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sexta-feira, outubro 03, 2008

cavalos de fão

Há muito que faz parte do meu imaginário de viajante os designados “Cavalos de Fão”, pelo que instalado numa tranquila estalagem à beira do rio Cávado logo procurei saber de onde poderiam ser avistados. Junto ao amplo areal de Ofir, olhando o mar que recebe o desaguar do rio Cávado lá estavam eles bem perto da foz deste rio que partilha Esposende com o mar Atlântico.



É uma longa afloração rochosa natural, paralela ao areal e a uma distância significativa que fica somente visível em tempo de maré vaza que pela sua situação provoca em si a quebra da ondulação, por muito forte que seja, “adoçando” o mar desde da Praia da Apúlia, a sul, até à de Rio de Moinhos, mais a norte. Zona que as populações conhecem por “suave mar” e cuja designação já foi adoptada pelas entidades oficiais e de promoção turística.

É habitual, nestas circunstâncias, de um tão original acidente geográfico, que à sua volta tenha nascido uma lenda que a fértil imaginação das gentes e a força da tradição oral fizeram chegar aos nossos tempos. Aliás, não só uma lenda mas duas, quiçá muitas mais se bem procurarmos ouvir a voz do Povo.

A primeira, de cariz mais religioso, mítico até, recua aos tempos do Rei Salomão...

“A Lenda dos Cavalos de Fão e do Ouro de Ofir”
“Salomão quis dar cumprimento a um velho desejo de seu pai, o Rei David: construir o Templo do Senhor, em Jerusalém. Chegaram de todo o reino artífices hábeis em construir templos, em trabalhar a madeira e na arte de lavrar a pedra.

Solicita a ajuda do Rei Irão da Fenícia que constrói uma frota, que atravessa o Mediterrâneo e sulca o Atlântico recolhendo madeiras exótica, com destaque para os cedros do Líbano.

Não era suficiente a riqueza dos cedros do Líbano: faltava-lhes o ouro, a prata, as pedras preciosas. Diz a lenda que o bíblico "Ofir" existia na foz do Cávado. Seria dali que os navios fenícios, ao serviço do rei israelita, recolhiam suas cargas preciosas e as transportariam para Jerusalém.

Quis o Rei Salomão mostrar a sua gratidão para com estes povos tão remotos, enviando-lhes como presente maravilhosos corcéis que no mundo melhor haviam.

O destino, porém, não permitiu que tal acontecesse, arrebatada por uma medonha tempestade, a frota salomónica foi despedaçar-se de encontro à penedia e os famosos cavalos, por obra dos deuses, ficaram petrificados e eternamente cativos destas águas oceânicas, que ora acariciam, ora batem em espumosa fúria, tornando o mar da região um mar de sede, um “suave mar”.”


Outra lenda, essa de cariz mais bélico e de defesa da terra sua, conta assim...

"Em tempos remotos quando hordas de bárbaros vindos do norte da Europa invadiram a Ibéria na sua sede de destruição e conquista chegaram a terras de Fão que procuraram conquistar pelas notícias que lhes chegavam de serem locais de oiro e de prata abundantes.

O Povo com poucos meios mas muita artimanha conseguiu empurrar os invasores que vinham montados em belos cavalos na direcção dos mares onde vieram a morrer afogados. Os cavalos, contudo, por intervenção divina, foram transformados em rochas talhadas à sua semelhança formando uma barreira de protecção do longo areal e onde ainda hoje se mantém, somente sendo visíveis em tempo de maré vazia.
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