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sexta-feira, novembro 28, 2008

que horas são?

José Saramago na contracapa do seu mais recente romance A Viagem do Elefante transcreve um interessante pensamento de O Livro dos Itinerários:

Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam

Nada mais adequado...

Muito recentemente, fruto das atribulações de um viajante que percorre caminhos na procura de mais saber, no conhecimento de gentes e sítios, chegámos inesperadamente à cidade de Serpa, no Baixo Alentejo, cidade de gente hospitaleira, para uns terra da bela princesa Serpínia, para outros da “alada serpente” símbolo de pagã beleza. Chegámos tarde com o sol de Outono já poente, embora seja sítio de merecer visita tranquila e com tempo pelo muito que tem para nos ensinar.

No nosso subconsciente bailava a visita necessária ao Museu do Relógio, nós que tanto gostamos de poetar o “tempo que passa”, museu nascido do sonho, da vontade e do querer de um homem, António Tavares d’Almeida. Contudo, a hora tardia da chegada tornava difícil realizar esse nosso desejo.

Resolvemos aproveitar o tempo para uma visita à Praça da República, recordámos que por aí haviam passado os nossos amigos Chico Lobo e Pedro Mestre (viola caipira e viola campaniça) aquando do Encontro de Culturas, e às ruas estreitinhas cheias de tradição que dela irradiam.

Passámos à porta do Convento do Mosteirinho onde está instalado o Museu do Relógio desde Abril de 1995, o mais belo e completo do género na Península Ibérica. E a magia aconteceu...



Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam

Como se por nós esperasse ali estava à porta do Museu do Relógio a simpática e amável Adélia Palma que de imediato se prontificou a guiar-nos pelos “400 Anos da Relojoaria em Portugal”, embora a hora já fosse tardia. Ficar-lhe-emos sempre gratos pelos caminhos da magia e do encantamento por onde nos conduziu.

De sala em sala, de tema em tema, fomos apreciando largas centenas de peças de relojoaria, muitas das quais fazendo parte do nosso imaginário de vida. Aqui e ali ficávamos um pouco mais de tempo a apreciar uma peça que nos dizia algo mais. O relógio de parede das “escolas do Centenário” que controlou o nosso tempo lectivo durante os primeiros quatro anos de escolaridade, o maior relógio de bolso, o relógio específico para o jogo de golfe, o que era transportado nas diligências ou aquele Omega igual ao que os astronautas levaram à Lua.

A visita havia terminado. Para a Adélia somente poderíamos deixar um beijinho de agradecimento e o desejo de em breve voltarmos.

Depois... quedamo-nos à conversa com o Eugénio d’Almeida, jovem mestre relojoeiro cujo prazer de conversar sobre restauro, sobre contadores de tempo antigos e complicados faz que não haja relógio que controle o tempo que passa. Ficou uma vontade imensa de voltar...

MUSEU DO RELÓGIO
Convento do Mosteirinho (junto à Praça da República) – Serpa
Telefone: (+351) 284543194
www.museudorelogio.com



nota final: já na rua conversávamos entre nós “aquele jovem mestre relojoeiro é com certeza filho do fundador do Museu, António Tavares d’Almeida”; uma consulta ao cartão que nos tinha entregue confirmou termos estado a conversar com o natural seguidor desta tão importante iniciativa cultural.

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