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quarta-feira, outubro 21, 2009

a partilha da lua setembrina

segredos guardados no rio
O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce




O velho Marinheiro olhava com nostalgia os mares navegados e os tempos vividos na força da juventude, no muito querer, na paixão imensa, tal como a imensidão do mar que se agita com violência, para lá do areal, passadas as hortas da Costa e as casas, recordações dos tempos de veranear, nas funduras da Arriba Fóssil.

Perdera a noção do tempo que passa, na espera, longa espera, de que a imagem da mais bela Ninfa do Tejo lhe seja devolvida pelo seu mar, para que quebre a monotonia do azul de diversos cambiantes até onde o seu olhar alcança. Mas mais do que isso, o desejo inconsolável de escutar seus doces murmúrios, maviosa voz que interromperá o silêncio que dói no interior do seu ser.

Seu olhar acabou por perder-se para lá, muito para lá, da linha do horizonte. Sentiu-se leve como noutras circunstâncias lhe havia acontecido. No sentimento em que o sonho lhe absorve a consciência, sendo levado ao sabor das correntes de pressão atmosférica, como se peso não tivesse.

Voa no impulso de movimentos simples, o seu pensamento impele-o sobre os infindáveis mares, oceanos, para além das mágicas montanhas criadas na fantasia do querer viver maresias. Sempre o acompanha o odor dos jasmineiros.

O velho Marinheiro franziu o cenho, o olhar ganhou um brilho estranho, uma tristeza profunda atingiu o seu sentir. Recordou-se que num desajuste grande com a realidade da sua própria idade, ancião que é sem ter coragem de o assumir plenamente, havia poucos anos atrás mandado gravar no seu corpo uma imagem do “Sol de Gaudi” que ele próprio desenhara a partir de um azulejo do incomparável arquitecto catalão.

Uma fuga à idade, talvez.... Mas recorda sempre o comentário que ouviu a mais bela Ninfa do Tejo murmurar: “...um bonito Sol”, tendo acrescentado:”... podes não saber exactamente quem eu sou, mas tens uma bonita tatuagem na parte interior do teu braço...”.

A Lua brilhava todo o seu esplendor no firmamento. A mais bela Ninfa do Tejo dizia em doces palavras: “ De facto não sei qual o mistério, mas a Lua de Setembro é a mais bonita no ano. Em Sintra, no Monte da Lua, ela fica gigante!!! A lua é sempre bonita, mas em Setembro é muito mais! Obrigado por partilhares a "tua" Lua!”.

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Comments:
Conheces ,por acaso Vicktor esse velho marinheiro ? rsrs
Gostei também , por algus momentos partilhar dessa tua lua setembrina.
Abraços
 
Uma narrativa brilhante como é brilhante a Lua. Parabéns!
 
Querida Lis

Desculpa a gracinha, mas costumo dormir com ele...rsrsrs

Grato por sentires a partilha desejada.

Beijinhos.
 
Querida Fatyly

Fico sempre muito reconhecido por sensibilizar quem me lê.

Beijinhos.
 
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