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domingo, agosto 19, 2007

cabelos brancos

sentires da praia do sol
Nas caminhadas ou na simples contemplação na Praia do Sol extravasamos todos os nossos sentires no azul do mar, no doirado das areias, nos odores da maresia




O mar chegou de mansinho em lento deslizar, sensual sobre a doirada areia, desfazendo-se em milhões de gotícolas prateadas, para logo se retirar na timidez de quem ousou uma furtiva carícia.

À sétima onda, uma onda de magia que é assim que é natural o ritmo das marés, o mar foi mais forte e sentiu a macieza dos pés de uma mulher que percorria tranquilamente a orla de espuma que ia ficando depositada na areia, em resultado do fluxo e refluxo das águas do oceano.

A mulher sentiu um estranho arrepio reagindo a esse mais forte contacto. Sem dúvida não era alheia a este sentir a frieza da água e o inesperado do contacto. Contudo, manteve-se essa estranha sensação quando viu que o mar havia depositado a seus pés um maravilhoso leque, tampa de uma concha de vieira.

Depois, o mar recuou até uma lonjura nunca antes vista num claro convite a cumplicidades que trouxe ao pensamento da mulher um velho marinheiro que perdido nos sonhos de um mirante que é sótão tanto lhe falara no grande amor sentido por esse mar tão belo.

Na praia, uma pequena multidão usufruía daquela manhã soalheira, e a mulher vislumbrou lá longe uma cabeça de homem coberta de brancos cabelos... é o marinheiro!! E correu, correu... Tropeçou num pedaço de madeira abandonado, desviou-se de muita gente que se atravessava no seu caminho... aproximou-se do ancião. “É o marinheiro!”

Quando lhe viu o rosto foi a desilusão: era outra pessoa. Mais além, mais cabelos brancos... e correu... a mesma nota de tristeza e de desilusão... E mais outro, e mais outro... havia muitos cabelos brancos mas não eram conhecidos...”.

Rolaram lágrimas pelo seu rosto bonito, mas com o olhar triste e ensombrado. Lágrimas de sal? Aqueles olhos somente podem deixar fugir lágrimas de mel... E aquele cheirinho do mar...

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Comments:
amigo victor

há mais marés do que marinheiros...
à sétima onda é fatal. ocorrem-nos instantes de cumplicidade odores a maresia.

quem é o amor do mar afinal?

qual sereia procurando neptuno enrolada nos corais da desesperança...

resta-nos o azul!eterno.

bj
 
Que história triste...e tantos cabelos brancos nesse dia na praia!! que dor deve ter sentido ao tropeçar no pedaço de madeira abandonado !!!bjs
 
A maresia é inspiradora de muitos sentires. Não admira pois que o mar (marinheiro) ame profundamente a areia (bela ninfa de duas margens)...
É o eterno renovar das marés...
Beijinhos.
 
Querida Lila
Uma história triste que o mar tem sempre capacidade de entender quando o homem de cabelos brancos tanto lhe quer.
Beijinhos.
 
Oi, Victor!

Lindo conto, embora fale de tristeza, fala também de esperança, fala da beleza, e da sensibilidade, e sobretudo do mar...Ah o mar, molhando os pés como acontece aqui nas minhas caminhadas matinais.

Beijos

Gwen
 
Querida Gwen
Este é na verdade um mágico mar de que tenho o privilégio de receber muita cumplicidade.
Beijinhos.
 
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