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sexta-feira, abril 18, 2008

uma burra como dote

Contam os mais antigos que quando nascia na Charneca de Caparica um filho varão a melhor prenda ou dote que lhe era oferecido, de um modo geral, pelos pais ou padrinhos era uma burrita de tenra idade.

Ia crescendo conforme acontecia ao mancebo e ser-lhe-ia muito útil para conseguir “fugir” um pouco à dura labuta dos campos. A melhoria de vida que os seus pais lhe tentavam dar estava em deixar de trabalhar os campos sol-a-sol o poderem dedicar-se às tarefas de almocreve.

A burra era de grande utilidade para dos pinhais circundantes à Charneca de Caparica transportarem lenha e pinhas secas e, nos dias em que tal era autorizado, trazer o “pico” para com ele fazerem as camas para o gado.

No Pinhal do Rei pagava-se uma licença às terças-feiras para colher as ramadas secas dos pinheiros e às quintas-feiras para a apanha do “pico”, designação dada à caruma seca dos pinheiros.

Em pleno mundo rural, ensaiavam-se os primeiros passos para um sector terciário, onde os jovens mancebos que tinham tido a benesse de receber uma burra à nascença, depois de cumprido o serviço militar, passavam a trabalhar, furtando-se às agruras dos trabalhos do campo.

Eram os almocreves, os carreiros e os recoveiros que se tornaram famosos pelas suas viagens até Sesimbra e para Cacilhas.

Almocreves = homens que alugavam e conduziam animais de carga utilizados para o transporte de mercadorias.

Carreiros = Homens que dirigiam um carro de bois

Recoveiros = Homens que transportavam mercadorias, bagagens, mediante pagamento, utilizando animais de carga.

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Comments:
Já me havíam contado esta história, mas sem os pormenores que tu nos ofereces.

Aprendo sempre e tanto contigo Querido Victor. Muito Obrigado.


Um beijo forte!
 
Querida Gasolina
Ouvimos histórias muito próximas. Os contadores tb serão assim aproximados? Fico sempre com curiosidade.
Um beijo te dou minha querida.
 
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