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sábado, julho 19, 2008

livro de pedra

Ave Amici!

Assim somos saudados à chegada ao Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas por uma mulher em trajes romanos que acrescenta:

Deus Mercúrio aqui os conduziu, que ele lhes proporcione uma excelente estadia e visita!

No firmamento a Lua na sua plenitude de luminosidade, acabada de sair de Lua Cheia, ilumina o espaço exterior cujos trilhos estão marcados por archotes, chamas de fogo vivo, fixados ao solo ou transportados por figurantes trajados à romana.

Serão os mesmos que durante o percurso que fazemos no espaço de exposição designado “Basílica Romana”, sala de epigrafia latina, com o recurso a iluminação tradicional, lêem em latim e em voz alta algumas das inscrições mais significativas que mostram a forma como a região foi habitada, ao tempo de Octaviano, herdeiro do Divino César, que atribuiu a Olisipo, a actual Lisboa, o estatuto de “Município de Cidadãos Romanos”, atendendo a nela viverem gentes oriundas das mais diversificadas regiões do Império.

A leitura em voz alta, pelo reduzido número de pessoas que tinham esse saber, era uma prática da Antiguidade Clássica que é agora aqui recriada.

O território deste “Município de Cidadãos Romanos” embora centrado em Olisipo era muito vasto, incluindo toda a Baixa Estremadura a sul de Montejunto e a norte da Arrábida. As elites municipais viveriam de um modo geral fora da cidade de Lisboa, em grandes propriedades rurais, muitas delas situadas na actual região de Sintra.

Em latim é, igualmente, feita uma alusão à importância de Sintra, cuja serra, o Monte da Lua, estabelece com o Promontorium Barbarico, o Cabo Espichel da actualidade, importantes referências culturais desta região tão rica de tradições.


Percorremos a “via romana” marcada por linhas de candeias de azeite com a recomendação de que esta linha nunca deverá ser ultrapassada pois ela marca a fronteira entre a vida e a morte, entre o caminho de luz e o espaço de ninguém.

Nesta visita teatralizada ao “Livro de Pedra” percorremos igualmente o “Cronos Devorator”, evocando o deus Chronos que devora os seus próprios filhos, como devorará os visitantes que devem apressar os seus passos embora sejam tentados a permanecer atraídos pelas sonoridades de uma harpa celta obtidas pela arte de Ana Rita Borges, mas sempre acossados a andar rápido pela insistência de um cidadão “romano”.


Completamos esta leitura do “Livro de Pedra” caminhando pela “Necrópole Medieval”, onde encontramos diversos apontamentos ilustrativos de variados tipos de necrópoles medievais e tardo-medievais existentes em Sintra e no seu Termo; pelo “Gabinete Lapidar” onde fazemos a “leitura” da história da prática da ciência epigráfica; pelo “Otium Fecundum” sala destinada ao lazer... ao “lazer fecundo”, como o entendiam os romanos, “tempo para descontrair, mas recriando e edificando o espírito”; pelo “Fines” para terminarmos a visita, onde encontramos as lápidas que serviram para delimitar, terrenos e espaços, marcos fronteiriços, as “caravelas” demarcadoras de Lisboa e muitos marcos de particulares propriedade.

"FINES"


Para saber mais:
“Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas”, Textos de José Cardim Ribeiro, fotografias de José Antunes / João Cardoso / Giorgio Bordino, publicação da Câmara Municipal de Sintra.

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