quarta-feira, novembro 11, 2009
no dia de s. martinho vai à adega e prova o vinho
No falar e no sentir do nosso Povo é neste dia, 11 de Novembro de cada ano, que as famílias se juntam para saudar a chegada do tempo frio, da invernia, da época de recolhimento. As vindimas já lá vão e o vinho mais temporão já poderá ser provado, são muitas as adegas que esperam este dia para fazerem a “abertura do vinho novo”. Contudo, muito caminho deverá ainda ser percorrido para que o maravilhoso néctar das uvas pisadas possa ser degustado na sua total plenitude.
Nos meios rurais terminaram os trabalhos agrícolas, sendo tempo de aproveitar das colheitas, dos frutos e do vinho, sendo época de exuberância familiar e comunitária, época de folgar, com uma ajuda a propósito do delicioso néctar. Nos folguedos de Outono, junta-se o religioso ao pagão que da tradição tem muito peso. O vinho vai correr solto gargantas abaixo.
Se já fez frio, nas terras mais serranas, então a água-pé, elaborada com o destino do S. Martinho festejar, já poderá ser devidamente apreciada. Caso contrário, há sempre o recurso à jeropiga e ao abafadinho. As vitualhas da tradição são as sardinhas, que já não pingam no pão, e quantas vezes não são das de conserva de salmoura em barrica, e as castanhas, assadas, cozidas com erva doce e as “quentes e boas”, assadas no forno sem qualquer corte.
A lenda de S. Martinho tem mais a ver com as condições climatéricas da época, o chamado Verão de S. Martinho, do que com as comezainas que lhe estão associadas. Conta a lenda...
Num dia tempestuoso regressava Martinho, valoroso soldado romano, à sua terra natal, montado a cavalo e agasalhado com uma pesada capa usada pelo exército de Roma. Na curva de um caminho deparou-se com um mendigo quase nu, tremendo de frio, enregelado, que lhe estendia a mão suplicante. Martinho sem hesitar parou o cavalo, e não tendo qualquer outro recurso disponível, rasgou a sua própria capa de militar, cedendo parte ao mendigo para que se cobrisse e protegesse. Subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Verão inundou a terra de luz e calor, e para que para sempre se recorde esta atitude do soldado Martinho, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso. O soldado foi mais tarde canonizado como S. Martinho.
O costume do Magusto, que tradicionalmente começava no Dia de Todos-os-Santos, é simultaneamente uma comemoração pagã da chegada do Outono e um ritual de origem religiosa: o dia do Santo Bispo de Tours, S. Martinho.
A água pé é o resultado da água lançada sobre o mosto retirado do mosto vínico para o objectivo concreto de produzir esta bebida que pode ser consumida em plena fermentação. Por isso, reza o ditado popular: "No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho”.
Quanto às celebradas castanhas, assadas com sal grosso, de preferência da salga do toucinho, cozidas com erva doce, “quentes e boas” assadas no forno sem qualquer corte, secas tornando-se “piladas” e utilizadas depois de bem demolhadas, acompanhando em puré outros preparos, ou servindo uma sopa aveludada e cremosa, o consumo de castanhas estende-se de finais de Setembro até ao início da Primavera.
Alguns ditos populares alusivos às castanhas e ao S. Martinho:
Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho
Pelo S. Martinho, prova o teu vinho, ao cabo de um ano já não te faz dano
Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho
Pelo S. Martinho semeia favas e linho
No dia de S. Martinho fura o teu pipinho
O Verão de S. Martinho é bom mas é curtinho
A castanha tem uma manha, vai com quem a apanha.
Ao assar as castanhas, as que estouram são as mentiras dos presentes.
Cada mocho no seu souto.
Castanha que está no caminho é do vizinho.
Castanhas do Natal, sabem bem e portem-se mal.
Do castanha ao cerejo, mal me vejo.
Em Maio comem-se as castanhas ao borralho.
No dia de S. Martinho, há fogueiras, castanhas e vinho.
Na família da castanha o pai é pingão, a mãe é raivosa e a filha é amorosa.
Festejar o S. Martinho na boa companhia do Baco e do Agostinho (o de Viena de Áustria pois claro) resulta sempre numa degustação ímpar. Aqui ficam algumas quadras de "pé quebrado", inéditas e populares, que o pessoal da Oficina das Ideias deseja convosco partilhar:
S. Martinho não se cansa
De alegrar o Zé Povinho
Quando Baco entra na dança
E prova um copo de vinho
É dia de S. Martinho
Almada vai festejar
Abre a adega e prova o vinho
Que aroma! Que paladar!
Com tantos anos vividos
S. Martinho ao acordar
Desperta os cinco sentidos
E vem o vinho provar
No dia de S. Martinho
A tradição em Almada
Na adega prova o vinho
E castanha bem assada
No dia de S. Martinho
P’ra celebrar com amigos
Da adega vem o vinho
Castanhas, nozes e figos.
E agora... o Natal está à porta. Como diz o nosso Povo: "dos Santos até ao Natal, é um saltinho de pardal!"
Nos meios rurais terminaram os trabalhos agrícolas, sendo tempo de aproveitar das colheitas, dos frutos e do vinho, sendo época de exuberância familiar e comunitária, época de folgar, com uma ajuda a propósito do delicioso néctar. Nos folguedos de Outono, junta-se o religioso ao pagão que da tradição tem muito peso. O vinho vai correr solto gargantas abaixo.
Se já fez frio, nas terras mais serranas, então a água-pé, elaborada com o destino do S. Martinho festejar, já poderá ser devidamente apreciada. Caso contrário, há sempre o recurso à jeropiga e ao abafadinho. As vitualhas da tradição são as sardinhas, que já não pingam no pão, e quantas vezes não são das de conserva de salmoura em barrica, e as castanhas, assadas, cozidas com erva doce e as “quentes e boas”, assadas no forno sem qualquer corte.
A lenda de S. Martinho tem mais a ver com as condições climatéricas da época, o chamado Verão de S. Martinho, do que com as comezainas que lhe estão associadas. Conta a lenda...
Num dia tempestuoso regressava Martinho, valoroso soldado romano, à sua terra natal, montado a cavalo e agasalhado com uma pesada capa usada pelo exército de Roma. Na curva de um caminho deparou-se com um mendigo quase nu, tremendo de frio, enregelado, que lhe estendia a mão suplicante. Martinho sem hesitar parou o cavalo, e não tendo qualquer outro recurso disponível, rasgou a sua própria capa de militar, cedendo parte ao mendigo para que se cobrisse e protegesse. Subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Verão inundou a terra de luz e calor, e para que para sempre se recorde esta atitude do soldado Martinho, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso. O soldado foi mais tarde canonizado como S. Martinho.
O costume do Magusto, que tradicionalmente começava no Dia de Todos-os-Santos, é simultaneamente uma comemoração pagã da chegada do Outono e um ritual de origem religiosa: o dia do Santo Bispo de Tours, S. Martinho.
A água pé é o resultado da água lançada sobre o mosto retirado do mosto vínico para o objectivo concreto de produzir esta bebida que pode ser consumida em plena fermentação. Por isso, reza o ditado popular: "No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho”.
Quanto às celebradas castanhas, assadas com sal grosso, de preferência da salga do toucinho, cozidas com erva doce, “quentes e boas” assadas no forno sem qualquer corte, secas tornando-se “piladas” e utilizadas depois de bem demolhadas, acompanhando em puré outros preparos, ou servindo uma sopa aveludada e cremosa, o consumo de castanhas estende-se de finais de Setembro até ao início da Primavera.
Alguns ditos populares alusivos às castanhas e ao S. Martinho:
Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho
Pelo S. Martinho, prova o teu vinho, ao cabo de um ano já não te faz dano
Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho
Pelo S. Martinho semeia favas e linho
No dia de S. Martinho fura o teu pipinho
O Verão de S. Martinho é bom mas é curtinho
A castanha tem uma manha, vai com quem a apanha.
Ao assar as castanhas, as que estouram são as mentiras dos presentes.
Cada mocho no seu souto.
Castanha que está no caminho é do vizinho.
Castanhas do Natal, sabem bem e portem-se mal.
Do castanha ao cerejo, mal me vejo.
Em Maio comem-se as castanhas ao borralho.
No dia de S. Martinho, há fogueiras, castanhas e vinho.
Na família da castanha o pai é pingão, a mãe é raivosa e a filha é amorosa.
Festejar o S. Martinho na boa companhia do Baco e do Agostinho (o de Viena de Áustria pois claro) resulta sempre numa degustação ímpar. Aqui ficam algumas quadras de "pé quebrado", inéditas e populares, que o pessoal da Oficina das Ideias deseja convosco partilhar:
S. Martinho não se cansa
De alegrar o Zé Povinho
Quando Baco entra na dança
E prova um copo de vinho
É dia de S. Martinho
Almada vai festejar
Abre a adega e prova o vinho
Que aroma! Que paladar!
Com tantos anos vividos
S. Martinho ao acordar
Desperta os cinco sentidos
E vem o vinho provar
No dia de S. Martinho
A tradição em Almada
Na adega prova o vinho
E castanha bem assada
No dia de S. Martinho
P’ra celebrar com amigos
Da adega vem o vinho
Castanhas, nozes e figos.
E agora... o Natal está à porta. Como diz o nosso Povo: "dos Santos até ao Natal, é um saltinho de pardal!"
Etiquetas: tradição
Comments:
<< Home
É uma época bonita mas para quem não está só.
Hoje já bebi água pé, que adoro, e comi castanhas assadas
Recordo a água pé que o maroto do meu tio Zézito fazia...
Bem-haja pelos artigos que partilha connosco.
Bj
Hoje já bebi água pé, que adoro, e comi castanhas assadas
Recordo a água pé que o maroto do meu tio Zézito fazia...
Bem-haja pelos artigos que partilha connosco.
Bj
Querido Vicktor
Tens aqui um post óptimo!
Quanta informação, e como é interessante!
Adorei!
Dos ditados populares apenas conhecia "No dia de S.Martinho vai à adega e prova o vinho".
Aqui aprendi mais uma data deles :)
Resto de boa semana
Beijinhos
Mariazita
Tens aqui um post óptimo!
Quanta informação, e como é interessante!
Adorei!
Dos ditados populares apenas conhecia "No dia de S.Martinho vai à adega e prova o vinho".
Aqui aprendi mais uma data deles :)
Resto de boa semana
Beijinhos
Mariazita
Gostei muito deste teu post. Está muito completo e interessante.
Se existe tradição de que gosto é o festejar do S. Martinho com toda a magia e sentimento de união que reflecte.
São destas tradições que precisamos preservar e, sobretudo, festejar. Bjs
Se existe tradição de que gosto é o festejar do S. Martinho com toda a magia e sentimento de união que reflecte.
São destas tradições que precisamos preservar e, sobretudo, festejar. Bjs
Vicktor,querido
Adorei esse texto com as informações que precisava pra entender tudo sobre o dia de S.Martinho, comemoração bonita, alegre e soretudo,gostosa, com vinhos, castanhas e essa tal água pé que entendi ser como um suquinho de uva,rrss
E os ditados populares , são ótimos também.
Obrigada ,pela boa degustação de castanhas e vinhos, porque o Natal se aproxima .
Final de semana feliz pra voce, depois volto. Abraços
Adorei esse texto com as informações que precisava pra entender tudo sobre o dia de S.Martinho, comemoração bonita, alegre e soretudo,gostosa, com vinhos, castanhas e essa tal água pé que entendi ser como um suquinho de uva,rrss
E os ditados populares , são ótimos também.
Obrigada ,pela boa degustação de castanhas e vinhos, porque o Natal se aproxima .
Final de semana feliz pra voce, depois volto. Abraços
Querida Maria Teresa
É realmente tempo de festa, mais pagã do que religiosa... a companhia é fundamental.
Beijinhos.
É realmente tempo de festa, mais pagã do que religiosa... a companhia é fundamental.
Beijinhos.
Querida Mariasita
Grato pelas tuas palavras de afecto.
É informação que pouco a pouco vamorecolhendo e guardando para memória.
Um beijinho.
Grato pelas tuas palavras de afecto.
É informação que pouco a pouco vamorecolhendo e guardando para memória.
Um beijinho.
Querida Sara
É a festa em todo o seu esplendor. Terminaram as tarefas árduas dos campos em tempos de canícula e agora antes do recolhimento, a FESTA.
Com todos os seus exageros, próprios de uma certa libertação do trabalho árduo...
Na tradição é tempo de grandes bebedeiras... ah o vinho novo!!
Beijinhos.
É a festa em todo o seu esplendor. Terminaram as tarefas árduas dos campos em tempos de canícula e agora antes do recolhimento, a FESTA.
Com todos os seus exageros, próprios de uma certa libertação do trabalho árduo...
Na tradição é tempo de grandes bebedeiras... ah o vinho novo!!
Beijinhos.
Querida Lis
O Natal está já aqui não tarda...
É o tempo de recolhimento no hemisfério norte contrabalançado com a imensa alegria e cor das terras do sul...
Beijinhos.
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O Natal está já aqui não tarda...
É o tempo de recolhimento no hemisfério norte contrabalançado com a imensa alegria e cor das terras do sul...
Beijinhos.
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