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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

cabelos brancos longos desgrenhados

O mar chegou de mansinho em lento deslizar, sensual sobre a doirada areia, desfazendo-se em milhões de gotícolas prateadas, para logo se retirar na timidez de quem ousou uma furtiva carícia.

À sétima onda, uma onda de magia que é assim que é natural o ritmo das marés, o mar foi mais forte e sentiu a macieza dos pés de uma mulher que percorria tranquilamente a orla de espuma que ia ficando depositada na areia, em resultado do fluxo e refluxo das águas do oceano.

A mulher sentiu um estranho arrepio reagindo a esse mais forte contacto. Sem dúvida não era alheia a este sentir a frieza da água e o inesperado do contacto. Contudo, manteve-se essa estranha sensação quando viu que o mar havia depositado a seus pés um maravilhoso leque, tampa de uma concha de vieira.

Depois, o mar recuou até uma lonjura nunca antes vista num claro convite a cumplicidades que trouxe ao pensamento da mulher um velho marinheiro que perdido nos sonhos de um mirante que é sótão tanto lhe falara no grande amor sentido por esse mar tão belo.

Na praia, uma pequena multidão usufruía daquela manhã soalheira, e a mulher vislumbrou lá longe uma cabeça de homem coberta de brancos cabelos... é o marinheiro!! E correu, correu... Tropeçou num pedaço de madeira abandonado, desviou-se de muita gente que se atravessava no seu caminho... aproximou-se do ancião. “É o marinheiro!”

Quando lhe viu o rosto foi a desilusão: era outra pessoa. Mais além, mais cabelos brancos... e correu... a mesma nota de tristeza e de desilusão... E mais outro, e mais outro... havia muitos cabelos brancos mas não eram conhecidos...”.

Rolaram lágrimas pelo seu rosto bonito, mas com o olhar triste e ensombrado. Lágrimas de sal? Aqueles olhos somente podem deixar fugir lágrimas de mel... E aquele cheirinho do mar...

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