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segunda-feira, junho 25, 2007

cruzes afasta trovoadas

Viajar para a “Terras do Fim do Mundo” é viajar ao encontro do Portugal profundo, das gentes que mantém tradições ancestrais, que lutam por preservar as razões das suas existência “naquele lugar”. Foi com este espírito que viajámos para Piódão, aldeia beiiroa pertencente ao Concelho de Arganil e erigida no alcantilado xistoso da Serra do Açor.

“Aldeia Presépio” quando vista à noite, assim lhe chamam pela forma como foi construída as sabor do íngreme relevo das montanhas do Açor e animada com luminárias amareladas e bruxuleantes. Durante o dia a aldeia confunde-se em seus telhados de xisto com os envolventes maciços rochosos da Serra do Açor.

De entre os muitos valores do património imaterial desta aldeia tão ligada à vida comunitária registamos a colocação nas soleiras das portas de pequenas cruzes de “afasta trovoadas”.



Pequenas cruzes feitas com pedaços dos ramos de oliveira, que os fieis levam a benzer no Domingo de Ramos, são colocados em noites de tempestade sobre a soleiras ou as ombreiras das portas das habitações ou por cima do brasido das lareiras, sobre algumas folhas de louro, como protecção contra trovões e os raios, em invocação de Santa Barbara.

Contam os mais velhos que é da tradição no dia de Santa Cruz, a 3 de Maio, porem-se cruzes nos campos e nas portas pedindo a protecção a Santa Bárbara e ao Senhor, atendendo a que são frequentes nesta região as fortes trovoadas. Há quem defenda que tais cruzes são benzidas para que o sortilégio seja mais eficaz.

Acontece, e diz quem sabe, que realmente tais cruzes são bentas e atraem os benefícios celestes por serem feitas com os pauzinhos dos ramos de oliveira e com o louro que são benzidos em Domingo de Ramos.

No dia de S. Francisco de Assis, a 4 de Outubro, todos os Franciscos da região tem uma festa marcada, um encontro de todos os anos. Vêm de diversas regiões do país, muitos do estrangeiro, que sendo naturais da aldeia ou de terras vizinhas encontram-se para a Festa dos Franciscos.


A comemoração começa com uma missa às onze da manhã na pequena capela de S. Pedro, cuja imagem do padroeiro da aldeia surge em lugar de destaque no centro e por cima do pequeno altar, e segue com uma patuscada, onde não falta a chanfana de cabra velha, insubstituível iguaria da região em tempo de festar.

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