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quarta-feira, outubro 17, 2007

jantar no apotek

o meu caderno de viagens
Pequenos apontamentos rabiscados num caderno de viagem e agora partilhados com os leitores. Os sítios, as gentes, os costumes e as curiosidades observados por quem gosta mais de viajar do que de fazer turismo



A viagem de autocarro, entre Budapeste e Keszthely, junto às margens do Lago Balaton, realizou-se ao fim da tarde, após a chegada dos restantes companheiros da jornada, vindos dos mais diversos países da Europa. O percurso feito na sua quase totalidade em auto-estrada decorreu de forma agradável, com uma paragem para café e desentorpecimento de pernas numa área de serviço perto de Siófok.

Chegados a Keszthely já noite cerrada houve que proceder à nossa instalação no hotel, um autêntico palácio que havia sido adaptado à indústria hoteleira e à realização de grandes eventos, de um modo geral com o patrocínio governamental. Depois... procurar onde jantar que a hora já se fazia tardia e nada conhecíamos desta pacata cidade, especialmente, na época outonal, que era o caso.

O nosso grupo, nove pessoas, nós próprios, mais três casais vindos da Catalunha e o sempre solteiro e bem disposto Vicent, lá partiu à descoberta de um local onde jantar. Algo típico, foi a opinião da maioria. O restaurante Apoteke (farmácia) foi o escolhido.

Entrámos, no que mais parecia uma caverna talhada em bruto na pedra. Excelente decoração e ambiente. Éramos os únicos clientes, pata um único empregado, mais as gentes da cozinha.

Nós constituíamos uma equipa poliglota. Falávamos português, castelhano, catalão, francês, inglês e, até, alemão. O empregado somente húngaro. A lista estava escrita unicamente em húngaro. Por sinais nos entendíamos. Mas nada mais. Que escolher para a tão desejada refeição.

Uma ideia peregrina, digna desta Oficina, digo eu. Vamos encomendar “um de cada da lista”. E assim foi. Devem calcular as surpresas que tivemos. O quanto a nossa experiência gastronómica aumentou. Foi um jantar inesquecível.

Uma nota final. No meio de tantas especialidades húngaras, de tantos molhos e condimentos esquisitos, a diversos milhares de quilómetros de Portugal, o meu olhar foi atraído para um pequeno frasco amarelo de tampa vermelha: mostarda Savora, fabricado em Loures, Portugal.

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Comments:
Seguramente, escolhendo da lista um prato de cada (e não terá chegado a muito pois as ementas na Hungria parecem listas telefónicas), a alguém tocou um "porkölt" e a alguém tocou "Maj" e provavelmente alguém teve que "levar" com uns cubinhos de pulmões de porco cozidos e servidos em molho de natas...
"Apoteke" realmente significa farmácia em alemão (Apoteka, se for alemão da Áustria). Em Húngaro farmácia seria "Gyógyszertár" ou em alguns casos, "Patika" (mais para produtos naturais e medicinais)
 
Amigo James
Os seus comentários sobre as vivências na Hungria são sempre extremamnete enriquecedores e me encantam. Obrigado por isso.
Gostaria que me comentasse, se por bem achasse as considerações que fiz no seu blog sobre as camas na Hungria... não sei se todas serão como as que conheci e que lhe referenciei.
Um abraço amigo.
 
Caro amigo, é certo que li a sua descrição sobre as camas do Palácio.
Prefiro não comentar com hipóteses de errar (assim estarei a inventar e falar do que não sei).
Na verdade as camas encastradas ("enfiadas") nas paredes, sinceramente nunca vi, pois que não fui aos quartos desse palácio em Keszthely. O outro Palácio, no mesmo género que conheço por dentro é em Gödölö, perto de Budapest, mas esse foi mandado construir pela Imperatriz Isabel, austríaca, logo o mobiliário é distinto.
Uma coisa sei, algo de muito único verifiquei nas camas dos quartos em geral na visita ao museu "etnografico" de "Skanska", no Municipio de Szentendre, a norte de Budapest.
Este museu consiste num parque onde foram construídas centenas de casas de diversas regiões do país, de eras diferentes, desde as "tendas" de acampamentos das tribos "magyar" até aos "colonos" da Sérvia, casas de agricultores, ferreiros, sapateiros, escolas... um museu muito interessante.
Mas como lhe digo. o que me despertou à atenção foram as camas... normais em estrutura, mas muito pequenas e estreitas (admiravelmente estreitas). Por exemplo digo-lhe que em comprimento, eu nao caberia nelas com os pés dentro, e em largura, o tamanho de casal é identico ao de singular de hoje-em-dia.
O que me fez confusão foram os colchões, supostamente de "palha" e tão "gordos" que me pareciam ter quase um metro de altura, mas não uniforme (como se debaixo dos lençois estivesse uma pessoa gorda a dormir, entende?).
Sim, as camas da Hungria têm algo incomum, as da antiguidade, claro.
Pois as actuais, são do IKEA...
 
Deliciosamente,vou saboreando a trajetória de vocês,e apreendendo com os comentários sobre a HUngria
Ligia
 
Amigo James
Como de costume um comentário extremamente enriquecedor. Muito obrigado em nome do "pessoal" aqui da Oficina e dos nossos queridos leitores.
Um abraço.
 
Querida Lígia
Sou um amante da Hungria que já visitei por três vezes, mas na realidade o nosso amigo James dá-nos sempre uma contribuição fantástica.
Beijinhos.
 
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