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sábado, outubro 31, 2009

noite das bruxas

Há muitos anos atrás, nas terras verdejantes e húmidas da Irlanda, vivia um camponês, de seu nome Jack, que ganhava a vida com um próspero negócio de nabos, de que possuía uma vasta plantação. O Diabo perseguia-o com tentações a que o camponês ia resistindo.

Usando das suas artimanhas o camponês conseguiu que o Diabo subisse para o alto de uma árvore. De pronto, empunhando um machado esculpiu na árvore um enorme crucifixo aprisionando o Satanás.

Este, velho e sabido, propôs um pacto ao camponês. O camponês limpava o crucifixo da árvore, libertando-o, que este nunca mais o perseguiria com tentações. O camponês aceitou e o pacto se cumpriu.

Um dia o camponês morreu. Como pecados não tinha dirigiu-se ao Céu. Mas aí não foi aceite pois tinha em vida feito um pacto com o Diabo. Sem alternativa, dirigiu-se ao Inferno onde foi, igualmente, rejeitado, pois em vida nunca tinha sido pecador.

Sem ter para onde ir, Jack foi condenado a vaguear eternamente entre os vivos e regressou à Terra cheio de vergonha tentando esconder-se à curiosidade e desdém dos que por cá tinham ficado. Condenado a ser visível de 31 de Outubro para 1 de Novembro encontrou como solução disfarçar-se cobrindo a cabeça com um enorme nabo oco e onde abriu uns olhos e uma boca.

Então, ele implorou a Satã que acendesse brasas para iluminar seu caminho. O Diabo deu-lhe um pequeno pedaço de carvão incandescente. Para proteger a luz, o irlandês colocou o carvão dentro do buraco do nabo. Surgiu assim o "Jack o'Lantern" (Jack da Lanterna) como é conhecido. E, assim, dessa forma, os irlandeses comemoram a noite de “halloweene” desde os tempos imemoriais.

Quando os irlandeses emigraram em massa para os "states" levando consigo as suas tradições depararam-se com a existência de coloridas abóboras que foram adaptando à tradição, em substituição dos nabos.


Uma outra origem da “Noite das Bruxas” encontra-se no facto de para os Celtas, o dia 31 de Outubro ser o dia fora do tempo, pois o calendário iniciava-se no dia 1 de Novembro e terminava no dia 30 de Outubro. Este dia então era considerado o dia em que o espaço entre os dois mundos deixava de existir, e os mortos nos vinham visitar. Estamos a falar do “Samhain” (que se pronuncia “sou-en”) e marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta).

Samhain é também o antigo Ano Novo celta/druida, o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos. É o momento em que os espíritos dos seres amados e dos amigos já falecidos devem ser honrados. Houve uma época na história em que muitos acreditavam que era a noite em que os mortos retornavam para passear entre os vivos. A noite de Samhain é o momento ideal para fazer contacto e receber mensagens do mundo dos espíritos.

Era no Samhain que os druidas marcavam o seu gado e acasalavam as ovelhas para a Primavera seguinte. O excesso da criação era sacrificado às deidades da fertilidade, e queimavam-se efígies de vime de pessoas e cavalos, como oferendas sacrificiais. Diz-se que acender uma vela de cor laranja à meia-noite no Samhain e deixá-la queimar até o nascer do sol traz boa sorte; entretanto, de acordo com uma lenda antiga, a má sorte cairá sobre todo aquele que fizer pão nesse dia ou viajar após o pôr-do-sol.

A ideia de usar um nabo surgiu com os Celtas, povo que se espalhou pela Europa entre 2 000 e 100 a.C. Um dos símbolos do seu folclore era um grande nabo com uma vela espetada.

A versão cristã do Samhain é o Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, que foi introduzido pelo Papa Bonifácio IV, no século VII, para substituir o festival pagão. O Dia dos Fieis Defuntos que se celebra a 2 de Novembro é outra adaptação cristã ao antigo Festival dos Mortos.

As nossas crianças, os meus netos, nunca conheceram a magia do "pão por Deus" que fazia andar bandos de crianças no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, de porta em porta, de vizinho em vizinho, pedindo figos, nozes e outras guloseimas. Nossa culpa!

Os norte americanos, “povo culto e de profundas tradições!”, logo trataram de exportar esta festividade para a Europa, como sempre entrando pelo norte de velho continente, provavelmente pela Suécia, estando agora em moda em Portugal. Negócio é negócio!

O mesmo aconteceu em relação ao Brasil. Acontece que o governo brasileiro não aceitou de bom grado esta “colonização” cultural feita a partir de um país onde ela é escassa, quando o Brasil é terra de muita tradição e cultura. No ano de 2005 o governo brasileiro criou um evento de cariz nacional o Dia do Saci, precisamente no dia 31 de Outubro, por forma a contrariar a referida “colonização cultural” e recorrendo a uma lendária figura “o Saci”, também conhecido por “Saci Pererê”.

As tarefas desta “divindade” estão relacionadas com o aproveitamento do que a Natureza nos oferece, especialmente ervas medicinais, pelo que lhe compete a preparação de chás, mezinhas e beberagens utilizadas para melhorar as condições de vida das pessoas. Mas o Saci é, igualmente travesso e endiabrado, contudo, guardião das matas e florestas.

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Comments:
eeieei...dia das bruxas hoje..estav esquecido.


abraços


Hugo
 
Caro Hugo

É verdade. Hoje é a Noite das Bruxas, o Dia de Samhein (celta)...

...noie de fogo novo e de inspiração.

Um abraço.
 
Obrigada pela partilha. Beijos.
 
Querida Paula

Partilhar para mim é uma das principais razões de estar na blogosfera.

Beijinhos.
 
Gostei de saber mais sobre "esta noite" que só conheci já cá em Portugal. NUnca achei graça nenhuma e nem as carantonhas de bruxas e "sustos" me fazem sorrir ou incomodar.

Aqui, ainda hoje a criançada da zona fazem o ritual do "pão por Deus", tal como as minhas filhas o fizeram, mas sinceramente também nunca achei graça nenhuma a esse ritual.

E depois de amanhã é o "engalanar" dos cemitérios, outra coisa que nunca compreendi, mas respeito quem faça tudo que envolve estes dias.
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Eu não gosto muito destas "importações" de dias.
Prefiro a nossa tradição do dia de amanhã "O Pão por Deus"...
 
Querida Fatyly

Como a maioria dos rituais da actualidade todos tiveram origem e ritos pagãos...

Muitos já perderam o sentido, entretanto, outros foram assimilados pelo catolicismo e mal...

Enfim...

Beijinhos.
 
Querida Maria Teresa

Na realidade também não gosto... gosto sim de pesquisar todas estas tradições e, claro, depois partilhar os resultados...

Beijinhos.
 
Olá Vicktor!

Em criança comecei a ir ao pão por deus logo no meu primeiro ano de escola. Eu adorava esse dia, pelas coisas que me davam e pelo convívio com outros miúdos da minha idade. Pedir pão por deus em grupo era muito divertido, mas tudo tem o seu segredo: Quando nos dirigíamos a uma casa fraccionávamos o grupo, porque quanto menos formos, mais nos dão, ou seja, há a tendência das pessoas para diminuir a oferta a cada criança perante um grupo grande. Algumas vezes aconteceu-me bater à porta de uma pessoa que me atendeu um pouco desiludida, por ter tido a preocupação de preparar o pão por deus para dar à criançada e, afinal, ainda ninguém lá tinha ido! Claro que nestas circunstâncias quem ganhava era eu! Quando assim era,ficava tão contente que até os meus sapatos ganhavam molas. Passávamos a informação uns aos outros de quais eram as casas que davam e quanto davam, enfim, era um dia em cheio para a miudagem. Quando o meu filho era pequenino fui eu que o incitei a ir bater à porta dos vizinhos, comigo sempre a vigiá-lo, tinha de ser. No fundo pretendi que ele experimentasse a mesma alegria e satisfação que eu mesma senti, quando também eu pedi pão por deus. Deleitava-me toda a ver-lhe os olhitos brilhantes, ainda de chupeta, com a baba a escorrer pelo queixo, devido à forma como segurava a chupeta e a olhar para dentro da saca onde abundavam os rebuçados e chupas de todas as cores e sabores. Tempos! Tempos que já lá vão!
Quanto à noite das bruxas nunca me disse nada. Bem me bastam aquelas que se me atravessam no caminho, para me atazanar a vida.
Um beijinho.
 
Oi,Vicktor
Aqui comemora-se o Haloween somente em algumas escolas americanas ou centro de estudos de ingles. Nas escolas publicas como voce disse o dia é mais lembrado pelo nosso extenso folclore sendo o Saci-Pererê o querido da criançada , que fazia maldades "santas", sem consequencias.
Acho justo.
Gostei demais do texto elucidativo, nao sabia de quase nada a respeito, conhecia o uso das aboboras iluminadas, máscaras, as crianças indo na vizinhança , etc, mas nao sabia o motivo disso , o inicio. Obrigada Vicktor,valeu mesmo!
Beijinhos
 
Não sou grande fã desta importação do dia das bruxas mas compreendo a fascinação das pessoas pelo oculta, nem que seja para estravasar os seus próprios medos em jeito de brincadeira. Por outro lado é sempre bom conhecer outros pensares e não conhecendo o que aqui contas, saio com certeza, bem mais enriquecida. Bjs
 
Querida Milu

Bonito o teu texto de comentário...

Tomei a liberdade de o levar para a ribalta da Oficina por tanto ter dele gistado.

Beijinhos.
 
Querida Lis

Grato pelas tuas palavras de apreciação.

Sabes que o Saci-Peréré faz parte do meu imaginário desde bem menino.

Beijinhos.
 
Querida Sara

Também eu não aprecio tradições de importação, especialmente, quando envolvem fins comerciais.

Achei interessante, contudo, divulgar a evolução do "dia das bruxas" que muitos julgam, erradamente, ser originária dos "states". Como se eles tivesse alguma tradição...

Beijinhos.
 
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