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domingo, maio 10, 2009

o meu amigo arnaldo

O meu amigo Arnaldo dizia comovido para os muitos que o estavam a ouvir, com a voz apanhada pela emoção que não pela falta de convicção do seu pensamento: “Não sou doutor mas como eles falo com o que aprendi no associativismo”. Foi operário metalúrgico, pouco andou na escola, mas muito aprendeu nessas autênticas universidades que são as colectividades.

Universidades da vida, do sentir colectivo, da camaradagem e da solidariedade, onde se “formaram” homens de sentir democrático, lutadores contra a ditadura pela defesa colectiva de uma vida melhor. Não são políticos carreiristas que procuram o seu bem-estar pessoal, os benefícios do poder. São homens de corpo inteiro que completos se entregam à melhoria do bem comum.

O meu amigo Arnaldo foi operário metalúrgico, quase duas dezenas de anos emigrado em alpinas terras, que assim a penúria de um País adiado o obrigou a fazer. Depois das horas de árduo trabalho sempre encontrou tempo para o colectivismo e com o seu amor clubista ajudar a fundar uma “Casa do Benfica” em terras do longe e do frio.

Não se limitou, por certo, a sua actividade a tão nobre objectivo de reunir e ocupar os tempos livres dos portugueses distantes. Com ele conviveram e procuraram apoio e ajuda muitos portugueses obrigados a emigrarem, exilados numa terra agreste, perseguidos na sai própria terra por lutarem contra uma ditadura opressora, lutarem pela melhoria de vida sua e dos seus.

Logo após a gloriosa alvorada do vinte e cinco de Abril de 1974, quando as notícias das certezas a terras distantes chegaram, reuniu ao seu redor gente de pensar e de sentir futuro e esperança e criou uma “Associação Democrática” que agora à luz do dia pudesse defender os interesses dos portugueses perdidos e, agora, encontrados.

Passaram mais trinta e cinco anos, amadureceu na vida mas não no ímpeto criativo de colectivamente defender os justos desejos de um Povo que em construção continua, na esperança de um dia haver obra acabada e quando falarmos em globalização todos entenderem que se trata de globalização social e de solidariedade. Por isso mesmo, hoje e agora, o ouvimos afirmar de viva voz, emocionada, contudo, que “Sou doutor formado na universidade do colectivismo e do associativismo”.

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Comments:
Meu querido Víctor
Gosto tanto de vir à tua casa! E no entanto, às vezes passa-se um certo tempinho sem te visitar...
Não podemos acudir a tudo, não é mesmo???
O que interessa é irmo-nos vendo sempre que possível.
Estive a dar uma vista de olhos aos posts atrasados...Gostei muito do "lilás" - é uma das minhas cores preferidas; dos teus poemas (embora digas que não sabes "rimar" faze-lo muito bem); enfim, o teu blog continua com a qualidade e beleza de sempre.

Muito obrigada pelas tuas palavras deixadas na minha "Casa". Gosto tanto de te ver por lá! Tanto como de vir aqui...

Um dia feliz e uma boa semana.

Beijinhos
mariazita
 
Querida Mariazita
Eu sei bem o que é isso da falta de tempo, apesar de já não ter responsabilidades com horário profissional.
Também eu adoro visitar a tua "casa", vou por lá muitas vezes mas nem sempre comento. Não por falta de consideração mas tão somente porque quando comento gosto de tentar acrescentar algo mais e nem sempre a inspiração ajuda.
Mas que gosto de te visitar, gosto muito.
Um beijinho grande.
 
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