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quinta-feira, fevereiro 26, 2009

o marinheiro e a andorinha

O velho marinheiro mantinha-se apoiado no cordame da proa da embarcação, olhar perdido para lá da linha do horizonte, pensamentos soltos como o vento a flutuarem ao sabor das linhas imaginárias das isobáricas.

O fim-de-tarde estava cálido, tranquilo... Uma andorinha de bico vermelho vinda das terras do muito longe poisara no mastro da embarcação, repouso breve para retemperar forças que a levariam ao ninho que deixara tempos atrás na procura sazonal de maior bem-estar, na realidade, da sua sobrevivência.

O casco da embarcação na fragilidade que o amplo mar lhe parecia atribuir, balançava docemente ao ritmo da ondulação que partilhava a tranquilidade do fim-de-tarde, quase de sol poente, quando os “caranguejos começam a puxar o Astro-Rei para dentro do mar azul”, como é dizer dos anciões da borda-d’água.

Quantas vezes sentiu o marinheiro de que após o pôr-do-sol vinha a alvorada, que depois do rude Inverno vinha a doce Primavera... de que a morte é perca que significa renovar...

De súbito, um piar forte da andorinha, um sinal de que a partida estava eminente, uma despedida. Silenciosamente o velho marinheiro desejou-lhe leveza no regresso a terra firme. Sabia que tempo passado ela estaria junto da sua Ninfa do Tejo. A saudade seguiu numa pérola de sal.

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Comments:
Um bonito conto de praia perpassado de afecto. Gosto da escrita assim condimentada.

Bem-hajas, amigo!

Beijinhos
 
Querida Isabel
São contos do meu sentir.
Beijinhos.
 
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