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sexta-feira, setembro 26, 2008

repôr as doiradas areias

A paragem da camioneta com destino a Belém situava-se junto às instalações das fábricas de Santos Matos, entre a estação do caminho de ferro e os Recreios Desportivos da Amadora. Local especial para esta carreira, ela própria somente realizada em época de veraneio e a cargo da Empresa de Camionagem Eduardo Jorge, sediada e com garagem central na Venda Nova.

Só se realizavam duas carreiras no sentido Amadora-Belém, uma de manhã bem cedo e outra após a hora do almoço, quando o sol já passara o pino, e o mesmo número para o regresso, a meio da manhã e à noite a partir da zona envolvente da estação fluvial de Belém. Quem quisesse usufruir das doiradas areias da Caparica teria que seguir na camioneta da manhã com o acidentado percurso ainda à sua espera.

Depois de uma viagem de quase uma hora até Belém, havia que atravessar o rio Tejo nos barcos à época de grande fragilidade, que causava temor em tempos de águas mais agitadas. O destino era Trafaria mas a maioria das vezes a embarcação fazia escala em Porto Brandão, especialmente quando o barco era do tipo de “ferry-boat” para transporte de viaturas.

Depois, de novo de camioneta, da Camionagem Piedense que servia a margem sul do Tejo, uma viagem de pouca comodidade por estradas de macadame até à Costa de Caparia. Finalmente a praia prometida, os mergulhos e a bola de Berlim reconfortante. A festa!

Mas a aventura não terminara ainda. Havia que caminhar uma distância que parecia sem fim, ultrapassando as altaneiras dunas e caminhando no longo areal. Porque a idade e o tamanho tornavam tudo maior e mais difícil de ultrapassar e porque era longo e amplo o areal até à orla marítima.

Os tempos passaram e as vicissitudes de obras irresponsáveis como foi o desassoreamento da cala do Bugio e as construções dos pontões da N.A.T.O. e dos silos da Trafaria levaram a que a Praia do Sol fosse perdendo a sua grandeza junto com a areia que o mar levava e não repunha. E foi a grande catástrofe de “o mar a invadir a terra” chegando ao coração da então vila, hoje cidade, da Costa de Caparica.

Hoje em dia, numa tentativa de recuperar tempos perdidos, as praias da Costa de Caparica estão a ser artificialmente alimentadas com um reforço de areia de cerca de um milhão de metros cúbicos que se prevê possa estar concluído até ao mês de Outubro, a tempo da realização do Campeonato Mundial de Surf, a ter lugar entre 11 e 19 de Outubro de 2008.

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