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domingo, setembro 21, 2008

um outro olhar 2

Em 6 de Outubro de 2003 entre os autores dos blogues Oficina das Ideias (letra de estilo regular) e Segredos de Deméter (letra de estilo itálico) foi criada uma parceria para a elaboração de um conto escrito “a quatro mãos” que se manteve durante diversas semanas. É o fruto dessa parceria que hoje aqui se recupera na memória de um interessante trabalho realizado na defesa da lusofonia: a língua portuguesa, o património cultural e as vivências diversas. O Victor mantém a edição diária do blogue Oficina das Ideias. A Marley é assessora de imprensa na Prefeitura de Goiânia, Brasil.

[ler antes: Um outro olhar 1]



Mas aquele olhar perdido...

Olhar perdido para lá do infinito de um planalto florido, das cores e dos odores tão esquisitos, que o alquimista dos sentires e dos quereres utiliza magistralmente para construir o amor.

Passados terras e mares, onde o olhar já não alcança, mas onde o pensamento e a imaginação do artista navega o sonho de tonalidades sépia com pinceladas de um verde esperança, voltamos à terra onde as “outonalidades” significam música, música intimista e tranquila.

No palácio, antes casa senhorial, e nos seus primórdios pavilhão de caça, os sons ecoam nos salões, sons de uma musicalidade ímpar, saídos de mãos sensíveis, esguias, ágeis que dedilham suavemente as teclas de um maravilhoso piano de cauda.

O artista queda-se tranquilo agora embalado por suaves sonoridades. E sonha... o seu sonho recorrente. Leve como uma ave, voa voa voa, sem limite e sem cansaço. Passa montes e vales por espaços amplos muito belos. O Mundo um dia será todo assim: doce, tranquilo, solidário.

Lá bem no alto, onde o firmamento é mais azul, o artista ficou na dúvida. Será Outono ou Primavera? Tonalidades de castanho com pinceladas de verde esperança, frutos secos e jeropiga em perfeita harmonia com esvoaçantes beija-flor de flor em flor, doirado sol e jarros de suco de manga, abacaxi e doce de goiaba.

É nesse espaço imaginário que os olhares perdidos se encontram, que as almas se entrelaçam num profundo e esplendoroso abraço. A fascinação deste encontro é como um poema, é luz, é sedução. Apenas olhares e o som universal do piano.

Pouco importa se é Primavera ou Outono. Somente ali, naquele ponto perdido em algum lugar do espaço as diferenças não existem. Não existe velho, nem novo. Não existe feio ou bonito, não existe perto nem longe. Apenas o mar de sentimentos tão intensos e imenso quanto o oceano que os separa.

Naquele instante mágico são apenas dois amantes apaixonados alimentando o espírito. Fundem-se, construindo o Amor além das muralhas de um castelo, além dos limites humanos. O artista, que embalado pela música voa, pode encontrar a sua musa, que esquece o olhar em um ícone qualquer deixando seu pensamento expandir em espirais de luz. Um encontro sem toques. Como em um templo. O amor existe além dos dois.

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