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quinta-feira, maio 21, 2009

dia da espiga

Quarenta dias depois da Páscoa comemora-se, no calendário cristão, a Ascensão de Cristo, quinta-feira da Ascensão, no dizer popular Quinta-feira da Espiga. Na tradição, é tempo de ir aos campos colher um ramo, em que a espiga de trigo é o elemento principal e que maior simbolismo contém.

Os ramos constituídos pelas espigas de trigo e por diversas flores silvestres e, em certas regiões, por um raminho de oliveira, simbolizam a fecundidade da terra e por ampliação do simbolismo, a abundância, a beleza, a paz, entre as pessoas e nos lares. O raminho do ano perdura dentro de casa até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.

Há quem atribua a sua origem a rituais do cristianismo antigo, relacionados com a benção dos primeiros frutos do ano, mas como acontece em tantas situações semelhantes o mais provável é tratar-se da apropriação cristã de antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam nesta época do ano.

Representou, desde os tempos mais remotos, um momento mágico da vivência das gentes, pelo que tem de desabrochar da vida, da revitalização vegetativa. Do desejo da concretização de boas colheitas dos frutos resultado do eclodir primaveril.

Em tempos passados as populações dependiam totalmente das condições atmosféricas, para as quais poucas defesas possuíam, pelo que era com ansiedade que aguardavam os resultados das novas colheitas. Quando eram boas havia lugar a uma autêntica explosão de sentires, era a festa.

Este é tempo de transição que teve o seu início no Equinócio da Primavera, e como todos os tempos de transição é tempo sagrado, pelo que é cheio de cerimoniais, de rituais, de festividades com as quais pretendiam os nossos antepassados remotos expulsar “definitivamente” o Inverno.

Durante séculos em todo o mundo mediterrâneo realizaram-se grandiosos festivais florais em que os jovens em idade casadoira se espalhavam pelos campos e, em alegre convívio cantavam e dançavam, e se enfeitavam com verduras e flores, num ritual ancestral de que o Dia da Espiga constitui, por certo, o seu herdeiro dilecto.

Poder-se-á dizer, então, que fazendo parte deste ciclo festivo da Primavera, a Quinta Feira da Ascensão, ou Quinta-feira da Espiga, corresponde à cristianização de uma sequência de festividades pagãs ligadas à celebração e consagração da natureza.

Em muitas regiões do País, especialmente no Sul, é festejado com tradição o “Dia da Espiga” com especial destaque para a Freguesia de Salir, no Concelho de Loulé, onde a festividade ganha foros de feriado local. Também em Mafra, na "região saloia", alundindo ao facto de ser feriado municipal e ao tradicional "pão de Mafra" é uso dizer-se: "No Dia da Espiga não há pão em Mafra!".

Simbologia do ramo da “espiga”:

Espiga de trigo – pão
Malmequer – oiro e prata
Papoila – Amor e vida
Oliveira – Azeite e Paz
Videira – Vinho e alegria
Alecrim – Saúde e força

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Comments:
meu querido Vicktor,
Tenho sido uma ingrata, pois tenho-te visitado tão pouco. Mas o tempo voa, e também tenho estado em andanças e erranças como boa alma nómada que se preze. Mas gosto tanto de visitar aqui a tua oficina e ler teus mágicos saberes que me trazem saudades de quando era criança, e me trazem lembranças de outras vidas, outras tradições que ficam tão claras e reais na minha memória ao ler o que escreves. Obrigada pelas recordações!
maria joão
 
E eu tenho um raminho de espiga, cá em casa..
Gosto destas tradições..pequeninas coisas que me dão alegria.
Beijinhos, Victor
 
Querida Maria João
Nunca podes dizer ser ingrata quando me brindas não só com bonitos comentários como com deliciosas postagens no teu cantinho.
Nómada também eu sou... quanto mais não seja nos sentires... amo um pouco (muito) cada cantinho do nosso mundo, cada pessoa, cada sentir...
É bom contrinuir para o teu avivar de lembranças boas...
Beijinhos.
 
Querida MagyMay
Também eu tenho um raminho da espiga... aqui bem perto de onde me encontro....
Beijinhos.
 
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