Partilhar
quarta-feira, setembro 17, 2008

brinquedo inconveniente

A conferência acabara mais cedo e eu, acompanhado do meu colega português no evento, percorri lentamente a Piccadilly Street, que já se chamou Portugal Street, paralela ao Green Park, vindos do Hilton Park Lane Hotel, na direcção de Piccadilly Circus. Onde vamos? Onde não vamos? Lá nos dirigimos para o Hamlays, o maior armazém de brinquedos de Londres, sete andares de perfeito encantamento para os mais novos.

Sempre havia a desculpa do Rogério de ir comprar uma lembrança para o filho, mas o que ele ia à procura era de umas cópias perfeitíssimas de armas, pistolas, metralhadoras e outras de que quer ele, quer seu pai, eram empenhados coleccionadores.

Deliciámo-nos com os maravilhosos brinquedos que ali se mostravam em todo o seu esplendor. Como é que as crianças lhes poderiam resistir? No quinto andar, efectivo objectivo da digressão, lá encontrámos uma cópia fiel da metralhadora “não sei quantos”, que nisso o especialista é o meu amigo Rogério. Utilizava como munições pequeninas esferas de plástico.

Regresso ao hotel. Eu segui para o meu quarto no 12º andar, o Rogério para o seu, no 17º. Não tardou 10 minutos. Pela aparelhagem sonora, da música ambiente dos quartos, surgiu o alerta. “Atention, atention, emergency!” E lá vinham as recomendações do costume no mais puro inglês e que aqui apresento em tradução livre. “Foi detectada uma situação de incêndio, no hotel”. “Não se alarmem, mas não utilizem os elevadores”. “Queiram abandonar os vossos quartos com os valores, com toda a calma!”.

Em simultâneo mais dois acontecimentos. Doze andares abaixo do meu quarto, à praça fronteira ao hotel, chegavam três carros de fogo dos bombeiros, um carro de intervenção rápida, uma escada Magirus e um carro de fogo artilhado com duas ou três agulhetas. Aparato policial. Bombeiros.

Por outro lado toca o telefone. Era o Rogério. “Não te alarmes... Podemos descer pelo elevador... Espera-me a porta do elevador no teu andar que vou já descer”.

Saímos de “fininho” apanhámos um taxi, daqueles bem característicos de Londres e fomos até Picadilly Circus, rumo ao Soho, claro.

Em resumo: O Rogério chegara ao quarto, fora experimentar a metralhadora, que por azar ou pontaria rebentou com a ampola existente no tecto para detecção de incêndios. Regressámos mais tarde. Tudo calmo!

Resta acrescentar que o Hotel Hilton Park Lane era um dos hotéis normalmente utilizado pela malograda Lady Di para dar as suas recepções. Fica ali bem perto do Hyde Park, precisamente na zona designada Park Lane.

Etiquetas:


Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Olá, Vítor
Adorei ler este texto!
Para além de estar impecavelmente escrito, tem imensa piada.
Posso imaginar a correria que causou um simples detector de incêndios!
Conheço relativamente bem Londres, onde já estive por duas vezes. Assim foi fácil acompanhar o vosso "passeio" em marcha acelerada...
Isto fez-me lembrar uma situação semelhante que me aconteceu nos Estados Unidos.
Estávamos num apartamento mesmo junto à praia,na Flórida, uma maravilha.
Mas, nas duas semanas que lá passamos, o alarme de incêndios disparou três ou quatro vezes.
Por um altifalante mandaram sair toda a gente para a rua.
Ali ficamos, especados. Vieram os serviços técnicos, bombeiros, tudo!
Não encontraram nada!
Só da última vez em que a cena se repetiu, chegaram à conclusão que havia um fio qualquer, não sei onde, que estava a fazer curto-circuto, e disparava os alarmes!
Acabamos por nos rir, é claro, mas no meio daquilo tudo pensávamos nas nossas coisas que estavam no apartamento e podiam arder...
Desculpe, alonguei-me demasiado...
Apareça amanhã na minha casa.
Vai haver mais um capítulo de ANITA.
Beijinhos
Mariazita
 
Querida Mariazita
Não tens que pedir desculpa sobre a dimensão do comentário. Ele é fonte de enriquecimento para o singelo texto que partilhei aqui.
Não há dúvida que é muito interessante irmos anotando os acontecimentos, pequenos e grandes, que t~em lugar quando viajamos.
O ser humano em viagem por terras estranhas sente-se mais livre e com maior capacidade de absorver o que se passa à sua volta.
Algumas estórias de viagem só podem mesmo acontecer aos viajantes...hehehe
Concretamente, na viagem a que esta estória aqui contada se situa muitas outras aconteceram... há viagens assim...
Claro que irei ler a "Anita"... sempre me delicio.
Beijinhos.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?