras), saladas de ervas, ponche de vinho rosado ou tinto, e bolos redondos de cevada.

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