quarta-feira, outubro 29, 2008
pão por deus
As nossas crianças, os meus netos, os miúdos da cidade nunca conheceram a magia do "pão por Deus" que fazia andar bandos de crianças no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, de porta em porta, de vizinho em vizinho, pedindo figos, nozes e outras guloseimas.
_Ó Vizinha, dê o “Pão por Deus”!
O consumo desenfreado e a globalização económica geram o esquecimento das coisas simples e da nossa tradição. Mas valerá sempre a pena, apesar de tudo, pedir o “pão por Deus” numa cabeça de abóbora ou num chapéu de bruxa.
Mas na tradição portuguesa o “pão por Deus” era guardado num saquinho de pano que tempos antes a nossa mão ou a nossa avó preparavam com todo o cuidado com uma sobra de chita de algum trabalho de costura.
Ainda hoje nas aldeias mais recônditas, de manhã bem cedinho, no dia de Todos os Santos, as crianças saem à rua em pequenos grupos para pedir o "Pão por Deus". Caminham assim por toda a povoação e ao fim da manhã voltam a casa com os sacos de pano cheios de romãs, maçãs, bolachas, rebuçados, castanhas, nozes e, por vezes, até dinheiro.
Esta prática era realizada por miúdos de famílias mais modestas e procuravam sempre visitar os mais ricos da terra para poderem trazer algumas guloseimas que noutras épocas do ano nunca conseguiam obter. Recordo-me que havia o costume de confeccionar para oferecer nesta época uns bolos em formato de ferradura e com um agradável sabor a erva-doce.
Estas andanças de porta em porta eram sempre acompanhadas com cantilenas que continuam na memória colectiva
"Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus."
Ou então, como me recordou a minha boa amiga Sonyah:
"Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P´ra vir dar um tostãozinho."
(quando os donos da casa dão alguma coisa, vem a resposta...)
"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho."
(quando os donos da casa não dão nada, é a ira da miudagem...)
"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto."
_Ó Vizinha, dê o “Pão por Deus”!
O consumo desenfreado e a globalização económica geram o esquecimento das coisas simples e da nossa tradição. Mas valerá sempre a pena, apesar de tudo, pedir o “pão por Deus” numa cabeça de abóbora ou num chapéu de bruxa.
Mas na tradição portuguesa o “pão por Deus” era guardado num saquinho de pano que tempos antes a nossa mão ou a nossa avó preparavam com todo o cuidado com uma sobra de chita de algum trabalho de costura.
Ainda hoje nas aldeias mais recônditas, de manhã bem cedinho, no dia de Todos os Santos, as crianças saem à rua em pequenos grupos para pedir o "Pão por Deus". Caminham assim por toda a povoação e ao fim da manhã voltam a casa com os sacos de pano cheios de romãs, maçãs, bolachas, rebuçados, castanhas, nozes e, por vezes, até dinheiro.
Esta prática era realizada por miúdos de famílias mais modestas e procuravam sempre visitar os mais ricos da terra para poderem trazer algumas guloseimas que noutras épocas do ano nunca conseguiam obter. Recordo-me que havia o costume de confeccionar para oferecer nesta época uns bolos em formato de ferradura e com um agradável sabor a erva-doce.
Estas andanças de porta em porta eram sempre acompanhadas com cantilenas que continuam na memória colectiva
"Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus."
Ou então, como me recordou a minha boa amiga Sonyah:
"Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu'estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s'alevantar
P´ra vir dar um tostãozinho."
(quando os donos da casa dão alguma coisa, vem a resposta...)
"Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho."
(quando os donos da casa não dão nada, é a ira da miudagem...)
"Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto."
Etiquetas: tradição
Comments:
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Caríssimo Viktor:
Há muito tempo que não deixo aqui um comentário, embora o visite assiduamente.
Sobre este dia, lembro-me desde miúda, a tradição e o constante bater à porta da miudagem da vizinhança e não só. E ainda hoje, aqui nesta quase aldeia às portas de Lisboa, fui acordada às 8 da manhã com o ainda não esquecido costume...
Grande e saudoso abraço.
Há muito tempo que não deixo aqui um comentário, embora o visite assiduamente.
Sobre este dia, lembro-me desde miúda, a tradição e o constante bater à porta da miudagem da vizinhança e não só. E ainda hoje, aqui nesta quase aldeia às portas de Lisboa, fui acordada às 8 da manhã com o ainda não esquecido costume...
Grande e saudoso abraço.
Querida Guida
Eu sei que mantemos estes laços de amizade e de cumplicidade nascidos por terras do Alentejo. São sempre boas memórias.
Também eu sou leitor assíduo do blogue A Aldraba excelente refer~encia para muitos dos meus interesses culturais.
Um beijinho e abraço ao Victor.
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Eu sei que mantemos estes laços de amizade e de cumplicidade nascidos por terras do Alentejo. São sempre boas memórias.
Também eu sou leitor assíduo do blogue A Aldraba excelente refer~encia para muitos dos meus interesses culturais.
Um beijinho e abraço ao Victor.
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