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sábado, setembro 26, 2009

tocadores de concertina na barrenta

É uma atracção que vem do fundo dos tempos, é telúrica porque intensa, a partir de vales e serras, de maciços graníticos e calcários, e das gentes. Pouco mais de uma quarentena de pessoas são os habitantes da aldeia de Barrenta, no concelho de Porto de Mós. Anualmente aqui se encontram multidões ao som de um instrumento tão antigo como a própria aldeia: a concertina.

Barrenta, a aldeia com tamanho poder de atracção, situa-se num vale cavado entre serranias, donde se destacam pela sua grandeza e encantamento as serras D’Aires e dos Candeeiros que no seu interior profundo escondem maravilhosas grutas onde enormes estalagmites e estalactites marcam o caminhar dos tempos, milhões de anos de mistérios e de segredos.

Chegados à aldeia por volta da hora do jantar, almoço como os citadinos usam dizer, que isto do tempo medido pelo relógio de sol e da vida não é coisa de entender por entender, é mais de sentir, tratámos de o estômago aconchegar com febras de porco assado no espeto ali à vista de todos, uma sopa da terra, qual refeição por si mesma, e umas moelas servidas à concha de um panelão onde foram devidamente estufadas.



Depois das saudações apresentadas ao grande impulsionados dos Encontros Nacionais de Tocadores de Concertina da Barrenta, já na oitava edição, que é Hermano Carreira, e que nos saudou com um “estes homens são os grandes divulgadores deste Encontro através da Internet”, entrámos nas músicas e danças que já decorriam no Largo do Centro Cultural de Barrenta.

Por referência do nosso amigo Valdemar Moreira, de Valença, chegámos à conversa com Carlos Pedrosa, talvez o maior fabricante de concertinas português, da marca Petrosini, que com cerca de trinta elementos do seu grupo, entre tocadores de concertina e bailadores à Barrenta se haviam deslocado.



Presentes mais de uma centena de tocadores de concertina, instrumento musical de grande tradição em Portugal, especialmente na região do Minho, mas que hoje em dia tem grande aceitação na totalidade do nosso País, adaptando-se em termos musicais às características de cada região. Ultrapassa mesmo as fronteiras de Portugal, na senda da lusofonia (a língua, as tradições, o respeito pelo património intangível).

A Concertina é o nome porque é conhecido o acordeão diatónico, isto é, aquele que diferenciadas notas musicais emite pressionando uma mesma tecla consoante se abra ou feche o respectivo fole.



E a função não pára. São os mais novos, alguns tocadores já de muito mérito que procuram obter novas sonoridades dos instrumentos e os mais velhos, tradicionais no tocar e que vão “passando” ensinamentos aos que avidamente querem dar continuidade ao saber dos seus antepassados.

O improviso, a espontaneidade, a desgarrada entre tocadores acompanham-nos na nossa presença neste espaço de tradição e de cultura, mas também um interessante grupo de tocadores de concertina que pela primeira vez vemos actuar, vindos da bela vila da Lousã.



E mais um tempo de bailar e de encantamento onde reconhecemos o vira do Minho mas, igualmente, a chula minhotas.




E sempre, sempre… ao som das concertinas.



os blogueiros na aldeia da Barrenta:
Lilá(s), do Perfume de Jacarandá
Victor, do Des-Encantos
Vicktor, da Oficina das Ideias.

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Comments:
Estou a ver que o passeio, a companhia e o espectáculo foram muito bons! Ainda bem amigo. Venham mais destes...
 
És a cultura viva deste país e obrigado por a dares a conhecer. Gostei muito!
 
...pois é a malta que não vai lá , nem sabe o q perde.
Descer lá abaixo à Barrenta, onde nem os telemoveis respondem(!), é momento unico cheio de 'encantos de sons' de concertinas, acompanhado de tinto, branco o tal porco, a faceira e a sopa serrana
 
E agora Vicktor vai ser preciso esperar mais um ano para podermos comer aquelas filhós?
 
... que bela concertina e que bons momentos esse blogueiros amigos tiveram !!
prestigiando a cultural local.Parabéns
 
Mas que música, das concertinas e dos belos peticos que ali se vêem. Uma soa bem aos ouvidos e outra ao estômago. Que inveja...
 
Querida Sara

Foi isso tudo de bom sem dúvida.

Vens connosco no próximo?

Beijinhos.
 
Querida Fatyly

Bom... e o prazer grande que tudo isto me dá...

O prazer e as palavras de reconhecimento como as tuas são razão maior para continuar.

Beijinhos.
 
Amigo Victor

Temus ímpar, sem dúvida...

E quão acolhedoras são aquelas gentes...

Um abraço.
 
Querida Lilá(s)

Sempre poderemos inventar, "ideotar", para encontrar outra oportunidade com maior brevidade...

Esperar um ano? Isso é muito tempo a passar, ou nós a passarmos por ele...

Beijinhos.
 
Querida Lis

Foram, sem dúvida, momentos de encantamento, cujo sabor, cheiros e cor são indiscritíveis... só mesmo lá!

Beijinhos.
 
Karlitus

E as gentes? Gente boa aquela... cerca de 40 residentes permanentes que conseguiram colocar Barrenta no calendário e nas rotas da cultura.

Um abraço.
 
Conheço bem, pois sou natural dessa zona. É uma paisagem agreste. Pedras, serras e cabeços não faltam, ainda assim, é uma paisagem muito bonita!
 
Querida Milu

Paisagem de encantamento, agreste, algo selvagem, mas sem dúvida de uma beleza que nos atrai.

E as gentes? Para o ano lá estaremos de novo!

beijinhos.
 
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