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sábado, agosto 25, 2007

trovejou forte em valle do rosal

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório




Já ia alta a madrugada quando, de súbito, o vento que soprava forte até então, mudou de direcção, passou a soprar de Leste, e desfez-se em acalmia. Notou-se um nítido aumento de temperatura e a passarada que há muito estava silenciosa, agitou-se, ouvindo-se um chilrear colectivo.

Depois, de novo, o silêncio. Silêncio profundo que se fazia “ouvir”, que nos tornava atentos e expectantes. De seguida um “brum-brum” continuado e crescendo. Uma forte trovoada desabava sobre Valle do Rosal. Trovoada seca como tantas vezes acontece no mês de Agosto em Portugal.

Muita gente teme estas trovoadas secas em época de Verão. Muitas vezes são origem de violentos incêndios florestais (agora os serviços oficiais chamam-lhes “ignições”), mas sempre me fazem lembrar um adágio popular:

“Trovoadas em Agosto, abundância de uva e mosto”

Recuando à minha meninice bem me lembro de a minha tia-avó, a Ti Conceição, idosa senhora que vivia em Fernandinho, na região Oeste de Portugal, me tranquilizar quando por lá se abatiam violentas trovoadas secas contando-me histórias e encantar, que sempre tinham um fundo de verdade que a tradição absorvera.

Contava, então, a minha Ti Conceição, que as trovoadas secas eram boas para “rebentar” as nascentes de água que assim garantiam a sua abundância para os tempos vindoiros.

Procurei documentar-me sobre este facto mas somente consegui guardar e partilhar esta memória que me ficou das férias passadas nos anos 40 e 50 do século passado por essas terras saloias.

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