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domingo, setembro 28, 2008

tocadores de concertina na barrenta

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório



É uma atracção que vem do fundo dos tempos, é telúrica porque intensa, a partir de vales e serras, de maciços graníticos e calcários, e das gentes. Pouco mais de uma quarentena de pessoas consegue atrair multidões ao som de um instrumento tão antigo como a própria aldeia: a concertina.

Barrenta, a aldeia com tamanho poder de atracção, situa-se num vale cavado entre serranias, donde se destacam pela sua grandeza e encantamento as serras D’Aires e dos Candeeiros que no seu interior profundo escondem maravilhosas grutas onde enormes estalagmites e estalactites marcam o caminhar dos tempos, milhões de anos de mistérios e de segredos.

O dia acordou luminoso ao gosto dos viajantes e como as boas companhias fazem as boas viagens lá seguimos rumo ao sonho para participar, assistir, viver o 7º Encontro Nacional de Tocadores de Concertina, o terceiro internacional. Já na noite anterior, como nos contou o grande dinamizador deste evento Hermano Carreira, tinha sido “de ir às lágrimas” o 2º Serão “Sons Tradicionais”.



Presentes mais de centena e meia de tocadores de concertina, instrumento musical de grande tradição em Portugal, especialmente na região do Minho, mas que hoje em dia tem grande aceitação na totalidade do nosso País, adaptando-se em termos musicais às características de cada região. Ultrapassa mesmo as fronteiras de Portugal, na senda da lusofonia (a língua, as tradições, o respeito pelo património intangível) donde não surpreende a presença de tocadores de concertina cabo-verdianos animando-nos com um exuberante “funáná”.

O improviso, a espontaneidade, a desgarrada entre tocadores acompanham-nos no degustar de uma saborosa carne de porco assada no espeto à vista de todos nós e de uma deliciosa morcela de arroz acompanhadas de um “belo” vinho tinto. É o espaço e o tempo criativos que antecedem a exibição dos diversos tocadores em cima do palco instalado no topo da rua principal da aldeia.



E a função não pára. São os mais novos, alguns tocadores já de muito mérito que procuram obter novas sonoridades dos instrumentos e os mais velhos, tradicionais no tocar e que vão “passando” ensinamentos aos que avidamente querem dar continuidade ao saber dos seus antepassados.

E dos quatro cantos do largo onde se situa o Centro Cultural da Barrenta, outrora o sítio do forno da cal que ainda o ano passado uma leitora amiga desta Oficina residente no Brasil referenciava, surgem sons de concertina. E se atentos ficarmos reconhecemos a chula minhota, e do outro lado o fandango ribatejano ou musicalidades mais elaboradas com ar parisiense.



Mas sempre, sempre... os sons da concertina.

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Comments:
é óptimo quando se consegue manter vivas algumas das tradições que fazem a identidade de um povo.
beijos
 
....é óptimo qdo se consegue ouvir tanto, comer tanto e sentir tanto por tão pouco dinheiro... rsrsr.
Gostei sim sr.Lá estaremos no 8º...
etc etc..
 
Querida Carla
Tens toda a razão, contudo, resulta muito da força individual, no caso do Hermano, quando deveria haver mais apoio oficial.
Beijinho.
 
Amigo Victor
A agenda já a funcionar. Cada ano que passa melhora a organização deste Encontro.
Um abraço.
 
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