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quinta-feira, dezembro 03, 2009

o escritor desconhecido

Budapeste é a mais bela cidade do Danúbio (…) com uma densidade e uma vitalidade que faz frente à sua rival, Viena, escreveu Cláudio Magris.

Devido à sua história que a liga à capital austríaca ou à geografia que a faz partilhar com a Croácia a grande planície da Panónia, a Hungria parece ser o mais danubiano país da Europa central. Se os rios têm alma, a do Danúbio é, sem dúvida, magiar.

Mais ainda do que a Áustria, tornando-a sombra de si mesmo, a Hungria é, com efeito, impregnada pela civilização danubiana, com sua nostalgia dos tempos passados, anteriores aos tratados de Paz, que celebraram o fim do Império Austrohúngaro e o desmembramento da Hungria.

Foi um húngaro, o barão Miklos Wesselenyi, que imaginou dois dos mais belos sonhos à volta da velha ideia duma federação danubiana: o de uma confederação germano-magiar-eslavo-latina, que enunciou em 1842 e a de uma república federal do Danúbio, aberta a todas as nacionalidades, cuja proposta apresentou em 1949.

A verdadeira amante do Danúbio é a cidade de Budapeste, onde aquele assume o nome de Duna, com quem mantém um casamento tão perfeito como o Sena com Paris. A capital húngara é a única cidade que recebe o Danúbio com todo o seu vigor e nobreza. A única que nele se contempla sem complexos e que lhe oferece pontes com histórias inolvidáveis e cais admiráveis.

Todos os grandes hotéis estão implantados ao longo desta perspectiva fluvial. Mesmo o célebre estabelecimento termal Gellert que prefere colocar as suas cadeiras bem longe das margens do rio não pode evitar de abrir as suas pomposas janelas para este maravilhoso panorama.

A forma de melhor apreciar toda a beleza do Danúbio à passagem por Budapeste é subir até Buda e escolher um dos seus miradouros: a Cidadela, o Castelo ou o inacreditável Bastião dos Pescadores, uma muralha em pedra digna de receber o Romeu e Julieta.

Em Budapeste, o turista, grande consumidor de monumentos, passará por todos os estilos, desde o gótico ao neo-mourisco, mas demorará algum tempo a apreciar o indescritível Parlamento, um autêntico desvario de torres e campanários e um delírio de torreões muito floreados, mesmo à beira do Danúbio.

É necessário observá-lo, pelo menos uma vez, a emergir da bruma matinal para apreciar toda a sua extravagante beleza.

Os viajantes apaixonados e românticos procurarão as margens do rio e a Ilha de Margarida. Preservada ao trânsito automóvel, ela oferece relvados, matas, terraços, piscinas, mas também uma estátua… de um Anónimo, autor da primeira história do país.

Uma cidade capaz de homenagear não o soldado mas o escritor desconhecido, não é uma cidade coma as outras.

Talvez seja por isso que foi a única cidade capaz de compreender e de subjugar o rio impetuoso, para merecer a reputação de “rainha do Danúbio”.

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Comments:
PElo descrito é uma cidade onde o amor, a sensibilidade, emoção estaõ impregnada nela.E a homenagem ao escritor desconhecido,é a todos que nela ja passaram e passarão
 
Querida Lígia

É uma homenagem de Paz, sem dúvida.

Beijinhos.
 
aconselho vivamente a leitura de "Budapeste" de Chico Buarque! Dos meus livros referência...

Como estas marinheiro?
um beijo grande neste raiado de sol de inverno!

Tua
M
 
Querida Maçãzinha

Vou seguir o teu conselho.

Estou bem... o marinheiro continua a transportar consigo uma mensagem que em 2008 cgou até ele e que sempre lhe faz rolar uma pérola de sal.

Está linda a tua menina...

Beijo-te.
 
Adorei.

Budapeste é uma das cidades que gostava de conhecer e ainda mais depois do teu post.

Esteve quase para lá ir aquando de uma viagem que fiz a Praga mas acabei por não ter oportunidade. Quem sabe um dia...
 
Querida Sara

Somente te posso dizer que é a cidade de que mais gosto em todo o Mundo... das que conheço, claro.

Beijinhos.
 
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