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domingo, fevereiro 08, 2009

mares convergentes

Já passou tempo que o sol deixou de dardejar a Terra com a intensidade que tem feito nos últimos dias. É a sua vital energia que chega até, imprescindível mas para a qual é necessários cuidados e precauções adicionados, agora que surgem efeitos do vandalismo que o ser humano tem cometido sobre a Natureza.

Mas nesta altura já o sol diminuiu a sua intensidade e aquece os corpos por ele beijados com a doçura do fim de tarde quando as gaivotas à beira-mar se reúnem em colónias que muito em breve decidirão do destino colectivo. Hoje, por certo, permanecerão no Grande Areal pois a noite prevê-se seja tranquila e cálida.

Não aprazaram o encontro, mas sempre acontece, não por casualidade, mas porque os acontecimentos anteriores a ambos induzem este convergir para o mar quando a acalmia se chega à orla marítima, no momento em que o vento húmido da maresia roda para a brisa que passa a correr de terra para o mar.

Nesse mágico momento olhares carregados de sentir cruzam em mensagens de código estranho a que somente os iniciados na partilha e na permuta de afectos podem ter acesso. Um ligeiro sorriso, um cerrar quase imperceptível das pálpebras, um respirar ligeiramente mais agitado. Emoção.

Depois foi o caminhar lado a lado. Passo lento para a conversa ter mais sabor e o próprio odor do mar impregnar o corpo e o sentir. Cumplicidade no aproximar dos corpos, do tocar das ancas, do afastar ligeiramente... Sensualidade à flor da pele.

Se fosse possível um mesmo observador encontrar-se no mesmo momento em dois pontos muito distantes do globo ficaria, por certo, surpreendido com o que lhe era dado observar...

Uma mulher jovem, airosa no caminhar descalça sobre uma areia escura e grada, quase pequenos calhaus rolados, olhava sonhadora para o mar imenso, talvez mesmo um enorme lago pois não tinha ondulação e sonhava com a magia do âmbar. Seu olhos fulgiam em tonalidades que o observador não conseguia definir e embora caminhando só, mais parecia acompanhada pelos requebros que dava ao corpo e pela conversa que parecia manter.

Muito longe, quase do outro lado da Terra, as distâncias nem sempre se medem em quilómetros, um ancião de cabelo prata arregaçara as calças e pés mergulhados no espraiar das ondas caminhava para Sul sobre um manto de areia fina e doirada. Os olhos castanho, cansados, pareceram mudar de cor e ganhar mais brilho quando o mar rolou mais forte e a água lhe chegou aos joelhos, molhando a dobra das calças. Curvou-se e apanhou uma pequenina concha que o mar havia depositado na areia.

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Comments:
Que a convergência dos mares e dos sentires se acentuem.
Saudações.
 
Querido Víctor
Adorei este Conto da praia.
É maravilhoso.
Como não referes autoria, deduzo que sejas tu o autor...
Seja quem for, está de parabéns e merece um grande aplauso!

Beijinhos
Mariazita
 
Querida São
Também considero ser fundamental para o progresso do mundo e o bem estar das gentes.
Beijinho.
 
Querida Mariazita
Efectivamente é da minha autoria este modesto conto, como o são todos os textos e imagens que não levam indicação em contrário. Bem... as fotografias são do meu "amigo/irmão/gémeo" Olho de Lince...
Quanto às tuas palavras, sabes que me sensibilizas e me dás forças para continuar.
Beijinhos.
 
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