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segunda-feira, junho 07, 2010

as colmeias da charneca

O “Boletim de Fontes Documentais” editado anualmente pela Câmara Municipal de Almada publicou esta “Postura da Camara da villa de Almada”, datada de 1750, e que tem o número de referência 115, e que aqui transcrevemos mantendo a grafia original:

Postura que nenhuma pessoa não arranque, nem corte matto nem cepa, nem esteva dois tiros de besta ao redor das cilhas em que estiverem colmeyas.

Acordarão os ditos officiais e homens bons e puzeram por postura que por verem o grande dano que se fazem nas colmeyas por cauza de ao redor das cilhas aonde ellas estão se arrancar cepa de esteva, e cortar matto pella qual razão vão as ditas colmeyas em muita diminuição e ha muitas menos das que antigamente havia na Charneca do termo desta villa o que he em grande prejuizo dos moradores, e muito grande dano que se recebe nas ditas colmeyas querendo a isso prover mandarão que daqui em diante nenhuma pessoa corte matto, nem arranque cepa, nem esteva dois tiros e besta, ao redor donde estiverem cilhas que tenhão colmeyas que passe de oito cortiços povoados sob penna do que o contrario fizer e se lhe provar ou for achado cortando, ou arrancando cepa, esteva, ou matto por cada ves mil reis e da cadeya, a metade para o concelho e a outra para quem o accuzar
”.

A Charneca, mais tarde Charneca de Caparica, situava-se no termo geográfico da Vila de Almada e o seu nome tem origem, sem dúvida, no facto de ser um ermo exposto ao sol forte de Verão, onde se situavam dispersas algumas quintas e um ou outro casal.

Quase todos os casais possuíam nas suas terras alguns cortiços, forma tosca de colmeia, de onde obtinham o mel, o melhor adoçante que poderiam encontrar para as malgas de café, base do almoço, como então se dizia da primeira refeição do dia.

É uso dizer-se que o mel é “gostoso e vitaminoso”. Saboreia-se todo o ano, embora muitos somente dele se lembrem nas noites frias de Inverno. É um mel de grande qualidade, por vezes com aromas de rosmaninho, de tomilho e de urze, mas é de um modo geral multiflora, pois as abelhas vão colher o pólen ao funcho, ao trevo, à acácia, ao eucalipto e ao cardo, ficando o mel com uma tonalidade dourada muito clara.

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