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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

a mata dos medos

Inserida na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, a Mata dos Medos consiste num vasto aglomerado arbóreo que foi mandado semear pelo rei D. João V, com o objectivo de fixar as areias das dunas sujeitas ao efeito de erosão dos ventos e que invadiam os terrenos agrícolas do interior.

A Mata dos Medos está constituída desde 1971 como Reserva Botânica protegida por lei e abrange 338 hectares de floresta, onde predomina o pinheiro-manso, embora se possam observar diversas espécies arbóreas de importante valor.

A Mata dos Medos pode ser percorrida pedonalmente por dois caminhos diferentes que passam junto às principais espécies arbóreas e também de arbustos com passagem obrigatória por um dos miradouros sobranceiros às praia e de onde se desfruta magnífica panorâmica, desde a Serra de Sintra a Norte, até ao Cabo Espichel e Serra da Arrábida a Sul e a Nascente.

O Poente fica reservado para um deslumbrante pôr-do-sol quando o astro-rei mergulha aparentemente nas azuis e amplas águas do Oceano Atlântico.

Neste percurso por tão delicada região todos os nossos sentidos são estimulados de forma única. Debaixo da sombra protectora dos pinheiros-mansos, vários arbustos podem ser identificados nas suas cores e odores ímpares. A sabina das praias, com suas bagas vermelhas, o medronheiro, cujas baga de amarelo a vermelho, consoante a maturação, são comestíveis e possuem um ligeiro teor alcoólico.

Os odores do rosmaninho, do alecrim, do tomilho e da salva inebriam-nos os sentidos e acompanham toda a nossa viagem. Lá mais no alto, pairando no azul do céu, podem ser observadas as águias reais, o peneireiro, o mocho galego ou a coruja do mato. A não perder é a oportunidade de observar a vivência dos corvídeos da Mata dos Medos em agregado familiar de um macho e de duas fêmeas.

Contam os mais antigos que neste local (a Mata dos Medos) que outrora foi lugar de acoitar criminosos, ladrões e outros foragidos da lei, ninguém se atrevia a entrar após o pôr-do-sol. Somente algumas pessoas possuíam um “salvo conduto de palavra”, uma espécie de senha e contra-senha que lhes permitia atravessar o Pinhal do Rei sem serem incomodados e a salvo.

O Pinhal do Rei, desde sempre mata nacional era, principalmente, zona de pinheiros mansos e bravos e de diversos arbustos autóctones, como é o caso da aroeira. Vastas zonas de juncal tornavam perigosa a sua utilização por quem não conhecesse bem os trilhos e os caminhos.

Era no Pinhal do Rei que o Povo se abastecia de lenha para cozinhar e para se aquecer em tempos de invernia, encontrando-se o seu acesso restrito às terças-feiras, cuja transgressão estava sujeita a uma de coima de cinco tostões, valor elevado para a época e para a penúria das gentes. Eram conhecidos, ao tempo, os guardas florestais Ti Manel Guarda e o Francisco Papa-Léguas. O primeiro, filho da Charneca (sogro do Alvarez) sempre fechava os olhos a alguma transgressão, o que já não acontecia com o último sempre pronto a aplicar as coimas.

Às terças-feiras toda a família ia para o pinhal apanhar lenha para a semana, somente os troncos e pernadas secas. Na época das pinhas (de pinheiro-manso) a azáfama era redobrada, pois encontravam nos pinhões que delas retiravam um complemento importante no rendimento familiar com a sua venda no Mercado da Ribeira, em Lisboa, juntamente com os mimos que obtinham da terra.

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Comments:
Hoje aprendi, como tantas vezes na Oficina das idéias.
A referencia à Serra de Sintra, não entendi, por favor explique-me.
 
Amigo James
O prazer grande de o ter como assíduo visitante, amigo da Oficina.
Na realidade dos miradouros existentes na Mata dos Medos, sobranceiros à Arriba Fóssil pode bservar-se, para norte, a Serra de Sintra.
Um abraço.
 
obrigado amigo.
um forte abraço.
wilson t
 
Amigo Wilson
É sempre prazenteirosa a tua visita.
Um abraço.
 
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