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terça-feira, janeiro 05, 2010

do natal aos reis

Do Natal aos Reis marca um percurso de tradição de que fazem parte festividades religiosas e pagãs e cujas origens se perdem nas brumas do tempo que passa. Na verdade, muitas das tradições religiosas cristãs já as encontramos nos usos e costumes dos romanos, quando festejavam de forma única a chegada do Solstício de Inverno.

Primeiro, são as festas natalinas tão ligadas à família, a Missa do Galo, a Consoada, a magia do Menino Jesus, comercializada recentemente com o “cocacoleiro” Pai Natal, adaptação americana do São Nicolau feita cerca de 1930, cultura e tradição feitos à pressa por quem tem dinheiro mas não tem verdadeiramente passado, ou o destruiu com o renegar da cultura índia.

Depois, a Passagem do Ano, a festa de fartas comezainas e não menores bebedeiras, o Revevillon, termo francês que evoca o início de uma nova etapa. Para muitos, momento de meditação, de paragem para continuar com mais força. Para o comércio tradicional, o momento de balanço, o saber instantâneo dos teres e haveres.

De seguida, caminha-se para o Dia de Reis. O Bolo-Rei, as rabanadas e a romã de que se guarda para o ano a respectiva coroa acompanhada de meio-tostão, agora 10 cêntimos do Euro, na perspectiva de um ano feliz e afortunado, um Ano Novo cheio de prosperidade, muitos diziam noutros tempos “cheio de propriedades”.

Bolo-Rei que encontra a sua origem mais remota no bolo de frutos secos que os romanos trocavam entre si como forma de desejarem boa fortuna, chegando a juntar-lhe uma pequena lembrança simbólica no seu interior e que a inculta União Europeia e os apaniguados da asai recentemente proibiram.

A Festa de Reis ou a festividade do Dia de Reis tem origem no culto católico e destina-se a comemorar a chegada dos Reis Magos ao presépio. Na gruta em que nasceu o Menino Jesus festeja-se, dessa forma, a oferta das prendas de nascimento por parte dos Reis poderosos. Isto passa-se no tempo do Rei Herodes.

“Os três Reis Magos chegaram do Oriente a Jerusalém guiados por uma estrela que os conduziu até o berço onde estava o Menino Jesus com sua mãe Maria e seu pai José, o carpinteiro”. Os Reis Magos eram o Melchior, um respeitável ancião, Gaspar, um jovem branco, e Baltazar, um homem de raça negra e barba esbranquiçada. Com a sua chegada, os Reis Magos anunciaram ao povo de Jerusalém que havia nascido o rei dos judeus em Belém. Ainda que todo o povo tenha ficado alarmado, Herodes lhe deu permissão de viajar até Belém na busca do menino.

Os três Reis ficaram alegres ao vê-lo e ofereceram seus presentes: ouro, incenso e mirra. Depois disso, regressaram a sua terra por outro caminho, com medo da reacção de Herodes. Desde então, o dia 6 de Janeiro é celebrado em muitos países pela chegada dos Reis Magos, os Três Reis do Oriente. Neste dia, é considerada uma tradição dar presentes às crianças em alternativa ao Dia de Natal.

A chegada dos Reis Magos tem lugar na noite de 5 de Janeiro, em Espanha assinalada com a chamada “Cavalgada dos Reis Magos” que traz às “calles” multidões, especialmente, a criançada que festejam, assim, aqueles que durante a noite irão colocar as prendas nas suas chaminés, nos seus sapatinhos, nas suas meias.

Neste dia, em Portugal, come-se o Bolo-Rei e, igualmente, algumas bagas de romã, com o significado de desejar felicidade.

Este é, igualmente o percurso do Presépio: o nascimento de Jesus, do Menino Jesus; a Boa Nova ao Mundo; e a chegada dos reis magos, Belchior, Gaspar e Baltazar com as oferendas simbólicas de ouro, incenso e mirra, representando a realeza, a divindade e a imortalidade do Menino Jesus, para muitos o Rei dos reis.

Entretanto, o Povo aproveita a época para dar azo à sua versatilidade, muitas vezes ao seu dizer irónico e à necessidade de dizer algumas verdades, e Canta as Janeiras e os Cânticos dos Reis, de tamanha riqueza e conteúdo social que bem merecem um estudo profundo por quem para isso tiver saberes.

Numa destas noites de invernia, sentados à mesa do café, “caturrávamos” disto e daquilo, dos usos e costumes das gentes do Povo, da tradição das nossas aldeias, mesmo daquelas mais recônditas, quando “saltou” para cima da mesa esta questão: “Seria Jesus aquela criança do Povo, filha de carpinteiro e de Maria, sem teres nem haveres familiares?”.

Se nos abstrairmos dos contos e das lendas, da imaginação e do crer, das grandes construções literárias e das traduções com origem em fontes diversas, das interpretações ao sabor da dominante temporal seria lógico que os reis do Universo, simbolizados pelos três Reis Magos, viessem de longínquas terras homenagear um menino do Povo?

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Comments:
Gostei de relembrar...
Abracinho
 
Obrigada por esta bonita partilha.
Beijos.
 
Querida Maria Teresa

É mesmo um percurso bonito... esta caminhada do Natal aos Reis.

Beijinhos.
 
Querida Paula

Esta é uma ténue retribuição às tuas poéticas partilhas.

Beijinhos.
 
Tanta mentira não é Vicktor? Onde é que os ilustres Reis visitariam um recém-nascido tão pobre, que nasce numa gruta e faz o primeiro sono numa manjedoura? Ou foram os anjos que os avisaram para tão importante acontecimento? Se foram, então é caso para perguntar porque apareciam tão frequentemente os anjos naquele tempo. Porque levaram eles sumiço, que agora ninguém os vê?

Quando referiste a lembrança que costumava vir dentro do bolo rei, lembrei-me logo do alvoroço que era em minha casa, sempre que por lá aparecia, quase por um milagre, um bolo rei. Era costume eu e os meus irmãos sentirmos uma verdadeira excitação, para saber o que seria o brinde. Umas vezes era uma pequena peça metálica que representava uma chave, do mais ordinário que podia haver, já que o revestimento que o fazia brilhar, descascava com uma enorme facilidade. Tanta expectativa e passado um bocado já andava a rebolar pelo chão. Mas aquele momento de divertida curiosidade e euforia já ninguém nos tirava. Chegávamos a espreitar os lados das fatias, na ânsia de vislumbrarmos qualquer indício de que ali se encontraria o brinde. Mais tarde os brindes de metal foram substituídos por pequenos bonecos em faiança, que passei a colocar no presépio. Actualmente não quero saber do bolo rei para nada, há bolos bem melhores!
Um beijinho.
 
Confesso que dou pouco importância aos Reis mas gostei do que li. Faz-nos pensar...
 
Querida Milu

Na ãnsia de se transformarem manifestações que o Povo entendia em ritos religiosos adequados ao poder vigente deturpou-se a tradição...

Hoje tudo é mercantilismo, para não aplicar um termo mais cru...

Mas as nossas memórias colectivas vão sabendo separar o trigo do joio.

Beijinhos.
 
Querida Sara

É simplesmente um repositório da evolução de uma tradição que realmente nos faz pensar...

Beijinhos.
 
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